Por Fernando Magalhães
Muito tem se falado em Advocacia 4.0, mas na realidade o que é? Todos escritórios devem seguir esta tendência? E os ganhos realmente são significativos? E quanto custa tudo isso?
Para começar vamos definir o que é Advocacia 4.0. Basicamente, é a nova maneira de um advogado, ou escritório de advocacia, atuar no mercado utilizando-se de todos os novos recursos que foram introduzidos nos últimos 40 anos.
Nos últimos 40 anos? Sim, a internet não é tão jovem assim. Foi criada em 1969 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 1988. Acredito que todos os escritórios atualmente pelo menos usam e-mail para se comunicar e, mais recentemente, WhatsApp.
Para por aí? Claro que não. Existem outras ferramentas que vieram com a internet que podem alavancar o resultado de qualquer escritório (importante estar sempre em conformidade com as políticas da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB). Site, blog, Facebook e Instagram são algumas destas ferramentas que, se bem usadas, podem mudar a história do escritório.
Outro ponto importante é a digitalização de documentos pesquisáveis: os programas de gerenciamento eletrônicos de documentos (GED) e a tão falada “nuvem”. Tudo pode ser armazenado de forma virtual, diminuindo o espaço físico necessário para arquivos. Pode-se pesquisar qualquer documento de qualquer lugar do mundo como se estivesse no seu próprio escritório.
Ainda na esteira tecnológica, a grande maioria dos tribunais já estão preparados para o peticionamento eletrônico e, em alguns casos, audiências feitas a distância.
E isso também é um ganho para o escritório. Será que é necessário ir até outra cidade para conversar com seu cliente sobre determinada ação? Sim, existe o telefone, mas colocar toda a diretoria numa sala, vendo cada participante e ainda podendo mostrar em sua apresentação, torna o trabalho muito mais ágil.
Na última década começaram a aparecer no mercado softwares específicos para o mercado jurídico de todos os tamanhos, funcionalidades e preços. Lógico, como em qualquer mercado tem sempre os bons e os ruins (e por que não falar os excelentes e os péssimos?). Resumidamente, estes programas estão divididos em duas partes: gerenciamento de processos e gestão financeira.
A função de um gerenciador de processos é ter todas as informações sobre os processos em um único lugar, receber as intimações diretamente na sua agenda virtual, designar quem deve fazer o que e em quanto tempo deve cumprir a tarefa, entre outras funcionalidades mais específicas. Quanto à gestão financeira, o gestor consegue ver o fluxo de caixa do escritório, fazer orçamentos, ver quem está devendo, quem são seus melhores clientes e até que equipe ou qual advogado é mais produtivo.
Mais recentemente começamos a ouvir falar em robôs, mas o que eles fazem? Você pode pesquisar como determinado juiz, ou ministro do Supremo Tribunal Federal, julga determinado assunto e a partir daí fazer sua tese. Outra funcionalidade é trazer informações específicas sobre determinado assunto para a elaboração de uma petição e, em alguns casos, montar a própria petição com as informações passadas para o robô (não vou discutir aqui a qualidade desta petição, não é o objetivo deste artigo).
Ainda temos uma nova corrente que usa todas as informações possíveis que não estão relacionados ao Direito, mas sim ao problema em questão e apresenta uma petição com links para artigos, vídeos e até opiniões de outros juristas.
Voltando ao início do artigo algumas respostas já foram dadas. Sim, todos os escritórios já estão em parte na Advocacia 4.0 (todos têm pelo menos e-mail e site) e os ganhos e custos? Os ganhos em tempo e assertividade nas pesquisas são enormes, sem falar na comodidade de ter todas as informações a qualquer momento literalmente na palma da sua mão. Custos? Sim, alguns destes produtos são caros. É necessária uma infraestrutura de Tecnologia da Informação muito boa e investir pesado em treinamento.
E os pequenos como ficam? Existem hoje vários programas e softwares para todos os bolsos, inclusive gratuitos, patrocinados pelas associações de advogados.
Além de tudo isso, e também muito importante, é a democratização da informação e do conhecimento. Porém, é importante conhecer a matéria e ser muito criativo nas soluções apresentadas, afinal pode-se encontrar resposta para tudo na internet, mas nem sempre o que é bom para um é bom para o seu cliente e o robô ainda não tem a intuição e não pensa, ele apenas dá o caminho e você decide.