A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) realizam ato público, hoje (quarta, 5), contra o corte orçamentário de R$ 1 bilhão que atinge todas as instituições federais de ensino técnico e superior brasileiras. A Lei Orçamentária Anual (LOA) 2021 foi sancionada, com vetos, pelo presidente da República no último dia 22 de abril. A manifestação será transmitida ao vivo pelo canal da UFPE no YouTube (https://www.youtube.com/ufpeoficial), a partir das 15h. Participam os reitores Alfredo Gomes (UFPE), Marcelo Carneiro Leão (UFRPE) e José Carlos de Sá (IFPE), que vão falar do impacto dos cortes em cada instituição de ensino.
A redução no orçamento discricionário das instituições de ensino técnico e superior federais para 2021 representa aproximadamente 19% na comparação com o ano passado. Na UFPE, o corte é da ordem de R$ 30 milhões. Assim, o orçamento da Universidade cai de R$ 160 milhões, em 2020, para R$ 130 milhões, em 2021 – uma redução de 18,96%. Além desses recursos, a UFPE teve R$ 4 milhões vetados no momento da sanção da LOA.
Para o reitor da UFPE, Alfredo Gomes, “é fundamental o investimento público em educação, ciência e tecnologia para a soberania nacional, pela relação direta com a melhoria da qualidade de vida das pessoas e das condições sociais de existência. As ações da educação superior, através do ensino, pesquisa, extensão e assistência à saúde, impactam no desenvolvimento regional e nacional, no cenário de oportunidades, inclusive para as cidades do interior. A democratização da educação superior, inclusiva, gratuita e de qualidade ainda está em curso, muito temos a conquistar na perspectiva do direito e das políticas públicas. É preciso recompor o orçamento das universidades. Neste grave momento que atravessamos frente à pandemia, a universidade pública mantém-se dando respostas cotidianas, comprometida com a ciência, com a sociedade e a proteção da vida”.
“Cabe destacar que, além da redução no orçamento, apenas parte dele está disponível. Dos recursos previstos na LOA 2021, cerca de R$ 56 milhões (43%) estão à disposição da UFPE, este ano, e R$ 74 milhões (57%) são condicionados à aprovação legislativa”, explica o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFPE, Daniel Lago.
Na prática, a queda no orçamento discricionário afeta diretamente o custeio das despesas relacionadas ao funcionamento da instituição. Esses recursos são utilizados nos contratos terceirizados, fornecimento de energia elétrica e água, compras de materiais (de expediente a insumos para pesquisa), assistência estudantil, bolsas, editais de fomento, contratação de serviços, obras e outros.
O orçamento aprovado para este ano prejudica substancialmente a manutenção da UFPE e, por consequência, os investimentos em ensino, pesquisa, extensão e inovação. “O orçamento previsto é insuficiente para nosso funcionamento e o impacto na assistência estudantil aprofundará ainda mais as vulnerabilidades socioeconômicas, somadas ao contexto de pandemia da Covid-19 que enfrentam os estudantes e suas famílias”, afirma o vice-reitor Moacyr Araújo, que também irá participar do ato.
A LOA 2021 foi aprovada no dia 25 de março pelo Congresso Nacional. O presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei, com vetos, no dia 22 de abril. A publicação no Diário Oficial da União (DOU) aconteceu em 23 de abril.
“As instituições federais de ensino são patrimônio estratégico de toda a sociedade. Precisamos reunir as pessoas e construir a unidade em torno desta pauta”, finalizou o reitor Alfredo Gomes.
Em novo artigo, Armando Monteiro fala da força e do potencial do Nordeste para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. O ex-senador explica que o novo modelo de desenvolvimento exige uma política de Estado conectada com a realidade da região. Leia a íntegra:
Nordeste, uma agenda renovada
ARMANDO MONTEIRO NETO
As desigualdades regionais no Brasil são persistentes. A participação média do PIB do Nordeste em relação ao nacional no período de 2010 a 2018 foi inferior a 14%. No mesmo período, o Nordeste tem um produto per capita que corresponde à metade do Brasil e a 1/3 do Sudeste. Esses percentuais têm se mantido por décadas com pequenas oscilações, a despeito da contribuição de políticas que promoveram uma relativa desconcentração espacial da indústria entre 1970/85 e do uso intensivo de incentivos fiscais de ICMS para atração de investimentos a partir dos anos 90.
Esse repertório de políticas e instrumentos tradicionais revela claros sinais de esgotamento, seja por limitações fiscais, ou pela constatação da baixa efetividade dos mesmos, em face das mudanças estruturais ocorridas nos últimos anos. Portanto, é preciso repensar o desenvolvimento regional em novas bases cujo desafios se alargaram em função dos efeitos da pandemia que nos legou no final de 2020 uma taxa de desemprego bem acima da média nacional (17,2% contra 13,9%) e uma maior dependência de políticas de transferência direta de renda.
Nesse sentido, defendemos uma política nacional em articulação com os entes subnacionais que possa orientar os esforços na promoção dos fatores determinantes da competitividade sistêmica: capital humano/desenvolvimento de habilidades e novas competências, infraestrutura/logística/conectividade/inclusão digital, inovação e sustentabilidade sócio ambiental.
A transição para o novo modelo de desenvolvimento exige uma política de Estado conectada com a nova realidade. Nessa nova economia, o Nordeste já demonstrou imenso potencial em energias renováveis. Na área eólica, respondemos por 85% da capacidade instalada do País. Precisamos ampliar a inserção dos nossos jovens, estimulando o empreendedorismo inovador. As startups assumem inegável protagonismo e crescem mesmo na crise.
O nosso modelo do Porto Digital é referência que deve ganhar escala regional. Os desafios na área social são imensos, mas precisamos investir em nossas crianças. O Nordeste perde para regiões mais desenvolvidas em todos os níveis de ensino básico na rede pública, mas há bons e promissores exemplos como os do Ceará, onde quase 100% das escolas públicas municipais atingiram a meta do Ideb em 2019 nos anos iniciais do ensino fundamental. O desenvolvimento regional tem que estar no centro da agenda do País, não apenas por um imperativo de justiça.
Armando Monteiro Neto, ex-senador e ex-Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Crédito: Ricardo Labastier, imagem feita antes da pandemia
Após mais de um ano de pandemia no Brasil, o Ministério da Educação lançou o Painel de Monitoramento da Educação Básica no Contexto da Pandemia. A plataforma disponibiliza dados sobre a situação sanitária do país para auxiliar dirigentes municipais, secretários estaduais de educação e diretores escolares na tomada de decisões dentro do agravamento da Covid-19.
As informações apresentadas no painel foram coletadas nas bases de dados oficiais educacionais e sanitárias, com o auxílio dos dados de redes de ensino públicas. A plataforma mostra ao usuário o número de matrículas, escolas e turmas, a quantidade de docentes e mapas e gráficos que ilustram informações importantes que envolvem os temas da educação e da pandemia.
Um dos destaques do painel é o quadro que exibe a quantidade de casos da Covid-19 a cada mil estudantes. A capital do país lidera o ranking, com 572 casos de infecção pelo novo coronavírus no Distrito Federal a cada mil alunos. Roraima e Santa Catarina seguem o ranking de contaminações na segunda e terceira posição, respectivamente.
O painel foi lançado por meio da por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB), que avalia a plataforma como útil para comunicar gestores e também a sociedade sobre os problemas enfrentados pela educação básica no contexto dessa pandemia.
A Prefeitura de Caruaru, através da Fundação de Cultura (FCC), entregou, na manhã desta terça-feira (4), cerca de 700 peças doadas em contrapartida dos recursos da Lei Aldir Blanc. As obras de artesãos do Alto do Moura foram distribuídas para instituições filantrópicas do município, que poderão também comercializar as mesmas e reverter a renda para manutenção dos serviços e dos espaços.
Foram beneficiadas instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Caruaru; Casa dos Pobres; Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA) e a Liga Feminina de Combate ao Câncer. “A orientação técnica da Fundação de Cultura foi de que a gente destinasse as peças às instituições para que elas pudessem utilizar ou comercializar. Pedimos que os artistas dissessem o valor mínimo de cada peça e, daqui para frente, a responsabilidade é de cada instituição”, destacou o presidente da FCC, Rubens Júnior.
“Nós costumávamos fazer duas festas por ano e o dinheiro arrecadado era para manter a nossa casa de apoio. Com a pandemia, isso não foi possível acontecer. A ideia foi brilhante. Deus abençoe a todos vocês e a todos os artesãos que tiveram essa iniciativa de ajudar a todos nós. Muito obrigado de coração”, pontuou a presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer, Irandy Alves Leonel.
“A dificuldade está presente em todos os segmentos. Diante de tudo isso, vocês tiveram essa iniciativa, essa sensibilidade de presentear as instituições com um ato tão nobre. A gente tem uma cultura muito rica e ela é extremamente valorizada. Então é algo muito sensível e a gente agradece muito de lembrar de todos nós”, finalizou a coordenadora dos voluntários do ICIA, Cynthia Alves.
Obras expostas
No Espaço Cultural Tancredo Neves, quem está indo para a vacinação tem a oportunidade de passar por algumas das obras de contrapartidas da Lei Aldir Blanc, que estão expostas temporariamente.
O Instituto do Câncer Infantil do Agreste, o Icia, é uma das instituições que podem ser beneficiadas com a destinação de parte do imposto devido, dentro da declaração do Imposto de Renda da Receita Federal. O prazo para a declaração Pessoa Física está chegando ao fim, vai até dia 31 de maio. Por isso, a instituição vai promover uma Live para tirar dúvidas sobre o processo de destinação.
Para quem ainda não declarou o Imposto de Renda é uma oportunidade de entender melhor esse processo e ajudar as crianças e adolescentes com câncer. Para quem já declarou ainda dá tempo de retificar a declaração e fazer a destinação.
A Live está marcada para a próxima quinta-feira, dia 06, às 19h. A transmissão será realizada através das redes sociais do instituto. No canal Icia Agreste no YouTube, no @iciagareste no Instagram, e no Facebook Icia Agreste.
Os convidados são Rafael Casimiro, Delegado da Receita Federal em Caruaru, Manuel Morais, Delegado Adjunto da Receita Federal em Caruaru, e Deyvson Queiroz, Presidente da Associação dos Contabilistas de Caruaru e Agreste de Pernambuco / Accape. Eles estarão ao vivo conversando com o jornalista Wesley Santos, além de participações especiais de Fernando Júnior, Presidente da OAB Caruaru, Dorgivânia Arraes, Presidente da CRCPE, e Jefferson França, Contador e Voluntário do Icia.
O Icia é uma instituição que mantém gratuitamente atendimento médico e multidisciplinar para crianças e adolescentes com câncer, recebendo pacientes de todo agreste de Pernambuco e até demandas de outras regiões do país. Mas conta, exclusivamente, de doações da população para poder continuar ofertando os serviços. São 17 anos de uma luta diária que não pode parar, poiso câncer não espera.
Impulsionar o crescimento das micro e pequenas indústrias pernambucanas: essa é a proposta do Programa Minha Indústria Avançada – MinA, iniciativa conjunta do SENAI-PE e do SEBRAE-PE. Por meio da adoção de tecnologias de baixo custo da Indústria 4.0 e de consultorias, o projeto pretende alavancar a produtividade de indústrias de todo o Estado ao longo dos próximos três anos. O lançamento oficial do programa está marcado para o próximo dia 6, às 19h, com transmissão pelo canal do YouTube do SENAI-PE. Direcionado para o setor produtivo, o evento contará com a presença do presidente do Sistema FIEPE e do Conselho Regional do SENAI-PE, Ricardo Essinger, e do diretor Superintendente do SEBRAE-PE, Francisco Saboya. O encontro contará, ainda, com palestra sobre “Inovação e Tecnologia na Indústria 4.0”, ministrada pelo ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Em linhas gerais, o Programa MInA consiste na instalação de sensores nas linhas de produção das indústrias, que, por meio de tecnologias como computação em nuvem e internet das coisas (IoT), são capazes de mensurar, em tempo real, informações como quantidade produzida e descartada e tempo de parada de máquinas, números que geram indicadores importantes para a gestão produtiva e acompanhamento da eficiência da empresa.
Todos esses dados são enviados para uma plataforma e servem como subsídio para os consultores especializados do SENAI-PE, que empregam ferramentas do lean manufacturing para garantir a melhoria contínua da produção. O software utilizado no projeto foi desenvolvido em Pernambuco, pelo Instituto SENAI de Inovação para Tecnologias da Informação e Comunicação (ISI-TICs).
Dentro do programa, as empresas arcarão com a instalação dos equipamentos necessários para a sensorização da linha de produção e com 30% do valor das consultorias e do software. Os 70% restantes serão custeados pelo SEBRAE-PE. Ao todo, o programa tem capacidade para atender mil indústrias até 2023. “O principal objetivo dessa parceria é garantir que o setor produtivo pernambucano esteja inserido nesse novo cenário tecnológico, o que resultará no aumento da produtividade e da competitividade das nossas indústrias, algo essencial nesse contexto que estamos vivenciando”, explica a diretora regional do SENAI-PE, Camila Barreto.
Para se ter ideia, a adoção dessa metodologia em um programa-piloto realizado pelo Departamento Nacional do SENAI com 43 indústrias conseguiu alavancar em 22%, em média, a produtividade dos negócios avaliados, distribuídos em 24 estados do País. Em Pernambuco, o piloto foi feito na Docile Nordeste, fábrica de doces localizada em Vitória de Santo Antão, que percebeu um aumento de 6% em sua produtividade, já bastante alta. Hoje, o MInA está implantado em mais de 100 indústrias.
SERVIÇO
Lançamento oficial do Programa Minha Indústria Avançada – MinA
Data: 6 de maio, às 19h, com transmissão pelo YouTube do SENAI-PE
Com o Dia das Mães chegando, sempre tem o outro lado que envolve esta data comemorativa, com o luto e a saudade dos filhos que já não tem mais suas mães. Do ponto de vista teórico e técnico, o assunto da parentalidade exige uma contextualização e definição antes de adentrar esse campo. Para falar sobre a perda de uma mãe, precisamos compreender que “mãe” é uma palavra que se constrói não como um adjetivo pessoal, mas como inscrição e nomeação diante de uma relação, como esclarece a professora do curso de psicologia do UniFavip, Deysiane Macêdo.
“A existência de uma mãe pressupõe um outro, um filho que, reciprocamente, a adote neste lugar. Sim, adoção é um fenômeno essencial na parentalidade, independentemente de haver laço consanguíneo ou não. É necessário que a mãe adote o filho como depósito de seu amor e prontidão, e que o filho a adote como colo e sustentação. Então aqui falamos da maternidade de forma abrangente, compreendendo “mãe” como figura de acolhimento e ponto de formação, sem obrigação biológica ou de gênero. Como popularmente se diz, a mãe a qual nos referimos é “a que cria”, explica a docente, que complementa.
“E o que é essa criação? Para a psicanálise, seria justamente esse colo. Um seio, no sentido metafórico, que nutre o sujeito, seja no cuidado de suas necessidades básicas, seja nutrindo-o de amor. Ser mãe envolve uma modelação, uma sustentação e uma apresentação dos objetos que formam esse mundo. A maternidade se bem exercida, promoverá um sujeito autônomo, independente e capaz de desejar por si só”, explana.
Mas além das funções básicas da maternidade na infância, há também uma extensão dessa relação até a fase adulta dos sujeitos. Essa mãe deixa de ser uma necessidade natural de sobrevivência, mas segue na construção de uma relação de confiança, presença e, porque não dizer, de amizade. Onde, mesmo havendo independência do sujeito, essa mãe ainda é referência de segurança e ponto de fortalecimento nos momentos mais emblemáticos da vida.
“Para falar sobre a morte de uma mãe, vale primeiro se questionar sobre o tipo de morte referido. Essa perda é uma morte física e concreta? Ou trata-se de uma morte simbólica, de uma rejeição ou abandono? São inúmeras possibilidades. Também devemos compreender em que momento do desenvolvimento essa perda ocorreu. É possível que este luto se elabore por vias naturais, mas também encontramos muitos casos, nos quais se faz necessário um acompanhamento profissional, como a psicoterapia. Há também a importância do apoio das redes relacionais, ou seja, da família, amigos e trabalho”, finaliza Macêdo.
Polícia Federal em Pernambuco deflagra Operação BACKGROUND de combate à prática de crimes tributários, financeiros, contra a organização do trabalho, de fraude à execução, de lavagem de dinheiro e de constituição de organização criminosa.
A Polícia Federal em Pernambuco deflagrou na manhã de hoje (05/05/2021), a Operação Background com a finalidade de dar cumprimento a 53 (cinquenta e três) mandados de busca e apreensão, além do sequestro e bloqueio de bens e valores de investigados, todas as ordens determinadas pelo Juízo da 4ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco.
Ao todo, mais de 240 Policiais Federais cumprem as medidas judiciais nos Estados de Pernambuco, São Paulo, Amazonas, Pará e Distrito Federal.
A investigação, que conta com o apoio da Receita Federal do Brasil e da Procuradoria Regional da Fazenda Nacional – 5ª Região, apura a prática de crimes tributários (art. 1º, I, e art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90), financeiros (art. 16 da Lei nº 7.492/86), de fraude à execução (art. 179 do Código Penal), contra a organização do trabalho (art. 203 do Código Penal), de organização criminosa (art. 2º da lei 12.850/2013) e de lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei 9.613/98), por parte de integrantes de um dos maiores Grupos Empresariais do Nordeste, com atuação em âmbito nacional.
Os investigados se organizaram em um sofisticado esquema contábil-financeiro para desviar o patrimônio das empresas do grupo, transferindo-o para os seus sócios e interpostas pessoas (“laranjas”), com a finalidade de elidir tributos e direitos trabalhistas de centenas de empregados, causando um prejuízo aos cofres públicos e aos trabalhadores apurado em aproximadamente R$ 8.644.641.483,69 (oito bilhões, seiscentos e quarenta e quatro milhões, seiscentos e quarenta e um mil, quatrocentos e oitenta e três reais e sessenta e nove centavos).
Além da colheita de elementos de materialidade e indícios de autoria, a equipe de investigação busca, nessa fase do trabalho de apuração, recuperar o patrimônio desviado e ocultado pelos investigados, com o objetivo não só de reparar o dano patrimonial causado aos cofres públicos, através dos débitos tributários já constituídos, mas principalmente, liquidar os créditos trabalhistas de centenas de empregados do Grupo Empresarial.
Com grande parte de suas atividades paralisadas após o esvaziamento patrimonial criminoso, as empresas do grupo investigado deixaram centenas de trabalhadores sem receber salários e outros direitos trabalhistas, sendo um dos objetivos da investigação permitir que essas famílias de trabalhadores recuperem os seus direitos por meio da Justiça do Trabalho, que inclusive já os reconheceu formalmente.
O nome da operação faz referência à forma de ocultação patrimonial empregada pela organização criminosa, criando empresas paralelas, com sócios aparentes, para receber o patrimônio do grupo empresarial, com a finalidade de impedir o pagamento dos créditos trabalhistas e tributários, garantindo que o patrimônio permaneça com seus gestores – Background – conjunto de condições que omitem a realidade.
Mesmo com o período de isolamento e as restrições impostas pela pandemia de covid-19, como o cancelamento de eventos, festas, casamentos e aniversários, os produtores e comerciantes do setor de flores seguem se reinventando para se adaptar aos novos tempos.
Com a chegada do “Dia das Mães”, principal data do setor, e com a flexibilização das medidas restritivas, o otimismo está de volta. É o que espera a empresária Regina Bazani, sócia-proprietária da Mil Plantas, que além de uma loja, tem três boxes na Feira de Flores da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp).
“Para este ano, nossa previsão é recuperar a lacuna de 2020 por causa da pandemia, onde tivemos queda de 50% nas vendas em relação a 2019. Por isso, estimamos recuperar a perda do ano anterior e estamos bastante confiantes que alcançaremos o aumento de 50% em relação a 2019”, diz a empresária.
As vendas estão aquecidas nas cooperativas e regiões produtoras, e a expectativa de maior demanda nos dias que antecedem o Dia das Mães promete gerar grande volume de negócios.
“No ano passado estivemos nessa época no ápice da pandemia, e o setor não funcionou praticamente o mês de abril inteiro. Com a indefinição sobre a essencialidade do setor, não produzimos informações em abril e maio de 2020. Este ano, a expectativa é muito positiva. O setor deve movimentar cerca de 800 toneladas, gerando um valor perto de R$ 20 milhões”, afirmou o economista da Ceagesp Flávio Godas.
Mães e flores
A rosa costuma ser a campeã de vendas nesta época, principalmente a vermelha, que simboliza o amor verdadeiro. Mas, há outras bonitas opções que podem agradar e emocionar as mães.
Orquídea: com traços de requinte, também é uma das mais vendidas para presentear as mães. Simboliza beleza e vida longa.
Girassol: de cor intensa e marcante, representa alegria, vitalidade, energia positiva e felicidade, sendo um presente ideal para as mulheres fortes.
Margarida: delicadas, simbolizam alegria, sensibilidade e inocência e combinam com as mães mais sensíveis.
Flor de Maio: pertencente à família dos cactos, é delicada e representa o amor sublime.
Gérbera: de cores vibrantes, encanta pela sua exuberância. Combina com mães extrovertidas.
Violeta: delicada, simboliza lealdade e desperta lindas memórias.
Na Feira de Flores da Ceagesp há também uma variedade de acessórios para dar a quem quer incentivar a mãe a começar a ter um jardim ou uma horta. São várias opções de presentes originais dentro da jardinagem.
Entre sons, letras, teclas, botões, ligações e conexões, o fio invisível do tempo interliga os caminhos tecnológicos das telecomunicações no Brasil. Foi pelo avanço dos meios e das plataformas que a garantia de cidadania em um país do tamanho de um continente se tornou mais visível, ainda que não possamos enxergar as ondas eletromagnéticas, como ocorrem as conexões digitais ou as “nuvens” que passaram a armazenar a recordação do tempo.
Diretamente da era digital, nem mesmo rádios ou jornais têm mais o mesmo jeitão de antes. Telégrafos, máquinas de escrever ou telefones com discos entraram para a história, que é aquele museu imenso que chamamos de memória. Agora, ficam próximas aos bicos de pena, os instrumentos para escrever cartas que demoravam meses para chegar ao destino. Nesta semana, em que há o dia das comunicações (5 de maio), pesquisadores entrevistados pela Agência Brasil explicam que os marcos temporais no Brasil tiveram características peculiares, que ajudaram a reduzir as distâncias e transformar a história do país.
Pesquisador da história da comunicação, o professor Pedro Aguiar, da Universidade Federal Fluminense (UFF), alerta que a evolução tecnológica pode ser significada mais pelo acréscimo do que pela substituição. “Não é porque um meio começa que o outro some. Assim ocorreu com o rádio depois do surgimento da televisão”, exemplifica o pesquisador.
O professor Pedro Aguiar esclarece que historicamente as comunicações relacionavam-se aos caminhos que as informações percorriam geograficamente. “Até o telégrafo elétrico, comunicação era sinônimo de transporte. Para se comunicar a distância, era necessário que a pessoa levasse consigo ‘a coisa’ em si. No jornal ou uma tabuleta de pedra, o que fosse, seria necessário transportar. Até ter a separação entre meio e mensagem, isso era a comunicação”, afirma.
Para a professora Thaïs Mendonça Jorge, pesquisadora em história da comunicação na Universidade de Brasília (UnB), uma questão que precisa ser observada é que a notícia se acelerou com o avanço dos meios de transporte. Outra ruptura do que significa a comunicação ocorreu entre o final do século 20 e início dos anos 2000, da fronteira do analógico para o digital, do linear, para o não-linear.
No princípio…
Pesquisadores divergem da ideia de que a carta de Pero Vaz de Caminha (leia aqui)(escrita entre 26 de abril e 2 de maio de 1500, mas tornada pública somente em 1817) seria o marco inicial das comunicações no Brasil. “Não considero como marco inicial porque, antes, havia comunicação. Não podemos ignorar o potencial comunicativo no período pré-cabralino, ainda que os povos indígenas fossem ágrafos”. Ele explica que os moradores do país antes da chegada dos europeus e colonização encontraram suas próprias formas de interação.
Confira material da EBC sobre a Carta de Caminha
O pesquisador aponta que as comunidades tinham os pajés, por exemplo, que eram comunicadores ativos entre as aldeias. Ele entende que a comunicação oral entre grupos continua fundamental em muitas comunidades ainda hoje, principalmente nas cidades menores. Além disso, os registros rupestres e de sinalizações foram marcas da comunicação antes da chegada dos portugueses.
Para a professora Thaïs de Mendonça Jorge, é necessário considerar que as cartas de Américo Vespúcio, no início do século 16, sobre o Novo Mundo, ficaram conhecidas em 1504, o que seria a primeira publicação relacionada ao Brasil.
No período colonial, as cartas entre Brasil e Portugal, que viajavam nos navios, traziam e levavam as “novidades” que demoravam mais de três meses, como está registrada nas agitações dos acontecimentos pré e pós independência (confira reportagem da Agência Brasil sobre o tema).
Impressos
Uma grande novidade do início do século 19 foi a publicação de dois jornais em 1808: o Correio Braziliense (impresso em Londres em junho daquele ano) e a Gazeta do Rio de Janeiro (o primeiro publicado no Brasil, em 10 de setembro).
Thais de Mendonça Jorge explica que a Gazeta do Rio de Janeiro fazia as funções de um diário oficial, passava obrigatoriamente pela aprovação do governo, enquanto que o Correio era destinado ao “grande público”.
Mas como a maioria da população era analfabeta e os veículos, caros, difíceis de encontrar e em linguagem não-popular, tratou-se de um veículo para poucos. As revistas também surgiram nesse início de século 19. “Mesmo quando se tornou industrializada, a imprensa nunca foi de massas como rádio e TV”, afirmou Pedro Aguiar.
Confira programa Caminhos da Reportagem sobre o impacto do rádio para a Amazônia
Novos parâmetros
O primeiro veículo a promover o tempo real foi o telégrafo, veículo que chegou ao Brasil em 1857. “Em pouco tempo, o telégrafo foi um veículo que se espalhou pelo mundo. O rádio começou como radiotelégrafo. Nosso pioneiro, Landel de Moura, também fazia experiência por sinais. A TV é uma filha entre o rádio e o teatro. A linguagem de TV no Brasil recebeu muito mais influências do teatro do que dos cinemas. E os gêneros do rádio influenciaram decisivamente”, afirma o professor. Ele explica que o rádio continua, hoje, com a mesma função social, mas com ouvintes também pelo celular.
Rádio, veículo centenário, continua a fazer diferença no país continental – Marcello Casal jr/Agência Brasil
A professora Thaïs de Mendonça Jorge entende, por exemplo, que foi graças ao telégrafo, que houve uma organização para a prática do jornalismo. “As redações passaram a se estruturar”, afirma a pesquisadora.
Os telégrafos elétricos tiveram a primeira linha experimental em 1952, no Rio de Janeiro. “Era da casa do Imperador ao Comando do Exército. A invenção do aparelho foi em 1837 e chegou 15 anos depois no Brasil. O país não demorou para testar suas novas tecnologias”. Não demorou também para que o telefone fosse trazido. O cientista Alexander Graham Bell apresentou para Dom Pedro II, em 1876, o aparelho. “Meu Deus, isto fala!”, teria exclamado o governante brasileiro. O imperador fez questão de testar o aparelho do Rio de Janeiro.
Outro aparelho que surpreendeu, no início do século 20, foi o rádio, que chegou com voz no Recife, em 1919, uma cidade que teve importante papel na comunicação brasileira. A primeira transmissão oficial de rádio é de 7 de setembro de 1922. Em relação à TV, o Brasil foi o terceiro país a ter transmissão contínua, depois apenas dos Estados Unidos e México.
Confira como foi a primeira transmissão de rádio em programa da TV Brasil de 2012:
Mas, voltando ao século 19, os pesquisadores entendem que o telégrafo (veja linha do tempo abaixo) teve expansão estratégica durante a Guerra do Paraguai (1864 – 1870), com linhas do Rio de Janeiro até a fronteira Sul do país. “Quando acabou a guerra, as linhas subiram para o Norte. Em 1873, chegou a Belém”, explica Pedro Aguiar.
Em 1874, o litoral estava completamente conectado. Os caminhos de comunicação tiveram essa função de comunicação com o teatro de operações, mas também ao ativar demandas nacionais, como integração e comércio. “O governo implantou implantou uma norma de regulação que, em toda concessão de ferrovia, obrigava-se que a empresa deveria implantar redes de telégrafo”, sublinha o pesquisador.
O tempo real ganhou novo significado com a integração das plataformas pela internet. Primeiro, ganhou corpo no campo dos serviços e depois chegou à mídia. Os pesquisadores entendem que o Brasil ainda vai viver um processo de digitalização de tudo o que é analógico, inclusive no campo dos serviços, por algumas décadas. “Como o custo de produção nesse cenário é mais baixo, de fato a tecnologia se popularizou”.
Mas um desafio, segundo avaliam pesquisadores, sempre foi superar as desigualdades regionais e sociais, inclusive expostas durante a pandemia de covid-19. “As tecnologias espalharam-se pelas metrópoles, para o litoral e só depois no interior”. Os pesquisadores entrevistados explicam que, às vezes, porém, até dentro das próprias cidades há dificuldades de conexão entre bairros próximos. A internet, acompanhada de suas modernas possibilidades de expansão, viabiliza informação, estudo, trabalho e boas-novas desde o tempo em que só havia uma carta.