Governador do Rio diz que vai trabalhar para reformar sambódromo

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, se comprometeu a trabalhar para conseguir reformar o Sambódromo da capital. Ele criticou a ameaça, dias antes do carnaval, de que os desfiles não ocorressem por falta de estrutura na Marquês de Sapucaí.

“Não podemos ter essas situações que estamos vivenciando hoje em que a Justiça tem que interferir, corretamente, mas nós precisamos reformar o Sambódromo. Precisamos trabalhar. Precisamos fazer o que tem que ser feito”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Parceria
O secretário especial de Cultura, Henrique Medeiros Pires, que também acompanhou os desfiles na pista do Sambódromo próximo ao governador, disse que espera uma parceria do governo federal para a reforma do Sambódromo.

“O Sambódromo é de 1984, uma obra de Oscar Niemeyer e ele precisa ser readequado porque as condições exigidas em 1984 não são exatamente as mesmas de hoje. É uma obra do Niemeyer e vamos ter o congresso internacional de arquitetura no Rio, no ano que vem. Esse vai ser um centro de visitação e de eventos. Vamos ser parceiros sim”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Durante os desfiles, o secretário observava com muita atenção a apresentação das escolas. “É a primeira vez que venho e chego na passarela e estou confirmando só o que todo mundo já sabe. É o maior carnaval do Brasil”, completou.

Juiz
O juiz da Lava Jato no Rio, Marcelo Bretas, também estava na avenida próximo ao governador. Ele disse que essa era a primeira vez que assistia de perto os desfiles. Bretas não revelou o nome da escola pela qual torce, mas deu uma dica. “Eu sou de Nilópolis”, contou.

Desfiles
Torcedor do Salgueiro, Witzel acompanhou da pista, junto com a mulher Helena, a passagem das escolas no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial.

Para o governador, apesar de todas as dificuldades financeiras que as escolas enfrentaram antes do carnaval, as agremiações conseguiram se superar.

“Ano que vem nós vamos fazer mais. A cultura brasileira é isso aqui. É o carnaval que traz a crítica, traz a história e traz alegria que a gente vê”, disse.

Ainda na avenida, o governador recebeu um abraço do jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho. Durante o desfile do Salgueiro, o presidente da escola, André Vaz, entregou a Witzel uma réplica da faixa de governador nas cores azul claro e branca.

Sete escolas desfilam hoje no sambódromo do Rio de Janeiro

As últimas sete escolas das 14 que compõem o Grupo Especial no Rio de Janeiro desfilam entre a noite de hoje (4) e a madrugada desta terça-feira (5). A abertura do segundo e último dia de desfiles ficará por conta da São Clemente, que entra no Sambódromo às 21h15.

A escola amarela e preta, que se originou em Botafogo e hoje tem sede no centro da cidade, levará para a Marquês de Sapucaí, uma reflexão sobre o mundo do samba e uma homenagem aos antigos carnavais. Assim como a Império Serrano, em vez de trazer uma composição original, decidiu trazer uma reedição de um samba da agremiação, de 1990, ano em que a escola conquistou um sexto lugar, sua melhor colocação até hoje.

A tricampeã Unidos de Vila Isabel (1988, 2006 e 2013) é a segunda a entrar na Passarela do Samba, às 22h20. A azul e branco da Vila homenageia Petrópolis, a Cidade Imperial.

Às 23h25 entra na avenida a maior campeã do carnaval carioca, a Portela, que tem nada menos do que 22 títulos, sendo o último conquistado em 2017. A azul e branco de Madureira levará para o Sambódromo uma homenagem à cantora Clara Nunes e sua relação com o bairro de origem da escola de samba.

A União da Ilha do Governador, que assim como a São Clemente e a Acadêmicos do Grande Rio nunca levou um título do grupo especial para casa, será a quarta escola a desfilar, a partir de 0h30 de terça-feira. A tricolor (azul, vermelha e branco) da Ilha vai usar os escritores Rachel de Queiroz e José de Alencar para homenagear o Ceará.

A atual vice-campeã, Paraíso do Tuiuti, que tem as cores azul e amarelo e que também nunca ganhou um título no Grupo Especial, entra na avenida à 1h35. A agremiação de São Cristóvão vai usar a figura cearense do bode Ioiô para protestar contra a política brasileira.

A sexta escola a pisar na avenida, às 2h40, será a multicampeã Estação Primeira de Mangueira, que tem 19 títulos – o último deles de 2016. O enredo da verde e rosa vai falar sobre os heróis populares que não aparecem nos livros de história brasileira.

A segunda noite de Carnaval no Sambódromo termina com o desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, que entra na Sapucaí às 3h45, com um enredo sobre o tempo. A escola da zona oeste busca repetir o feito de 2017 e conquistar seu sétimo título.

Trinta e seis jurados avaliarão as escolas em nove quesitos: mestre-sala e porta-bandeira, bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, alegorias e adereços, fantasias e comissão de frente. Cada quesito receberá uma nota de 9,0 a 10, com variação de casa decimal (como 9,1 ou 9,8, por exemplo).

As duas últimas colocadas serão rebaixadas para o Grupo de Acesso, enquanto a campeã do Grupo de Acesso desfilará no Grupo Especial em 2020. As seis primeiras colocadas voltam a desfilar no sábado (9).

Para entender o desfile

Cada escola de samba tem no mínimo 65 minutos e no máximo 75 minutos para desfilar; pelo menos 200 ritmistas na bateria; pelo menos 70 baianas; de 5 a 6 alegorias; de 10 a 15 pessoas na comissão de frente; máximo de 200 diretores e de 2,5 mil a 3,5 mil componentes

Segue a ordem do desfile da noite de hoje:

Às 21h15: São Clemente

Entre 22h20 e 22h30: Vila Isabel

Entre 23h25 e 23h45: Portela

Entre 0h30 e 1h: União da Ilha do Governador

Entre 1h35 e 2h15: Paraíso do Tuiuti

Entre 2h40 e 3h30: Mangueira

Entre 3h45 e 4h45: Mocidade Independente de Padre Miguel

Gravatá Jazz Festival leva o público ao delírio em mais uma noite de apresentações

Se engana quem acha que Carnaval é só Frevo. Em Gravatá os ritmos alternativos como o Jazz, Blues e até Rock’n Roll estão dando o que falar e atraindo milhares de pessoas ao Pátio de Eventos Chucre Mussa Zarzar.

Neste domingo (3) foi realizada a segunda noite de apresentações da 4ª edição do Gravatá Jazz Festival. Quem abriu a noite foi a banda recifence Vintage Pepper, que trouxe um repertório contagiante com grandes clássicos do Jazz. Com um tributo a Jimi Hendrix, o guitarrista Victor Biglione deu um verdadeiro show e foi a segunda atração do domingo.

E para quem gosta de Rock a noite terminou de forma especial. Andreas Kisser, líder de uma das maiores bandas de heavy metal do mundo (Sepultura) apresentou com Vasco Faé um show exclusivo levando o público ao delírio.

“Foi inesquecível o que vivi esta noite. O público daqui é contagiante e passa uma energia muito boa, eles realmente gostam de música e a gente poder viver isso no Carnaval é incrível. Só tenho o que agradecer a essa cidade maravilhosa por me receber tão bem”, disse Andreas.

O ilustrador gravataense Fábio Alexandre veio com os amigos curtir o Festival e contou que todas as suas expectativas estão sendo superadas.

“A cada ano o Festival consegue ser melhor. Ter um evento deste porte em minha cidade, em pleno Carnaval, é um grande orgulho”, falou.

E como o show não pode parar, hoje tem muito mais! Confira a programação:

Confira a programação:

Segunda 04/03
20h Mr. Trio
21h Uptown Blues Band convida Nuno Mindelis
22h Airto Moreira & Flora Purim

Terça 05/03
19h30 Arthur Philipe – Tributo Nat King Cole
20h30 Allycats
21h30 Blues Beatles
22h20 Terrie Odabe

Brinque o Carnaval no Caruaru Shopping!

Para quem preferir brincar o Carnaval de uma forma mais tranquila e com segurança, o Caruaru Shopping estará oferecendo uma programação especial ligada à Folia de Momo. De 2 a 5 de março, a partir das 13h, haverá apresentações musicais, e orquestras de frevo estarão circulando pelo centro de compras e convivências, além de shows nas praças de alimentação.

Nos dias 2 e 3, a criançada poderá cair na folia a caráter, quando será realizada pintura no rosto. A ação acontecerá próximo ao mall do hipermercado, das 12h às 17h.

Já no dia 4, das 12h às 19h, haverá a oficina de máscaras de Carnaval (com papel machê). A aula será no mall do hipermercado. “Vale destacar que todos esses eventos são gratuitos”, adiantou o gerente de Marketing do Caruaru Shopping, Walace Carvalho. “O nosso objetivo é oferecer uma opção de lazer com segurança, conforto e muita diversão”, completou.

O Caruaru Shopping fica localizado na Avenida Adjar da Silva Casé, 800, no Bairro Indianópolis.

Horário de funcionamento durante o Carnaval

Sábado (02/03)
Lojas e quiosques – 10h às 20h
Hiper Bompreço – 9h às 22h
Praça de Alimentação e Lazer – 11h às 20h
Academia – 8h às 18h
Center Bowling – 12h às 21h
Centerplex – Conforme horário de sessão.

Domingo (03/03)
Lojas e quiosques – 12h às 21h
Hiper Bompreço – 9h às 21h
Praça de Alimentação e Lazer – 11h às 21h
Academia – 9h às 15h
Center Bowling – 12h às 21h
Centerplex – Conforme horário de sessão.

Segunda e terça – (04 e 05/03)
Lojas e quiosques – 12h às 20h
Hiper Bompreço – 9h às 21h
Praça de Alimentação e Lazer – 11h às 21h
Academia – 9h às 15h
Center Bowling – 12h às 21h
Centerplex – Conforme horário de sessão.

Quarta – (06/03)
Lojas e quiosques – 12h às 20h
Hiper Bompreço – 9h às 21h
Praça de Alimentação e Lazer – 11h às 21h
Academia – 5h30 às 23h
Center Bowling – 12h às 21h
Centerplex – Conforme horário de sessão.

No Equador, Guaidó diz que transição busca resgate democrático

Em uma mais etapa de visita a países da América do Sul, Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino na Venezuela, reiterou no Equador que os venezuelanos precisam do apoio internacional para restaurar a democracia e conquistar a liberdade. O presidente equatoriano, Lenín Moreno, que o caminho está próximo.

“Cruzada de transformação profunda que necessita o povo venezuelano. Estamos no caminho para sair deste abismo”, ressaltou o equatoriano. “O povo equatoriano sente a tragédia vivida pelo povo venezuelano.”

Guaidó reafirmou que sua determinação se sustenta na “luta por valores fundamentais e essenciais”. Segundo ele, o esforço é para promover “transição pacífica e cooperação saudável”. A meta, de acordo com o venezuelano, baseia-se em “democracia, liberdade e um período de prosperidade”.

Nos últimos dias, o venezuelano esteve na Colômbia, no Brasil, no Paraguai e na Argentina, além do Equador. Guaidó disse que pretende voltar para a Venezuela e promover mobilizações amanhã (4) e terça-feira (5).

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Porções de maconha com foto de Bolsonaro são apreendidas

Pacotes tinham as incrições ‘Bolso Bek’ e ‘na primeira, legalizo’

Um jovem de 17 anos foi apreendido pela Guarda de Mogi Mirim (SP), nesse sábado (2), com 37 porções de maconha em embalagens com a foto do presidente Jair Bolsonaro. Os pacotes tinham as inscrições “Bolso Bek” e “na primeira, legalizo”.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou ao “G1” que o adolescente carregava ainda 28 porções de cocaína e R$ 7,00. Segundo a pasta, ele confessou a prática de tráfico de drogas.

Operação detém 589 pessoas em 36 horas em São Paulo

A Operação Carnaval Mais Seguro prendeu 422 pessoas, apreendeu 40 adolescentes e capturou 127 procurados pela Justiça, durante as 70.590 abordagens feitas pelas polícias Civil e Militar em todo o estado de São Paulo, desde as 19h de sexta-feira (1) até as 7h de ontem (03).

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo, os efetivos das duas polícias foram reforçados em todo o estado para o feriado prolongado. A operação está sendo feita em locais de concentração de foliões e blocos.

Durante as 36 horas do início da operação, mais de 46,9 mil veículos foram vistoriados e 1.273 motoristas autuados por consumo de álcool ou por se recusar a fazer o teste do bafômetro.

A Polícia Militar apreendeu 43 armas e 648,5 quilos de drogas, além recuperar 121 veículos produtos de roubo ou furto.

Pequenos negócios sustentam a geração de emprego no início de 2019

Em contrapartida às médias e grandes empresas, que fecharam mais de 25 mil vagas de trabalho, os pequenos negócios seguraram a geração de empregos no primeiro mês de 2019. Análise do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, relativos ao mês de janeiro, mostrou que as micro e pequenas empresas foram as principais responsáveis pela manutenção do nível de emprego no país. A exemplo do que ocorreu ao longo de todo o ano passado, elas mantiveram o saldo positivo de postos de trabalho, com a geração de 60,7 mil empregos formais. Já as médias e grandes empresas, ainda sofrendo o impacto da crise econômica, começaram o ano registrando uma extinção líquida de 25,7 mil vagas.

O estudo do Sebrae também confirma que os pequenos negócios do setor de Serviços lideraram a geração de empregos em janeiro, criando praticamente 40 mil postos de trabalho, mais de dez vezes a quantidade de postos gerados pelas médias e grandes neste setor. O desempenho do setor foi impulsionado principalmente pelas empresas que atuam no ramo imobiliário (19,6 mil empregos), nos serviços médicos e odontológicos (6,8 mil empregos) e nos serviços ligados à alimentação e bebidas (6,5 mil empregos). Na sequência, a Indústria de Transformação se destacou com a criação de 29 mil novas vagas. Em contrapartida, as micro e pequenas empresas do Comércio tiveram um saldo negativo (demitiram mais do que contrataram), no primeiro mês de 2019, tendo apresentado uma perda de 33,6 mil vagas de trabalho.

Segundo o presidente do Sebrae, João Henrique de Almeida Sousa, embora o saldo de empregos gerados pelos pequenos negócios no último mês de janeiro tenha ficado 26,4% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, o resultado foi superior aos saldos verificados no mesmo mês de 2015, 2016 e 2017. “Os pequenos negócios continuam sendo a locomotiva que mantém a economia brasileira em movimento, em especial no que diz respeito à manutenção do nível de emprego”, comentou.

As MPE do estado de São Paulo foram as que mais geraram empregos em janeiro (15,8 mil empregos), acompanhadas pelas MPE de Santa Catarina (10,9 mil empregos) e do Mato Grosso (10,4 mil empregos). Apesar de as micro e pequenas empresas de São Paulo (região Sudeste) terem liderado a geração de emprego em janeiro/2019, foram os pequenos negócios da região Sul que criaram mais vagas de trabalho no primeiro mês deste ano (27,1 mil empregos), seguidas pelas MPE da região Centro-Oeste (18,9 mil empregos).

Novos empregos ainda não têm data para chegar

A eleição do presidente Jair Bolsonaro, no ano passado, começou a esboçar um cenário de otimismo e expectativas positivas para a economia brasileira junto aos investidores, de todo o mundo, atentos às oportunidades do Brasil a partir deste ano. Mas as possibilidades de investimentos ainda são esparsas e a roda do mercado de trabalho deve continuar a girar lentamente na recomposição do emprego formal, especialmente em Pernambuco.

Desde o ano passado, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que passou para o âmbito do Ministério da Economia com a extinção do Ministério do Trabalho, o Brasil vem retomando a empregabilidade, com um saldo de 529.554 postos criados em 2018. “Conseguimos reduzir bastante a taxa de desemprego. Tivemos um pico em março de 2017 e março de 2018, com queda significativa, terminando o ano em 11,6%. Com a inclusão de janeiro de 2019, a taxa chegou a 12%, representando um universo de 12,7 milhões de pessoas em desemprego aberto”, afirma o economista e sócio-diretor da Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, Tarcísio Araújo.

Para ele, o resultado é positivo mas do ponto de vista social, a redução de desemprego está longe do ideal. “Isso só será resolvido com um crescimento sustentável. Temos, porém uma vantagem que ocorre a cada recessão: ter uma grande capacidade ociosa, que deve estar além de 40%. Podemos retomar a produção, havendo as condições ambientais favoráveis ao crescimento, sem imediatamente incorrer em novos investimentos”, analisa.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo IBGE no último dia 15, mostra que a recessão, vivida a partir de 2014, deixou sequelas que só o tempo e os investimentos que ele pode trazer vão sanar. Em 2012, o Brasil tinha 32,93 milhões de empregados da iniciativa privada com carteira assinada. O número passou a 36,61 milhões dois anos depois e, no último trimestre de 2018, estes trabalhadores eram 32,99 milhões. Não bastasse a diferença negativa, há o agravante do aumento da força de trabalho que, entre 2017 e 2018, ganhou mais 778 mil pessoas.

“Houve um grande desarranjo no mercado de trabalho, tivemos uma precarização do emprego nos últimos cinco anos, com aumento da informalidade e de mão de obra subutilizada. Milhões de pessoas ficaram desempregadas, enquanto a força de trabalho e a população estão aumentando. A economia tem que crescer não apenas para reempregar quem perdeu o posto, mas para absorver quem está entrando no mercado”, comenta o também economista e sócio-diretor da Ceplan, Jorge Jatobá, ex-secretário da Fazenda de Pernambuco.

Tempestade perfeita

Em Pernambuco, os resultados do Caged de 2018 são ainda mais impactantes. O saldo entre trabalhadores demitidos e admitidos no mercado formal aiu do vermelho de -6.498 de 2017 para 2.023 no ano passado – muito pouco em relação às necessidades dos seus 651 mil desempregados, volume que resultou de uma baixa de 16,7% para 15,5% na taxa de desemprego, segundo a Pnad Contínua, divulgada no mês passado.

“Pernambuco teve um crescimento pífio do emprego formal, com saldo de 2.023 postos, apenas 0,38% do que foi gerado no País no ano passado”, aponta Jorge Jatobá. Com uma economia centrada em serviços, que representa 65% do seu Produto Interno Bruto (PIB), o Estado sofreu queda de 1% no setor em 2018 e mais ainda com a redução de 7,3% nos serviços de administração técnica e profissional, que refletem a baixa de -3.800 empregos na indústria de transformação e de -1.631 na construção. “A construção tem dificuldades porque depende muito de contratações pelo governo e investimentos em infraestrutura , além das incorporações imobiliárias que reduziram muito os lançamentos de imóveis. As perdas de vagas na construção são consecutivas nos últimos cinco anos”, ressalta.

O baixo nível de emprego no Estado se confronta com uma reação positiva à crise e à recessão representada pelo crescimento do PIB de 2,2% até o terceiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período de 2017. As explicações para esta incoerência, segundo Jorge Jatobá, passam por três hipóteses importantes. A primeira é que as novas empresas que vieram para Pernambuco são altamente automatizadas, robotizadas, com vasta inovação tecnológica e alta produtividade no trabalho, “gerando muito valor agregado com poucos empregos”. A segunda é que quem sobreviveu à crise passou por processos de enxugamento, de inovação e saiu dela empregando menos do que antes e, finalmente, pelo peso do Estado como condutor da empregabilidade.

“Em Pernambuco, assim como no Nordeste, o investimento público estadual caiu muito por conta da politica fiscal, isso afeta a geração de emprego. Não tem mais o Estado contratando muitas obras para investimentos em rodovias, portos, aeroportos, em toda infraestrutura. Pernambuco tem investido, com apoio da Caixa, em recursos hídricos, por causa da transposição. Caiu muito o investimento do Estado como proporção da Receita Corrente Líquida”, avalia Jatobá, acrescentando que esta queda nos investimentos estaduais impacta no restante da economia porque não gera massa salarial.

Saída pela qualificação

Secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Bruno Schwambach acredita que a qualidade da mão de obra pernambucana, somada ao polo educacional formador de mão de obra qualificada colabora para a atração de investidores que podem atenuar o desemprego. Como exemplo, ele cita o Porto Digital, no Bairro do Recife, que há 18 anos, criou um ambiente de negócios favorável para que pessoas pudessem montar suas empresas, gerar serviços, produzir renda e atrair grandes empresas.

“Temos 300 empresas faturando R$ 1,5 bilhão. Nossa projeção e compromisso é dobrar de tamanho em quatro anos. As empresas que têm vindo para o Estado experimentam a qualidade da mão de obra e se surpreendem. Conseguimos ter uma produtividade maior com custo bem menor que outros centros”, declara. Segundo ele, uma prova é a Accenture, player mundial em TI que começou com um escritório e 30 pessoas, mas foi dobrando de tamanho e resolveu montar seu centro de inovação da América Latina no Recife, com 2.500 empregos, e já projeta chegar a 5 mil em dois anos, vendendo serviços para o mundo inteiro.”

Outro exemplo é o centro de inovação da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), que começou pequeno e hoje tem 80 engenheiros e vai para 300 nos próximos quatro anos. A gente tem dito onde vai: venha experimentar Pernambuco e ver que tem gente trabalhadora, muito produtiva, que consegue agregar valor para as empresas que apostam aqui”, diz Schwambach.

Janeiro de 2019

Confirmando a previsão dos especialistas, dado do Caged do mês de janeiro revelou que enquanto no cenário nacional foram gerados 34,3 mil postos de trabalho com carteira assinada, em Pernambuco a situação foi oposta. O estado foi um dos que mais fechou vagas, com saldo negativo de 7.242 postos formais. O resultado foi diretamente influenciado pelo desligamento no setor do comércio, responsável por 9,3 mil desligamentos no mês.

“Já se esperava esse resultado negativo, pois existe a questão do fim dos contratos dos empregos temporários de dezembro. O comércio não vai ficar com um funcionário que foi contratado especificamente pelo aumento da demanda. Seria manter uma equipe grande para atender um número bem menor de clientes”, explica o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos.