Queiroz sai de casa e deve voltar à cadeia em regime fechado ainda hoje

O policial militar aposentado Fabrício Queiroz deixou, na manhã desta sexta-feira (14/8), o apartamento no Rio de Janeiro onde cumpria prisão domiciliar junto com a esposa, Márcia Aguiar. Segundo informações do jornal O Globo, Queiroz saiu para realizar exames em um laboratório. A saída, conforme o jornal, já estava agendada e autorizada pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).

Na última quinta-feira (13/8), o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Félix Fischer revogou a liminar do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, que concedeu prisão domiciliar a Queiroz e a Márcia. Saíram do edifício dois carros, um preto e outro do TJ-RJ.

A decisão do ministro Félix Fischer atendeu a um pedido do Ministério Público. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Rio informou que ainda não foi notificada sobre pedido de prisão contra os dois.

Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na época em que ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, é investigado em um esquema que apura desvio de salário de servidores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), conhecido como ‘rachadinha’.

O suposto esquema

A investigação, do Ministério Público do Rio (MP-RJ), aponta que o esquema chega ao gabinete de Flávio e que Queiroz atuaria nas ações criminosas. Ele foi preso no último dia 18 de junho em um imóvel em Atibaia (SP) de Frederick Wassef, que até então era advogado do parlamentar no caso e também do presidente Jair Bolsonaro. Após o caso, Wassef deixou a defesa do senador.

3,1 milhões de brasileiros perderam o emprego na pandemia, segundo o IBGE

A crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus já deixou pelo menos 3,1 milhões de brasileiros sem emprego. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Covid19), divulgada, nesta sexta-feira (14/8), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o IBGE, havia 9,8 milhões de desempregados no Brasil em maio, quando começaram os estudos sobre o impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho. No fim de julho, contudo, o número de brasileiros que estavam sem emprego já havia saltado para 12,9 milhões.

Os dados mostram um aumento de 31,6% no número de desempregados do Brasil ao longo de quatro meses de pandemia. É uma situação que fez a taxa de desemprego saltar de 10,5% para 13,7% entre maio e julho.

Baque da pandemia

A Pnad Covid-19 ainda mostra que, apesar de a atividade econômica estar dando sinais de recuperação, o mercado de trabalho continua sofrendo de forma intensa o baque da pandemia. É que 500 mil desses brasileiros ficaram sem emprego só na última semana de julho.

Segundo o IBGE, o número de desempregados cresceu de 12,4 milhões para 12,9 milhões só entre a semana de 19 a 25 de julho e a semana anterior. A taxa de desemprego, portanto, avançou de 13,1% para 13,7% só nesse período.

E os especialistas alertam que essa taxa deve continuar crescendo. Afinal, o mercado de trabalho demora a se ajustar diante de uma crise econômico. Além disso, muitos brasileiros que estão sem emprego ainda não estão buscando uma nova ocupação devido à pandemia.

Prefeitura de Caruaru entrega Polo Gastronômico da Feira de Artesanato

A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, esteve, na manhã desta sexta-feira (14), realizando a entrega do Polo Gastronômico, instalado na Feira de Artesanato. Localizado no coração do Parque 18 de Maio, o espaço abriga seis restaurantes, comandados por nomes conhecidos da culinária da feira mais famosa de Pernambuco: Tia Bia, Sueli, Mãe Beata, São José, Heleno e Tia Guida.

De acordo com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, o complexo gastronômico foi pensado como local propício para os apreciadores da boa comida típica de feira e ponto de encontro para turistas, visitantes, feirantes e clientes da Feira de Caruaru. “Construímos um espaço que é, na verdade a semente da valorização da feira popular da nossa cidade. A sensibilidade de cada um que trabalhou de forma intensa para a realização desse projeto foi fundamental. Para quem gosta de comida de feira, sabe que a nossa é a melhor. Agora a gente tá fazendo esse investimento, entregando um espaço digno que o nosso povo merece. Aqui nós estamos dando um grande exemplo de como pode ser o turismo sustentável, ainda mais nesse momento de novo normal”, afirma a prefeita.

O novo equipamento tem 2.153,76m² de área, garantindo acessibilidade a todos os espaços e uma área de convivência com piso intertravado, bancos, lixeiras, jardineiras e um pequeno palco para apresentações culturais. Já os restaurantes contam com estrutura de cozinha com capacidade para os equipamentos industriais e ambientações temáticas, decoradas por arquitetos caruaruenses.

“O Polo Gastronômico é um reconhecimento aos artistas da nossa gastronomia, que fazem história com a comida típica da nossa cidade. Estamos entregando uma estrutura profissionalizada e dentro de todos os padrões recomendados, para que a população continue saboreando um menu caprichado em um espaço confortável”, explica o secretário Extraordinário da Feira, José Pereira.

Foto: Janaina Pepeu

Mais de 40 milhões de brasileiros querem trabalhar mas não conseguem, diz IBGE

A taxa de desemprego chegou a 13,7% na última semana de julho, com 12,9 milhões de desocupados, 3 milhões a mais do que na primeira semana de maio, quando a taxa de desocupação estava em 10,5%.

Os números são da pesquisa Pnad Covid-19, que busca identificar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho e na saúde dos brasileiros.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) considera como desempregados apenas os trabalhadores que procuraram ativamente por uma vaga de emprego.

Outros 28 milhões de brasileiros gostariam de trabalhar, mas foram considerados fora da força de trabalho na última semana de julho, por não terem buscando ativamente uma ocupação. Desse contingente, 18,5 milhões disseram que não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por não encontrarem uma ocupação na localidade em que moravam.

Assim, o país somava ao fim de julho mais de 40 milhões entre pessoas oficialmente consideradas desempregadas e aquelas que gostariam de trabalhar, mas não buscaram ocupação por algum motivo, dentre eles, a pandemia.

Na última semana de julho, a população ocupada somava 81,2 milhões, estatisticamente estável em relação à semana anterior (81,8 milhões), mas uma queda em relação ao início de maio (83,9 milhões), quando começou a série histórica da Pnad Covid.

Os afastados do trabalho devido ao distanciamento social caíram a 5,8 milhões na última semana de julho, ante 6,2 milhões na semana anterior e 16,6 milhões no início de maio.

Com isso, os afastados do trabalho passaram a representar 7,1% da população ocupada, contra 19,8% no início de maio.

Ainda dentro da população ocupada, 8,3 milhões seguiam trabalhando remotamente ao fim de julho, contra 8,2 milhões na semana anterior e 8,6 milhões no início de maio.

O nível de ocupação, percentual de pessoas efetivamente ocupadas entre aquela em idade de trabalhar, chegou a 47,7% na última semana de julho, comparado a 48% na semana anterior e 49,4% no início de maio.

A taxa de informalidade chegou a 33,5% na última semana de julho, ligeiramente acima da semana anterior (32,5%), com 27,2 milhões de pessoas trabalhando de forma informal ao fim do mês passado.

“Vimos na divulgação da semana passada que essa população tinha caído. É uma força de trabalho que oscila bastante nessas comparações curtas. As pessoas entram e saem da força de trabalho com muita facilidade. Com mais facilidade que a população ocupada, que é formalizada”, afirmou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

Entre os informais estão os empregados do setor privado e trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores e trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e pessoas que trabalham ajudando familiares sem remuneração.

Saúde Ainda conforme a pesquisa, 13,3 milhões de pessoas apresentavam pelo menos um dos 12 sintomas associados à gripe (febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular) ao fim de julho.

Dessas, cerca de 3,3 milhões buscaram atendimento médico. Desse total, 159 mil ficaram internadas em algum hospital. No início de maio, quando a pesquisa começou, 26,8 milhões relataram algum sintoma gripal.

Folhapress

Auxílio e crédito para empresas deram gás à popularidade de Bolsonaro, diz Mourão após Datafolha

O vice-presidente Hamilton Mourão creditou a melhora da avaliação do presidente Jair Bolsonaro detectada pelo Datafolha ao auxílio emergencial de R$ 600 e às linhas de crédito abertas para pequenas e micro empresas. Para o vice, essas políticas deram um “gás na popularidade do presidente”.

“Muito bom, né? Acho que são as medidas que o governo tomou para combater a pandemia, elas surtiram efeito. As pessoas que estavam em situação, digamos assim, bem difícil, porque eram trabalhadores informais e perderam a capacidade de ganhar o dinheirinho deles de cada dia, receberam esse recurso do ‘coronavoucher’ [auxílio emergencial]”, disse Mourão na manhã desta sexta-feira (14).

“[E] As pequenas e micro empresas tiveram acesso a crédito de quase R$ 30 bilhões, outras linhas de crédito foram abertas. Acho que isso deu um gás na popularidade do presidente”, avaliou.
De acordo com pesquisa Datafolha, Bolsonaro está com a melhor avaliação desde que começou o seu mandato. O levantamento mostra que 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho.

Também houve queda acentuada na curva de rejeição: caíram de 44% para 34% os que o consideravam ruim e péssimo no período. Classificaram o governo de regular, por sua vez, 27%, ante 23% em junho.

O instituto entrevistou por telefone 2.065 pessoas nos dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Questionado por jornalistas se a melhora no desempenho também poderia ser explicada pelo tom mais conciliador adotado por Bolsonaro nas últimas semanas, evitando confrontos com o Legislativo e o Judiciário, Mourão destacou que o presidente “sabe fazer política”.

“O presidente, rapaz, sabe fazer política. Vamos lembrar, o cara está há 30 anos na política. Ele sabe como as coisas andam e ele tem uma visão correta dos objetivos que a gente tem que ter para buscar melhorar a situação do país e preparar o país para voos mais altos”, disse o vice.

Os resultados do levantamento Datafolha foram o objeto de postagem do próprio presidente Bolsonaro, que republicou a capa do jornal Folha de S.Paulo desta sexta, que traz o resultado da pesquisa com destaque.

“Verdade, meia verdade ou fake news?”, escreveu o presidente, que frequentemente critica a imprensa e a acusa de fazer oposição ao governo.

Estelionatários são presos com quase R$ 30 mil do auxílio emergencial

Dois homens foram presos realizando saques irregulares do auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal, nesta sexta-feira (14/8). Um dos homens guardava cerca de R$ 23 mil em dinheiro e o outro, aproximadamente R$ 1.200 reais. Os acusados foram presos em flagrante em um caixa eletrônico da Caixa Econômica Federal, na QI 7 do Guará I.

De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), os estelionatários faziam os saques sem cartão, somente com os dados dos beneficiários. Os acusados afirmaram ter comprado os dados na deep web com bitcoins (moeda digital). Além da quantia encontrada nos bolsos, os policiais encontraram R$ 4 mil em envelopes escondidos no painel de um carro estacionado na rua de trás da agência. No total, foram encontrados R$ 28.155.

Os dois homens foram conduzidos ao Departamento de Polícia Federal (PRF), onde foram autuados em flagrante delito por estelionato com concurso de pessoas.

ACSP: Confiança do consumidor aponta tendência de recuperação

Em julho, o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), esboçou uma leve reação: fechou em 79 pontos, ante 77 em junho.

Ainda que continue no campo do pessimismo (abaixo dos 100 pontos), o indicador pode sinalizar uma tendência de recuperação dos estragos na economia causados pela pandemia de covid-19.

Em março, o indicador apresentou recuo e ficou em 92 pontos, ante 98 em fevereiro. Daí para frente, seguiu em queda livre, chegando aos 85 pontos em abril e 77 em maio e junho. O resultado remete aos níveis de outro período de crise, entre 2015 e 2017.

A ligeira alta em julho, porém, é basicamente centrada na melhora em relação às expectativas futuras das famílias pertencentes à classe C quanto ao crédito, renda e emprego nos próximos seis meses.

“Muitas esperam que, com o fim da quarentena e do isolamento social, a economia vá retomando seu movimento aos poucos”, afirma Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.

Outro indicador que mostra essa tendência de recuperação é o da situação financeira nos próximos seis meses: em julho, 39% dos consumidores consideraram que sua situação financeira vai ficar melhor ou um pouco melhor. No início da pandemia, esse número chegou a 32%.

Porém, apenas 23% se sentem confiantes a fazer compras de maior valor, como imóveis e carros, enquanto 33% têm mais confiança para adquirir itens para a casa, como móveis e eletrodomésticos.

Com o nível de desemprego ainda muito alto, de 13,3% no segundo trimestre, segundo o IBGE, as perspectivas do consumidor quanto à segurança financeira futura continuam baixas.

Pelo levantamento da ACSP, enquanto 60% dos entrevistados conhecem alguém que ficou desempregado nos últimos seis meses, 42% estão menos confiantes quanto à sua segurança no emprego, assim como a de familiares e de conhecidos neste momento.

Mas, apesar de a situação reverter, a princípio, o ímpeto de consumo, as projeções de recuo menor da economia, e em consequência, das vendas do varejo em 2020, indicam que a retomada deve começar pelos setores mais essenciais, segundo o economista da ACSP.

“A disposição ao consumo, por enquanto, continua focada em itens mais básicos, como alimentação e farmácia. Mas é bem-vinda, pois sinaliza uma recuperação gradual.”

Nova metodologia

Desde 2005, a ACSP, por meio do seu Instituto de Economia Gastão Vidigal, mede os índices de confiança do consumidor para antecipar o comportamento da atividade econômica e orientar o varejo na tomada de decisões.

Os economistas da ACSP, em parceria com a Behup, startup especializada em tecnologia e inteligência de dados, desenvolveram uma nova metodologia, mais moderna e abrangente, com entrevistas realizadas via painel mobile, totalmente compatível com a anterior, utilizada até dezembro de 2019.

A pesquisa, iniciada em janeiro, é realizada com uma média de 1,5 mil entrevistados por mês através de uma amostra representativa da população brasileira.

Tal como o anterior, o INC da ACSP/Behup varia entre zero e 200 pontos, sendo que o intervalo de zero a 100 contempla o campo do pessimismo e, de 100 a 200, do otimismo. A margem de erro é de três pontos.

Derrubada do veto de Bolsonaro ao audiovisual foi vitória da cultura brasileira, comemora Humberto

Deputados e senadores decidiram derrubar, em sessão do Congresso Nacional, um veto do presidente Jair Bolsonaro de incentivo à indústria cinematográfica do país. A decisão dos parlamentares impôs uma nova derrota ao Palácio do Planalto e, na avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE), um dos articuladores da reação dos congressistas, é uma vitória da cultura brasileira.

Responsável por mais de 300 mil empregos diretos e indiretos, a indústria do audiovisual teve a continuação de seus incentivos impedida pelo governo federal, mesmo depois de autorizada pelo Congresso. Na justificativa do veto, Bolsonaro alegou que a medida geraria despesas obrigatórias à administração.

“Era uma mentira clara, mais uma praticada por essa gestão que tem a cultura como inimiga. A lei é completamente voltada a isenções e receitas. Não criava despesas. O que havia era uma atitude deliberada para empastelar a indústria de audiovisual do Brasil. Felizmente, o Congresso reagiu a esse golpe, na noite dessa última quarta-feira (12), e derrubou o veto”, analisou Humberto.

Com a decisão de deputados e senadores, o Regime Especial de Tributação para o Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine) fica prorrogado até 2024. Os incentivos fiscais para financiamento de projetos de produção cinematográfica também foram estendidos. “Com isso, esperamos manter os estímulos a uma indústria de audiovisual reconhecida internacionalmente pela sua qualidade, pelos seus méritos e que gera muitos empregos e muita renda ao país”, afirmou Humberto.

Segundo dados do setor, para cada R$ 1,00 investido no audiovisual, R$ 2,09 retornam para a economia apenas com receitas de bilheteria. As isenções do Recine são apenas 0,004% e equivalem somente a 0,0002% do Produto Interno Bruto (PIB). Mesmo com incentivos ainda tão restritos, a indústria implantou mais de 1.000 salas de cinema no Brasil de 2012 a 2016 e movimenta mais de R$ 3,3 bilhões em impostos.

Brasil 200 abraça proposta de ‘tributo digital’ e articula frente parlamentar

O Instituto Brasil 200, grupo formado por empresários como Flavio Rocha (Riachuelo), Luciano Hang (Havan), Washington Cinel (Gocil) e João Appolinário (Polishop), abraçou a proposta do ministro Paulo Guedes de criação de um imposto sobre transações financeiras.

O ministro apresenta o imposto digital com alternativa, principalmente, para desonerar o peso tributário que hoje recai sobre a folha de pagamento.

Ainda sem proposta oficial, o novo tributo vem sendo chamado de “imposto digital” pela equipe econômica, porque abrangeria atividades como o comércio eletrônico e a de empresas como Netflix e Uber.

Para tentar angariar apoio à sua proposta no Congresso, o Brasil 200 busca articular uma frente parlamentar pela desoneração de folha. Segundo Gabriel Kanner, presidente do instituto e sobrinho de Flavio Rocha, a frente já reúne assinaturas de 40 parlamentares e deverá ser liderada pelo ex-delegado de polícia e deputado federal Marcelo Freitas (PSL-MG).

Desde meados de 2019, o Brasil 200 vinha defendendo uma proposta de imposto único federal, que acabaria com tributos como IPI, PIS, Cofins, CSLL e INSS patronal, substituídos por um imposto sobre transações financeiras com alíquota de 2,5%. A proposta, porém, não avançou e houve a mudança de estratégia. “Até antes da pandemia, defendíamos o imposto único, mas a discussão dentro do Congresso começou a se afunilar, caminhando para a criação de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e a desoneração de folha, com os 20% de INSS patronal sendo substituídos por um imposto digital”, afirma Kanner. “Entendemos que esse primeiro passo da desoneração de folha é fundamental para voltarmos a gerar empregos.”

Entidades empresariais estão divididas. Próxima aos Brasil 200, a CNS (Confederação Nacional de Serviços) apoia a criação de um imposto nos moldes da antiga CPMF, mas sugere alíquota ainda maior do que a do governo (0,81%), que possibilitaria uma desoneração de folha mais ampla.

Já CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e CNI (Confederação Nacional da Indústria) são contra o tributo, ainda que favoráveis à redução de custos trabalhistas.

Apesar do argumento do presidente do Brasil 200 e de boa parte do setor privado de que a desoneração ajudaria na criação de empregos, em artigo publicado recentemente no blog do Ibre-FGV, o economista Fernando Veloso lembra que as evidências empíricas são pouco conclusivas nesse sentido.

Segundo Veloso, estudos sobre desoneração de folha no Chile e na Argentina não encontraram efeitos positivos da medida sobre o emprego, enquanto na Colômbia houve efeito favorável sobre a formalização de trabalhadores com baixos salários. No Brasil, desoneração introduzida em 2011 teve impacto modesto sobre a geração de empregos, diz o economista.

Em sua defesa do novo “imposto digital”, Kanner faz eco da argumentação do governo de que ele abarcaria novas empresas de tecnologia hoje não tributadas. “O Mercado Livre, por exemplo, se tornou a empresa mais valiosa do varejo no Brasil, ultrapassando o Itaú, e não sabemos como tributar essa empresa tradicionalmente.”

Apesar da recusa do governo em aceitar a comparação do novo imposto com a CPMF, Kanner admite a semelhança. “Vai depender da base, se utilizar a mais ampla sobre movimentações financeiras, se assemelha [à CPMF] na metodologia de arrecadação”, diz. “Mas não é igual, pois a CPMF virou um imposto a mais, já o imposto digital será substitutivo, eliminando outros impostos.”

Segundo o presidente do Brasil 200, o trabalho do grupo agora é de corpo a corpo no Congresso para angariar a adesão de deputados à proposta. “Precisamos de um tipo de imposto que faça sentido na era digital, e esse tipo de imposto é aquele sobre transações financeiras e pagamentos eletrônicos”, diz. “Ninguém defende aumento de carga tributária, mas uma substituição, com a desoneração da folha de salários.”

Pela proposta do governo, segundo o assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif Domingos, parte da arrecadação de R$ 120 bilhões que seria obtida com o imposto seria destinada à desoneração total da contribuição previdenciária patronal até um salário mínimo e à redução da contribuição de 20% para 15% para salários acima desse valor.

Para Kanner, essa pode ser uma primeira etapa, rumo a uma desoneração de folha mais ampla que poderia resultar numa alíquota de imposto digital maior do que o 0,2% inicialmente pretendido pela equipe econômica.

A tarefa não deve ser fácil, já que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, declarou diversas vezes que vai trabalhar contra o imposto. Também o relator da reforma tributária na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou recentemente que “a tentação da criação de um novo imposto é algo meio medieval”.

Pesquisa realizada pela XP em julho com 146 deputados mostrou que apenas 20% apoiam a criação de um imposto sobre transações, percentual que cai a 15% quando excluídos os deputados de oposição. A fatia sobe para 32% se os recursos forem usados para desoneração de folha ou para o Renda Brasil.

Folhapress

Indicador mostra inflação mais alta para famílias de renda menor

O Indicador de Inflação por Faixa de Renda referente a julho, divulgado nesta sexta-feira (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela expansão da inflação para todas as faixas de renda, pelo segundo mês consecutivo. Da mesma forma, o indicador confirma alta mais forte da inflação para as famílias de renda mais baixa (0,38%), enquanto as famílias de maior poder aquisitivo têm alta menor (0,27%).

A economista Maria Andreia Parente Lameiras, autora do estudo e pesquisadora do Grupo de Conjuntura do Ipea, explicou à Agência Brasil que essa inflação mais alta para os mais pobres já está ocorrendo desde o fim do ano passado, por alguns fatores. Um deles é que essa camada de menor poder aquisitivo é muito dependente da própria inflação de alimentos. “Porque os mais pobres gastam uma parte muito significativa da sua renda com alimentos”. No ano passado, por exemplo, ocorreu alta das carnes, que acabou causando impacto nos mais pobres. No começo de 2020, foram fatores sazonais que contribuíram para a inflação. “O primeiro trimestre do ano foi muito pressionado pelos preços de tubérculos e cereais. Agora, no meio do ano, época considerada de alta de leite e carne, o que acaba impactando mais”, disse Maria Andreia.

Por outro lado, os mais ricos, embora tenham sentido também o peso da elevação dos preços de alimentos, mas de maneira menos expressiva, acabaram se beneficiando pela queda dos preços de serviços, que tiveram retração muito forte devido à pandemia do novo coronavírus. “Foi algo que aliviou muito a situação dos mais ricos”. A queda das passagens aéreas e de combustíveis é um exemplo disso. “Esse mix de coisas fez com que, ao longo de 2020, a inflação dos mais pobres ficasse sempre acima dos mais ricos”. No acumulado deste ano até julho, a inflação dos mais pobres alcançou 1,15%, contra 0,03% dos mais ricos. “É muito maior, porque a pandemia gerou uma desinflação muito grande para os preços dos serviços, que pesam muito para os ricos, mas muito pouco para os pobres”.

Cigarros
As camadas de renda mais baixa não utilizam empregadas domésticas nem clubes, ao contrário dos mais ricos. Já no orçamento dos mais pobres, itens como cigarros têm peso grande no orçamento, ao lado de alimentos, aluguel, energia elétrica, produtos de higiene. “Consomem boa parte do orçamento dessas famílias mais pobres, enquanto as famílias mais ricas gastam muito com plano de saúde, colégio particular, combustível, despesas de automóvel particular, recreação. Eles têm um mix maior de produtos e isso acaba diluindo o peso da inflação”.

Maria Andreia analisou que a tendência para o ano é que haja uma diminuição desse diferencial inflacionário entre mais pobres e mais ricos, porque no segundo semestre vai ser visto algum movimento maior de preços de serviços. “E mesmo que a gente não esteja esperando uma aceleração da inflação no período, vai parar de ter queda. Isso por si só vai acabar com o alívio que vinha dos serviços para os mais ricos”. Para os mais pobres, a expectativa é que ainda haverá alguma alta dos preços de carnes, leite e ovos mas, em compensação, cereais, frutas e verduras vão dar uma diminuída em função da safra boa deste ano. Com isso, a diferença entre a inflação dos mais pobres e dos mais ricos vai cair, mas é provável que a inflação do ano feche maior para as famílias mais pobres em relação às mais ricas, afirmou a economista.

Foco inflacionário

De acordo com o estudo do Ipea, o grupo habitação concentrou o principal foco inflacionário para as camadas mais pobres da população, respondendo por 50% da variação inflacionária total desse segmento de renda, em função dos reajustes de 0,26% da tarifa de energia elétrica e de 0,53% dos aluguéis. Em menor escala, a elevação observada no grupo transportes, devido ao aumento de 3,1% dos combustíveis e de 0,94% das tarifas do metrô, explica também a maior inflação para os mais pobres, que sofreram ainda alguma pressão dos alimentos, com destaque para carnes (3,7%) e leites e derivados (3,8%).

A classe de renda mais alta foi afetada pelo peso dos combustíveis na sua cesta de consumo. Em função disso, o grupo transporte explicou quase 65% de toda a inflação registrada por esse segmento. Essa pressão, entretanto, foi aliviada, em parte, pela queda nos preços das passagens aéreas (-4,2%) e do transporte por aplicativo (-8,2%).

O levantamento revela que enquanto as deflações dos itens empregada doméstica (-0,52%), clube (-1,46%) e hospedagem (-0,95%) geraram uma contribuição negativa de 0,06 ponto percentual para a inflação da faixa de renda mais alta, o reajuste de 1,3% nos preços dos cigarros provocou contribuição positiva de 0,01 ponto percentual para o segmento de renda mais baixa.

Nos últimos doze meses, a inflação dos segmentos de renda mais baixa teve alta de 2,9%, contra 1,7% das famílias de maior rendimento.

São consideradas faixas de renda mais baixa famílias com renda domiciliar menor que R$ 1,65 mil. Em contrapartida, são mais ricas famílias com renda domiciliar acima de R$ 16,5 mil.