
A Assembleia Legislativa de Pernambuco sediou, nesta terça-feira (13), o I Simpósio de Fibromialgia, uma iniciativa do deputado estadual Romero Sales Filho que reuniu pacientes, especialistas, lideranças de todo o estado e representantes do poder público para discutir avanços, desafios e soluções concretas para quem convive com a fibromialgia. O evento lotou o auditório Sérgio Guerra e se tornou um marco simbólico e político no Maio Roxo, mês de conscientização da doença.

O simpósio foi construído a partir de uma escuta ativa que Romero vem conduzindo desde 2019, quando mulheres com fibromialgia procuraram o gabinete e, pela primeira vez, trouxeram suas dores à tribuna da Alepe. A partir desse diálogo, foram aprovadas duas leis pioneiras: a Lei nº 16.690/2019, que garante atendimento prioritário a pessoas com fibromialgia; e a Lei nº 17.492/2021, que institui a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Fibromialgia.
Durante o simpósio, especialistas como o médico Dirceu de Lavor, a nutricionista Gabriella Vaz, a advogada Ana Flávia Dantas, o representante do INSS Bruno Gustavo, educadores físicos e outros profissionais abordaram a importância do tratamento multidisciplinar, da medicina integrativa, da reeducação alimentar, da prática de exercícios físicos e da informação como pilares para uma vida com mais qualidade, mesmo com dor. Também foram debatidos os benefícios de terapias com canabinoides, o papel da mente no enfrentamento da doença e as limitações impostas pela falta de estrutura e acolhimento no sistema público.
A Secretaria Estadual de Saúde esteve representada e apresentou iniciativas como o censo estadual de pacientes com fibromialgia e a emissão da Carteirinha de Identificação, que já alcançou mais de 1.200 pessoas em Pernambuco. A carteira substitui a necessidade do laudo constante, dando praticidade e respeito à rotina do paciente.
“O que estamos fazendo aqui é mais do que um evento. É parte de uma construção coletiva que começou com escuta, passou pela criação de leis, virou cobrança ao Executivo, e agora vira política pública implantada. Mas sabemos que não basta legislar — é preciso fazer com que a lei se cumpra lá na ponta, no posto, no ambulatório”, afirmou o deputado Romero Sales Filho.
Ele também destacou que o simpósio teve um papel fundamental de quebrar o silêncio, combater o preconceito e dar visibilidade à fibromialgia, reconhecendo o sofrimento real, muitas vezes invisível, das pessoas que convivem com a doença. “A fibromialgia não é só dor física. Ela corrói emocionalmente, isola e, muitas vezes, deslegitima a pessoa. Nosso papel é transformar essa dor invisível em política concreta, em cuidado e em respeito”, disse.
A presidente da Associação Minha Dor Tem Pressa, Érika Castro, reforçou que a luta é diária: “Estamos construindo informação, esperança e dignidade. Precisamos sair do silêncio, buscar ajuda e lutar por nossos direitos. Essa causa agora tem voz, tem nome e tem lei.”
O evento contou com a participação ativa de lideranças e grupos de vários municípios, como Ipojuca, Paulista, Olinda, Gravatá, Cabo de Santo Agostinho, Garanhuns, Caruaru e Petrolina. “Essa mobilização popular é o combustível da mudança. Ver gente saindo de casa, enfrentando a dor para estar aqui, é prova de que estamos no caminho certo”, disse Romero.
O deputado aproveitou para agradecer a todos os palestrantes, à Secretaria de Saúde do Estado, e à governadora Raquel Lyra, pela sensibilidade em acolher as indicações do Parlamento e executar ações efetivas. Romero também anunciou que seu projeto de lei que reconhece a pessoa com fibromialgia como pessoa com deficiência já foi aprovado em quase todas as comissões da Casa e está prestes a ser votado em plenário.
“Tem dor, mas vá com dor. E caminhe com coragem, com acolhimento e com fé. Essa causa é de todos nós, e a luta não vai parar”, concluiu o deputado.