Um realto de caso publicado na última edição do Journal of Current Research in Medical Sciences (IJCRMS – volume 6 – issue 5) comprova a eficácia da cápsula Vanessa no tratamento de pacientes com Covid-19. De acordo com o documento, a cápsula mostrou-se uma alternativa viável e menos invasiva que a intubação e, mais que isso, especialmente efetiva em pacientes idosos com comorbidades.
O relato foi realizado por uma equipe composta por representantes do Grupo Samel; do Hospital Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); dos Departamentos de Tecnologia e Desenvolvimento e de Biotecnologia do Instituto Transire; do Instituo Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). De acordo com Daniel Fonseca, diretor clínico (técnico) do Grupo Samel, o estudo apresenta os resultados positivos do tratamento de um paciente idoso e com comorbidades, evitando que ele tivesse que ser intubado.
“Uma das complicações mais comuns da Covid-19 é a insuficiência respiratória hipoxêmica aguda, que geralmente é tratada por meio de ventilação mecânica invasiva”, explica. Fonseca lembra que os argumentos contra e a favor da intubação precoce ainda não são definitivos e que, ao mesmo tempo, o uso da ventilação não invasiva (VNI), embora pouco comum, pode ser uma alternativa para alguns pacientes. “Além disso, as diretrizes da OMS para o manejo de insuficiência respiratória em Covid-19 mostram que é possível utilizar ventilação não invasiva em casos classificados como leve a moderado, desde que a equipe médica utilize os equipamentos de proteção adequados”, diz.
Com o relato, as equipes e profissionais envolvidos conseguiram demonstrar os resultados favoráveis no tratamento de um paciente idoso que, ao invés da intubação, recebeu ventilação não invasiva associada à cápsula Vanessa. Apesar das poucas evidências clínicas sobre o uso de VNI em casos de infecções virais, como o Covid-19, e especialmente em pacientes gravemente enfermos, o caso relatado indica que é possível realizar a ventilação não invasiva associada ao uso de um dispositivo de proteção de dispersão de aerossol, que se tornou um item fundamental para o tratamento.
O relato foi realizado a partir do caso de um paciente de 71 anos, hipertenso e obeso. Ele foi vacinado contra H1N1 em abril deste ano, evoluindo para mal estar com febre, que persistiu por uma semana, sem outros sintomas. No final do mês, ele apresentou dificuldades respiratórias e foi internado no Hospital de Campanha de Manaus, onde permaneceu em ventilação não invasiva na cápsula Vanessa. A tomografia de tórax indicava 50% de comprometimento pulmonar.
No dia 25 de abril o paciente foi transferido para a UTI, mas seu estado geral era regular: ele estava lúcido, orientado no tempo e no espaço, colaborativo, estável hemodinamicamente, corado e hidratado. Com isso, o tratamento inicial foi mantido, alternando-se a aplicação de VNI com a máscara de Venturi 50%, sempre com o uso da cápsula.
Nos dias seguintes ele seguiu evoluindo com melhora gradual. No dia 30 de abril ele retornou para a enfermaria, quando a VNI foi substituída pela máscara de Venturi: seus pulmões já estavam com 96% da capacidade. Na enfermaria, o padrão de respiração melhorou e, no dia 03 de maio, ele recebeu alta sem sinais de alarme ou mudanças nas funções fisiológicas.
O diretor clínico (técnico) do Grupo Samel lembra que estudos demonstram que o uso de intubação ampliam o período de internação de 4,3 a 13 dias. “Em pacientes idosos, essa permanência é diretamente proporcional à maior perda de funcionalidade, com maior risco de resultados insatisfatórios e aumento de mortalidade nessa faixa etária”, afirma. Além disso, um outro estudo mostra boas respostas ao uso de NIV em 62 pacientes que foram internados com capacidade pulmonart abaixo de 94%.
“Apesar das limitações em relação ao pequeno tamanho da amostra e da falta de um grupo de controle, os dados indicam que a técnica pode ser implementada, especialmente em casos leves e moderados”, afirma. Não por acaso o estudo conclui que, tendo em vista as dificuldades encontradas, a ventilação não invasiva inicial se apresenta como uma alternativa, principalmente em locais com recursos limitados. “A boa resposta à ventilação não invasiva precoce reduziu o tempo de internação hospitalar e não trouxe qualquer consequência para a mecânica respiratória. O paciente está em casa e sem sequelas”, comemora.
A íntegra do estudo pode ser obtida em:
http://dx.doi.org/10.22192/ijcrms.2020.06.05.002
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