Cerca de 4 milhões abandonaram estudos no País na pandemia, diz pesquisa

Em 2020, ano marcado pelo novo coronavírus, quarentena e interrupção de aulas presenciais, 8,4% dos estudantes com idade entre 6 e 34 anos matriculados antes da pandemia informaram que abandonaram a escola no Brasil.

O percentual representa cerca de 4 milhões de alunos, montante superior ao da população do Uruguai.

Questões financeiras e falta de acesso a aulas remotas estão entre os principais motivos do abandono e o problema é maior entre os mais pobres.

As informações são de pesquisa do Instituto Datafolha, sob encomenda do C6 Bank, e obtida pela reportagem.

Essa é a primeira sondagem que mostra o impacto da pandemia na permanência de estudantes em escolas e faculdades. A divulgação das estatísticas oficiais ainda leva mais tempo.

O Datafolha realizou 1.670 entrevistas, por telefone (com estudantes ou responsáveis), entre os dias 30 de novembro e 9 de dezembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e os resultados têm confiabilidade de 95%.

O pior índice de abandono é registrado entre os que estavam matriculados no ensino superior, com taxa de 16,3%.

Na educação básica, 10,8% dos estudantes do ensino médio informaram ter largado os estudos, e o percentual ficou em 4,6% no fundamental.

As taxas são bastante superiores aos índices oficiais de abandono registrados na educação básica do Brasil, que, por sua vez, já são altos. Em 2019, ano do último dado oficial disponível, o índice médio no ensino fundamental foi 1,2% e, no ensino médio, de 4,8%.

O país acumula 26,9 milhões matrículas no ensino fundamental e 7,5 milhões no médio, segundo os dados do MEC (Ministério da Educação). São 8,6 milhões de matrículas de nível superior.

A amostra da pesquisa do Datafolha guarda relação com a realidade educacional brasileira. Mais de 80% dos estudantes dos ensinos fundamental e médio eram de escolas públicas e, no superior, mais de 70% estavam no setor privado.

Na universidade, 42% daqueles que abandonaram o fizeram por falta de condições de pagar as mensalidades. Já na educação básica a precariedade da manutenção de aulas aparece como principal motivação para largar os estudos.

Ter ficado sem aulas surge como explicação do abandono para quase um terço dos estudantes matriculados no ensino fundamental (28,7%) e médio (27,4%).

A maior proporção, sob este motivo, foi registrada entre crianças e adolescentes de 11 a 14 anos (faixa ideal para os anos finais do fundamental, entre o 6º e 9º anos).

O aumento do abandono escolar em meio à pandemia tem sido uma das maiores preocupações por causa da quebra de vínculo entre alunos e escolas causada pela quarentena.

A desigualdade se impôs como um desafio ainda maior. A taxa média de abandono apurada pela pesquisa é de 10,6% nas classes D e E, contra 6,9% na classe A.

Escolas e faculdades passaram a interromper atividades presenciais em março do ano passado. O ano foi marcado pela ausência do MEC do governo Jair Bolsonaro (sem partido) no apoio às ações educacionais de estados e municípios, que concentram as matrículas.

Mais de 6 milhões de estudantes de 6 a 29 anos não haviam tido acesso a atividades escolares durante outubro. Segundo a pesquisa Pnad Covid-19 do IBGE, divulgada em dezembro, isso representa 13,2% dos estudantes dessa faixa etária.

Até o meio do ano passado 2 em cada 10 redes públicas de ensino não contavam com planos para evitar a perda de alunos, segundo estudo do comitê de Educação do Instituto IRB (Rui Barbosa), que agrega tribunais de contas do país, e do centro de pesquisas Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional).

Entre os que largaram os estudos, 17,4% dizem não ter intenção de retornar neste ano. A taxa sobe a 26% dos que estavam no ensino médio.
Chama-se de evasão essa situação em que um aluno deixa os estudos em um ano e não se matricula no seguinte. O dado oficial mais recente, de 2017-2018, registra uma evasão média de 2,6% no ensino fundamental e 8,6% no médio.

Em 2019, havia 88,6 mil crianças e jovens de 6 a 14 anos fora da escola. Entre jovens de 15 a 17 anos, faixa etária ideal para o ensino médio, eram 674,8 mil excluídos do sistema educacional (7,6% dessa população).

Para Cezar Miola, presidente do comitê técnico da Educação do IRB, o combate ao abandono e à evasão exige um esforço conjunto de governos, redes de ensino, profissionais de educação e órgãos de controle.

“Percebemos muito empenho e dedicação no ano passado, mas foi insuficiente”, diz Miola. “Parte dos problemas que levam ao abandono é que houve verdadeira desconexão da família com a escola, e esse ponto-chave casa com investimentos adequados.”

A Unicef tem um projeto de busca ativa de evadidos. Entre 2017 e 2019, a iniciativa, em parceria com mais de 3.000 prefeituras, conseguiu chegar a 80 mil crianças e jovens que estavam fora da escola -no ano passado, foram 40 mil.

“O cenário é absolutamente preocupante, corremos o risco real de ter uma grande quantidade de crianças e adolescentes fora da escola”, diz Ítalo Dutra, chefe de Educação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Dutra afirma ser necessário uma ação coordenada e focada, com o entendimento de que ter crianças e adolescentes fora da escola representa a violação mais extrema do direito à educação. O que implica, diz ele, que outros direitos podem estar sendo violados, como acesso à saúde, proteção à violência e segurança alimentar.

“Nos últimos dois anos não há coordenação efetiva do MEC para essas ações”, diz. “Precisamos ter uma busca ativa, saber o que está acontecendo e atuar com toda rede de proteção.”

“Precisa rematricular e ver fatores de risco para abandonar de novo, por isso todo o sistema de proteção tem de estar funcionando articulado”, afirma Dutra.

Questionado, o MEC não respondeu à reportagem sobre o que fez ou pretende fazer para lidar com a situação.

O levantamento sobre abandono escolar faz parte de uma série de pesquisas encomendadas pelo C6 Bank para entender os impactos da pandemia no Brasil.

Folhapress

Jovem é assassinado a tiros em Caruaru

O quinto homicídio registrado, em 2021, na Capital do Agreste, ocorreu, neste sábado (23), na Rua da União, no Bairro Centenário, tendo como vítima um homem ainda sem identificação. O corpo do jovem foi encontrado ao lado de uma motocicleta e um capacete.

De acordo com o levantamento cadavérico do Instituto de Criminalística, o homem foi assassinado a tiros. A suspeita é que ele tenha sido assassinado devido ao seu suposto envolvimento com drogas.

O corpo dele foi encaminhado ao IML.

Morre icônico jornalista dos EUA Larry King, de Covid-19

O icônico jornalista americano Larry King morreu neste sábado (23), aos 87 anos – informou sua empresa, a Ora Media.

A causa de seu falecimento não foi divulgada, mas, segundo vários jornais, Larry lutava há semanas contra a covid-19. O jornalista teve vários problemas de saúde nos últimos anos.

Com suas famosas tiradas e seus óculos pretos, King era conhecido por seu programa de entrevistas à rede CNN “Larry King Live”, conduzido por ele por 25 anos.

“Durante 63 anos e em plataformas como rádio, televisão e meios digitais, as milhares de entrevistas, prêmios e reconhecimento global a Larry são um testamento de seu talento único e duradouro como comunicador”, diz o comunicado da Ora Media divulgado no Twitter.

A longa lista dos entrevistados por King inclui todos os presidentes dos Estados Unidos desde 1974, líderes como Yasser Arafat, ou Vladimir Putin, e celebridades como Frank Sinatra, Marlon Brando e Barbra Streisand.

A última transmissão de “Larry King Live” foi em 2010, um programa emocionante com homenagens como, por exemplo, a do então presidente Barack Obama, que o considerava “um gigante da comunicação”.

Assim que se soube da notícia de sua morte, começaram a chegar homenagens da mídia, da política e do mundo do cinema de Hollywood.

Entrevistado por diversas ocasiões por King, o presidente russo, Vladimir Putin, saudou a memória e “grande profissionalismo” do jornalista, anunciou o Kremlin.

“O presidente sempre apreciou seu grande profissionalismo e sua autoridade jornalística indiscutível”, afirmou o porta-voz do chefe de Estado russo, Dmitri Peskov, de acordo com a agência de notícias Ria Novosti.

Putin elogiou seu “grande profissionalismo e autoridade jornalística inquestionável”, acrescenta o comunicado do Kremlin.

A correspondente da CNN Christiane Amanpour se referiu a ele como “um gigante da comunicação e um mestre da entrevista com celebridades, ou chefes e chefas de Estado”.

Ela acrescentou: “Seu nome é sinônimo de CNN e foi vital para o crescimento da rede. TODOS queriam estar no Larry King Live. Que ele descanse em paz.”

A figura de “Star Trek” e das redes sociais George Takei destacou que King entendia “o triunfo e a fraqueza humana, igualmente”, enquanto a atriz Kirstie Alley, famosa pela série “Cheers”, dizia que ele era “um dos poucos apresentadores de ‘talk show’ que deixavam você falar”.

Amor pelo rádio

Nascido Lawrence Harvey Zeiger, em 19 de novembro de 1933, em um lar humilde para imigrantes judeus russos no Brooklyn, King sempre disse que a única coisa que lhe interessava era ser locutor de rádio.

Aos 23 anos, mudou-se para a Flórida em busca de trabalho. Em 1957, tornou-se DJ de uma estação de rádio de Miami, quando mudou seu sobrenome para King porque o gerente lhe disse que Zeiger era “muito étnico”.

Para outra estação de rádio de Miami, gravou transmissões de um restaurante com entrevistas feitas diante do público presente.

Em 1978, mudou-se para Washington para apresentar um programa de rádio noturno antes de ser detectado pela CNN.

A rede fundada em 1980 contratou King em 1985 para colocá-lo no comando de suas transmissões noturnas. “Larry King Live” foi ao ar de 1985 a 2010, seis noites por semana, com um alcance de mais de 200 países. A CNN estimou que ele realizou cerca de 30.000 entrevistas.

No auge de seu sucesso, o programa atraiu mais de um milhão de telespectadores a cada noite e fez de King a estrela da televisão por assinatura, ganhando mais de US$ 7 milhões ao ano.

Diante das críticas por ser, às vezes, muito brando com seus convidados, respondeu: “Não estou interessado em humilhá-los, não estou interessado em elogiá-los”, disse ele à AFP em 1995. “Estou apenas curioso”, completou.

Depois de deixar a CNN, transmitiu entrevistas em seu site e, mais tarde, apresentou o programa “Larry King Now” no Russia Today, uma rede internacional financiada pelo governo.

Sua vida privada também foi única: casou-se oito vezes – duas vezes com a mesma parceira – e se divorciou oito vezes.

“Em vez de adeus, que tal até logo”, disse ele, com a voz embargada pela emoção, no último programa “Larry King Live”.

AFP

CONIAPE realiza assembleia extraordinária de forma virtual

Na tarde desta sexta-feira (22), o Consórcio Público Intermunicipal do Agreste Pernambucano e Fronteiras (Coniape), realizou uma reunião por videoconferência para deliberar sobre a eleição para o próximo biênio, ingresso de novo município no consórcio, bem como alteração na resolução consorcial que versa sobre o rateio administrativo para os consorciados.

A assembleia foi conduzida pelo prefeito do município de Toritama Edilson Tavares que preside o consórcio, na oportunidade, ressaltou a importância do diálogo na construção das atividades consorciadas, durante esse período que está a frente do CONIAPE, o presidente visitou prefeitos para debater a importância da participação de todos na eleição que está marcada para a segunda dia 01 de fevereiro das 10h às 16h na sede da entidade na Rua Padre Félix Barreto, 79 – 2º Andar – Maurício de Nassau, Caruaru.

“A assembleia referendou a entrada do município de Ibirajuba. O CONIAPE segue como uma entidade sólida sendo importante a união dos municípios para que todos juntos possamos ter mais força, seja no momento de realizar uma solicitação, na aquisição de insumos ou na contratação de serviços” pontuou o presidente Edilson Tavares.

O encontro contou com a participação dos prefeitos consorciados de Toritama, Altinho, Frei Miguelinho, Surubim, Tacaimbó, Vertentes, Riacho das Almas, São Caetano, Ibirajuba, o procurador do município de Cupira, o Chefe de Gabinete do município de Taquaritinga do Norte e da Secretária Executiva do CONIAPE.

O novo município consorciado, Ibirajuba, foi representado pela sua prefeita Maria Izalta que relatou a importância e credibilidade do Coniape. “É uma satisfação integrar este consórcio. É uma ferramenta que eu confio, o Coniape tem credibilidade e vai trabalhar em parceria com vários núcleos existentes no município. A nossa cidade só tem a ganhar e me sinto lisonjeada em poder integrar esta entidade”, disse Maria Izalta, primeira mulher eleita prefeita em Ibirajuba.

Ações de combate a Covid-19 serão realizadas na Feira da Boa Vista

Os feirantes e frequentadores que forem à Feira do Bairro Boa Vista, neste domingo (24), poderão realizar testes rápidos de Covid-19. Os exames vão ser oferecidos pela Secretaria de Saúde de Caruaru, por meio da Unidade Móvel de Testagem, das 8h às 12h.

Na ocasião, haverá ainda a fiscalização sanitária, que contará com orientação aos feirantes e à comunidade sobre a utilização correta da máscara de proteção e do uso do álcool 70°. “A ação terá caráter educativo, visando reforçar as medidas de segurança e de combate à doença”, afirmou a gerente de Vigilância em Saúde, Claudia Agra.

De acordo com ela, mesmo com a chegada das vacinas, é necessário todo o cuidado para conter o aumento no número de casos. “Essas ações de mobilização social são muito importantes para que o cumprimento das normas sanitárias aconteçam e para que possamos manter o controle da doença. A pandemia ainda não acabou. É preciso reforçar as medidas de proteção individual para reduzir o número de casos graves e óbitos dentro da nossa cidade”, disse.

Covid-19: Boletim diário da Secretaria de Saúde – 22.01.21

A Secretaria de Saúde de Caruaru informa que, até esta sexta-feira(22), 96,05% dos pacientes já se recuperaram do novo coronavírus.

O número de testes realizados subiu para 46.069 dos quais 19.411 foram através do teste molecular e 26.658 pelo teste rápido, com 14.457 confirmações para a Covid-19, incluindo um óbito que estava em investigação. Sendo mulher, 85 anos, sem comorbidades.

O número de casos descartados subiu para 30.679.

Também já foram registrados 62.137 casos de síndrome gripal.

VACINAÇÃO

Doses aplicadas no dia: 328
Total de doses aplicadas: 1673

Estudante brasileira descobre asteroide

O céu de 7 de janeiro de 2021 não passou desapercebido para Micaele Gomes, de 16 anos, que faz o terceiro ano do ensino médio na rede pública de São Paulo.

Em imagens captadas pelo telescópio do projeto Pan-STARRS1, que fica no alto de um vulcão inativo de cerca de 3 mil metros de altitude no Havaí, um corpo celeste com trajetória em linha reta chamou a atenção ds Micaele.

Era um asteroide que foi, provisoriamente, identificado como P11bEV1.

A estudante faz parte do Projeto Caça Asteroides, ligado à Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), que foi selecionado por um programa da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), o IASC (International Astronomical Search Collaboration). A proposta da Nasa é contar com a cooperação de cientistas e cidadãos do mundo inteiro para descobertas sobre o universo.

Micaele Gomes, que já participou da Olimpíada Brasileria de Astronomia e Astronáutica (OBA) diz que se orgulha de representar estudantes de escola pública e que espera inspirar outras meninas. ”Poder contribuir para a ciência desta forma representa muito a realização de um sonho. É muito legal ter um pouco dos meus sonhos registrados no espaço.’

A estudante integra um grupo, de cinco alunos, organizado pela graduanda em Física da Unesp, Helena Ferreira Carrara, como parte do projeto de iniciação científica da graduação e do Observatório de Astronomia de Bauru.

Os achados do projeto Caça Asteroides vão contribuir para os estudos de astrônomos profissionais, que nem sempre têm tempo para analisar as imagens capturadas pelos telescópios, destaca Helena.

Ela explica que a criação do projeto foi inspirada na filosofia da ciência cidadã e na inclusão de alunos, especialmente da rede pública, que enfrentam desafios para aprofundar pesquisas, mas que podem ajudar as agências espaciais, como é o caso de Micaele.

O asteroide descoberto por Micaele Gomes agora terá as características e rota analisadas por astrônomos profissionais, trabalho que pode levar até cinco anos.

Após esse período, o estudo será catalogado pelo Minor Planet Center (Harvard) e então poderá ser batizado pela descobridora. A proposta será então levada à União Astronômica Internacional, órgão que designa oficialmente essas identificações.

Sobre o nome, Micaele diz que, com calma, nos próximos dias ou meses, pensará em algo especial que represente bem este momento.

Agência Brasil

Prefeitura de Caruaru e Secretaria de Saúde divulgam resultado preliminar de Seleção de Saúde

A Prefeitura de Caruaru por meio da Secretaria de Saúde divulgou nesta quinta-feira (21), o resultado preliminar da Seleção de Saúde para nível superior, conforme editais previamente divulgados, para preencher 374 vagas da rede municipal de saúde.

Os selecionados ocuparão as vagas para assistentes sociais, profissionais de educação física, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e outros.

Os(as) candidatos(as) estão discriminados pelo número do CPF, desempenho na análise curricular, classificação e status. Os resultados estão disponíveis no Diário Oficial e no site www.selecoes.caruaru.pe.gov.br

Enem 2020 tem novidades em acessibilidade

Leitor de tela, redação em braile e correção especial das provas de participantes autistas e surdocegos são algumas das novidades do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 em termos de acessibilidade. As medidas somam-se a outras que vêm sendo adotadas pelo exame ao longo do anos, como videoprova em Língua brasileira de Sinais (Libras) e provas com textos e imagens ampliados.

Ao todo, segundo o Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cerca de 47 mil participantes com alguma deficiência ou transtorno fizeram a inscrição no Enem 2020 e solicitaram atendimento especializado.

O leitor de tela e a redação em braile são demandas antigas de pessoas com alguma deficiência visual, de acordo com o integrante da Organização Nacional de Cegos do Brasil Lucas de Castro Rodrigues. “O leitor de tela traz autonomia. O candidato mexe no computador por si próprio. Escuta quantas vezes quiser, controla velocidade e volume de voz. O leitor dá total controle da prova ao participante”, diz.

Antes do leitor de tela, a opção para esses estudantes era contar com o auxílio para leitura, opção que segue disponível para os candidatos que assim solicitaram. A leitura é feita por profissionais capacitados para ler textos e para descrever imagens. A desvantagem, segundo Rodrigues, é que o candidato depende desse profissional, que pode, por exemplo, estar cansado no dia de aplicação.

Outro recurso novo é a redação escrita e corrigida no Sistema Braile. De acordo com o Inep, na aplicação, o participante pode utilizar material próprio, como máquina Perkins, reglete, punção, soroban ou cubaritmo e folhas brancas para fazer a redação. Rodrigues explica que essa escrita também traz maior autonomia. A alternativa, que também segue disponível, é que o participante dite a redação em voz alta para que seja transcrita em papel por um profissional capacitado.

Para Rodrigues, a medida é positiva e auxilia candidatos que dominam o braile. Mas, como essa não é uma realidade entre todas as pessoas com deficiência visual, para que a prova seja ainda mais inclusiva ele defende que haja a possibilidade que os candidatos digitem eles mesmos a redação no computador.

Banca especial
Outra mudança nesta edição é que participantes autistas e surdocegos terão banca especial para correção de suas provas. De acordo com o Inep, o exame recebeu a inscrição de 1.676 candidatos que solicitaram atendimento especializado por autismo e de 134, por surdocegueira.

“Esse olhar permite que a sociedade venha a enxergar essa população da maneira como ela merece ser enxergada, como pessoas, cidadãos que pagam impostos e que estão ali para poder incluir e somar. O Enem é uma prova pela qual eles vão se capacitar para uma faculdade e vão ser, na minha opinião, profissionais que só têm a somar para a sociedade inteira”, diz a presidente da Associação Integrada Mães de Autistas da Paraíba, Elaine Araújo.

Elaine explica que cada indivíduo com autismo é diferente e tem diferente grau de acometimento. “Há aquele indivíduo que vai precisar de mais tempo. Há aquele indivíduo que vai precisar de uma tradução melhor do que está propondo aquela questão. Não é que sejam incapazes, mas há métodos para eles entenderem. Vão precisar dessa empatia da banca para poder analisar e ver que cada um é diferente. Nós somos seres diferentes e eles têm isso como um estigma. As pessoas precisam realmente entender e averiguar cada situação para poder sim dar a essa pessoa a chance de realizar uma prova e de se sair bem nessa prova, para mim isso é pura empatia”, afirma.

Ela conta ainda que se emocionou com o tema da redação deste ano, O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. “É necessário que a sociedade e esses jovens que vão entrar em faculdades e em profissões tão diferenciadas tenham esse entendimento de algo tão cotidiano, de pessoas que são estigmatizadas por terem síndromes, transtornos, doenças mentais. Tem que ter respeito e empatia. Achei de uma relevância que me deixou emocionada”.

Inclusão
Apesar das medidas adotadas, de acordo com Rodrigues, o Enem não é uma prova totalmente inclusiva, até mesmo porque a exclusão vem desde muito antes na vida das pessoas com alguma deficiência. “O Enem é uma prova bastante excludente. Isso é bastante difundido, não só entre as pessoas com deficiência, mas entre todas as minorias, porque a gente sofre defasagem em todo o ensino básico. Não só no ensino, mas em várias outras áreas”, acrescenta.

A estudante Júlia Dias do Anjos, 18 anos, é uma das candidatas com baixa visão que está fazendo o Enem. Ela solicitou auxílio para leitura e prova ampliada e ficou satisfeita com o atendimento. Ela conta, no entanto, que é exceção, que entre outros amigos cegos ou com baixa visão é uma das poucas que fez a prova. A falta de disponibilidade de materiais de estudo voltado especificamente para esses estudantes e a falta de incentivo são, segundo ela, alguns dos principais entraves.

“Tenho muitos amigos com baixa visão e cegueira. Eu não sei se eles têm medo de não ter os recursos [de acessibilidade]. Eu sempre falo para prestarmos o exame e ninguém se manifesta, sempre falava na escola e as pessoas não se interessavam. Isso me deixa muito triste”, diz, e acrescenta: “Tem gente que não é incentivada. A minha mãe sempre fala: se você acha que pode fazer, você está apta a isso. Vá e faça. Não tenha medo. Se é uma coisa que tem vontade, vá e faça”.

Júlia quer cursar biomedicina ou matemática. “Infelizmente, o que me deixa mais preocupada é que falam que geralmente os laboratórios das universidades não são preparados para quem tem baixa visão. Mas quem sabe isso não mudou? Ou, então, eu passo a fazer a diferença porque o mundo, a gente o adapta”.

Enem 2020
O Enem começou a ser aplicado no último domingo (17) e segue no próximo dia 24. No primeiro dia de aplicação, o exame teve uma abstenção recorde de 51,5%. Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, 2.842.332 faltaram às provas. Nesta edição, o Enem terá uma versão impressa e uma digital, realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As medidas de segurança, adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus, serão as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Os candidatos que tiverem sintomas de covid-19 e de outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer aos locais de prova. Devem comunicar ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pela Página do Participante. Esses candidatos terão direito à reaplicação nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Veja as novidades do Enem 2020 em termos de acessibilidade:

• Atendimentos específicos agora fazem parte do atendimento especializado.

• Participantes com cegueira, surdocegueira, baixa visão ou visão monocular poderão solicitar recurso para uso de leitor de tela.

• Três guias-intérpretes farão atendimento ao participante surdocego.

• Tempo adicional de 60 minutos para participantes lactantes que solicitarem atendimento especializado no sistema de inscrição, desde que comprovem a necessidade, conforme previsto em edital, e levem o lactente e o acompanhante no dia da aplicação.

• Participantes com doenças infectocontagiosas deverão entrar em contato com o Inep para comprovação de sua condição e não deverão comparecer ao local de provas. Poderão realizar a prova na reaplicação.

• Participantes autistas e surdocegos terão banca especial para correção de suas provas.

• O participante que escrever sua redação em braile terá suas provas corrigidas no Sistema Braile.

• O participante transexual/travesti que não solicitou ou teve sua solicitação pelo nome social indeferida poderá escolher o banheiro que deseja utilizar no dia da aplicação.

Agência Brasil

Volkswagen perde metade do lucro em 2020 pela Covid-19

A construtora de automóveis alemã Volkswagen anunciou nesta sexta-feira (22) um lucro operacional, além dos cargos vinculados ao Dieselgate, de cerca de 10 bilhões de euros (US$ 12,2 bilhões) para o ano 2020, um retrocesso de cerca de50% pela pandemia de Covid-19.

O grupo, cujos resultados anunciados são preliminares, obteve em 2019 um lucro de 19,3 bilhões de euros.

Após a brusca queda das vendas na primeira metade do ano, a Volkswagen elogiou que o segundo semestre tenha sido “bastante sólido”.

As vendas do quarto trimestre “continuaram se recuperando com força e inclusive superaram as do terceiro trimestre de 2020”, indica o grupo, que publicará no final de fevereiro o conjunto de seus resultados.

No primeiro semestre de 2020, a gigante alemã registrou um prejuízo antes dos impostos de 1,4 bilhão de euros (US$ 1,70 bilhão) devido ao colapso das vendas causado pelas medidas restritivas para frear a propagação do coronavírus.

No conjunto do ano 2020, a Volkswagen vendeu mais de 9,3 milhões de veículos, 15,2% a menos que em 2019, segundo dados publicados em janeiro.