O deputado federal Neri Geller (PP-MT), um dos principais aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando o assunto é agronegócio, afirmou à Folha de S. Paulo que os empresários mais moderados do setor já começaram a ceder e estão procurando interlocução com a equipe do petista.
Neri Geller fala com propriedade. Ele é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) na Câmara e integrou o grupo que ficou encarregado de minimizar a resistência do agronegócio a Lula durante a campanha eleitoral deste ano.
Geller, que além de político é produtor rural e empresário, também foi ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no governo Dilma Rousseff. A escolha de Geller, em 2014, agradou às principais lideranças do agronegócio.
Nos bastidores, comenta-se que o deputado é um nome forte para assumir a mesma pasta no governo Lula. Uma das teses que o deputado defende no que diz respeito ao agronegócio é que, na gestão anterior, o petista viajou o mundo inteiro, abrindo o mercado para produtos nacionais.
“Eu conversei com várias lideranças. Muitas delas me ligaram. Muitas que estavam com Bolsonaro estão começando a recuar. Quando a gente sentar à mesa e mostrar o que Lula e o governo do PT fizeram pela agricultura é infinitamente maior do que o presidente Bolsonaro”, disse ele ao jornal.
O fato de na campanha eleitoral Lula ter declarado que há uma parte fascista no agronegócio, Geller disse que realmente existem alguns extremistas radicais que dificultaram o diálogo, mas que começam a ser minoria.
“Os mais moderados já estão cedendo e estão começando a conversar, como a Aprosoja [Associação Brasileira dos Produtores de Soja], Abrapa [produtores de algodão], a ABPA [de proteína animal], OCB [de cooperativas]. Estamos conversando com eles. Então esse setor vai vir para dentro. E quem não vier vai ficar para trás”, complementou.
Para Geller, passadas as eleições, o momento é de diálogo. O deputado progressista acredita que quem representa o setor e está insatisfeito, por exemplo, com o custeio, a taxa de juros a 14%, precisa sentar à mesa e reivindicar.
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