Banco do Brasil tem lucro recorde de R$ 26,1 bi de janeiro a setembro

O Banco do Brasil (BB) bateu recorde de lucro nos nove primeiros meses do ano. De janeiro a setembro, a instituição financeira teve lucro líquido ajustado de R$ 26,1 bilhões, crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado.

Em nota, o BB informou que a melhoria dos lucros decorreu do crescimento da margem financeira bruta (+30,1%), decorrente do bom desempenho da carteira de crédito e dos investimentos em títulos. O banco também cita a diversificação das receitas (principalmente de serviços) e o controle dos gastos.

Apenas no terceiro trimestre, o lucro líquido ajustado alcançou R$ 8,8 bilhões, resultado 4,5% acima do mesmo trimestre de 2022 e 12,8% acima do trimestre anterior. O retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) chegou a 21,3%, o que, segundo o BB, representa um índice semelhante ao dos bancos privados.

De acordo com o BB, parte da melhoria decorre do crescimento do crédito. A carteira de crédito ampliada encerrou setembro em R$ 1,07 trilhão, 10% acima do registrado em setembro de 2022 e 2% acima do observado no fim do segundo trimestre.

O índice de inadimplência, que considera atrasos de mais de 90 dias, subiu de 2,73% em junho para 2,81% em setembro, refletindo a alta nos juros, mas, segundo o BB, está abaixo da média de 3,5% registrada no sistema financeiro nacional.

Segmentos

Na distribuição por segmentos de crédito, a carteira pessoa física ampliada cresceu 7,9% em relação a setembro do ano passado e 0,7% em relação a junho deste ano. O destaque foi o crédito consignado (+2% no trimestre e +8,9% em 12 meses).

Em relação ao crédito para empresas, a carteira pessoa jurídica ampliada expandiu-se 4,7% em 12 meses. O melhor desempenho foi registrado na carteira para micro, pequenas e médias empresas (+4,2% no trimestre e +14,2% em 12 meses).

O crédito para o agronegócio encerrou setembro com alta de 5,7% no trimestre e de 18,2% sobre setembro do ano passado. Somente na atual safra 2023/2024, foram emprestados R$ 68,8 bilhões, alta de 8,2% em relação à safra anterior. Os destaques no crédito para o agronegócio foram operações de custeio (+14,2% no trimestre e +18,9% em 12 meses), de investimento (+4,8% no trimestre e +37,1% em 12 meses) e comercialização (+8,7% no trimestre e +64,9% em 12 meses).

As operações de crédito sustentáveis, que respeitam parâmetros sociais e ambientais, atingiram R$ 338,8 bilhões no fim do terceiro trimestre, com alta de 5,5% em 12 meses. O crédito sustentável corresponde a 32% da carteira de crédito ampliada do banco.

Receitas e despesas

As receitas de prestação de serviços nos nove primeiros meses do ano cresceram 5% em 12 meses. As despesas administrativas subiram 8% na mesma comparação, segundo o BB por causa de investimentos em tecnologia.

Projeções

O Banco do Brasil manteve as projeções para 2023. A estimativa de lucro ajustado para o ano está entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões. A previsão de crescimento do volume de crédito neste ano está entre 9% e 13%. As receitas com serviços crescerão de 4% a 8%. A previsão para as despesas administrativas foi mantida, com alta de 7% a 11% neste ano.

PF investiga tentativa de entrada de rede terrorista no Brasil

Rio de Janeiro (RJ), 08/11/2023 – O ministro da Justiça, Flávio Dino durante evento de assinatura de acordo para criação do Comitê de Inteligência e Recuperação de Ativos (CIFRA) e entrega de novas viaturas à Polícia Militar, no Palácio Guanabara, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A Polícia Federal está investigando a hipótese de uma rede terrorista buscar se instalar no Brasil. A informação é do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que participou nesta quarta-feira (8), da cerimônia de assinatura do Acordo de Cooperação Técnica para a criação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra).

A Operação Trapiche foi deflagrada hoje para interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para atos extremistas no país. Segundo a PF, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e 11 mandados de busca e apreensão nos estados de Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.

“Vejam que é uma hipótese. A Polícia Federal está investigando, mostrando que neste caso, nós só temos um lado, que é o lado da lei, que é o lado dos compromissos internacionais que o Brasil assumiu.

O ministro reforçou que ainda não há confirmação, mas a investigação mostra a seriedade do trabalho do governo federal para desarticular no Brasil eventuais redes internacionais voltadas ao terrorismo.

“Quando for possível, com certeza, a Polícia Federal vai divulgar os detalhes sobre isso”, assegurou.

Segurança nas escolas

Na ocasião, Flávio Dino também falou sobre as operações para apurar a violência nas escolas. De acordo com o ministro, as ações partem da possibilidade de que atos violentos nas unidades escolares têm a ver com a proliferação dos discursos de ódio, e não com a as narcomilícias.

“Infelizmente há quase sempre a localização de artefatos ou livros que evocam o nazismo ou neonazismo”, detalha. “Isso está mais relacionado com os abusos de plataformas digitais envolvendo adolescentes ou jovens adultos. Anteontem teve uma operação em Santa Catariana que estava vinculada ao ataque que houve em Sapopemba em São Paulo, mostrando que é uma rede que ultrapassa as divisas de cada estado.

O ministro aproveitou o tema para divulgar o site De Boa nas Redes, lançado pelo Ministério da Justiça. É um dicionário de como as famílias podem proteger crianças e adolescentes, exercendo monitoramento e prevenção.

“Não significa que o Estado se desonera das suas responsabilidades”, destacou o ministro, acrescentando que o Laboratório Contra Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça está trabalhando em conjunto com os governos estaduais, nesse tipo de crime, cujo combate é prioritário para o governo.

“Uma vez que nesta semana já foram duas operações em que houve identificação de possível planejamento de ataques contra escolas. Neste caso, é evidente que a ação preventiva é o certo. Ninguém vai esperar para ver, dada a alta lesibilidade que acontece em uma creche ou uma escola, se uma pessoa com armas brancas ou arma de fogo ingressar para perpetrar crimes”, disse o ministro. Ele lembrou que nesta quarta-feira houve operações da Polícia Federal e de polícias estaduais para o cumprimento de 11 mandados de prisão, busca e apreensão contra grupos que tentam levar ideais nazistas e de violência aos jovens.

GLO

O ministro também destacou o papel das Forças Armadas na Garantia de Lei e da Ordem (GLO) para atuar em áreas federais contra o tráfico de drogas. Dino saudou as Forças que, segundo ele, estão fazendo uma movimentação bastante rápida, considerando que é uma mobilização complexa.

“Com certeza os senhores já viram a presença de efetivos da Marinha e da Aeronáutica”, observou. “Acreditamos que a GLO fecha corredores logísticos”, disse o ministro, acrescentando que isso implica desarticulação das redes criminosas e aumento de custo da movimentação das engrenagens do crime.

Entre os resultados obtidos da GLO, que começou a atuar na segunda-feira, Dino destaca a apreensão de 1,6 tonelada de cocaína no porto de Vitória, no Espírito Santo.

Supremo valida norma que autorizou divórcio direto no Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta quarta-feira (8) a validade da emenda à Constituição que criou o divórcio direto. Com isso, ficou estabelecido que o casamento civil pode ser dissolvido pela solicitação do divórcio, sem a necessidade prévia da separação judicial.

Na prática, a decisão da Corte confirma que não é necessária a separação judicial do casal antes da solicitação do divórcio direto, que é realizado em cartório e com a presença dos advogados de cada parte.

A medida entrou em vigor com a Emenda Constitucional nº 66, de 2010, e facilitou o processo de divórcio nos casos em que há consenso entre o casal sobre o término do casamento e não há filhos menores de idade. Nas outras hipóteses, a dissolução do casamento é feita pela Justiça.

O caso chegou ao Supremo por meio do recurso de um cônjuge que contestou o mecanismo de divórcio direto. Antes da emenda, o divórcio só era efetivado após a separação judicial por um ano ou a comprovação do fim do relacionamento conjugal há pelo menos dois anos.

Prevaleceu no julgamento o voto proferido pelo ministro Luiz Fux. Para o ministro, a ação judicial foi extinta do ordenamento jurídico com a promulgação da emenda e não é mais requisito prévio para o divórcio.

Durante o julgamento, a ministra Cármen Lúcia, única mulher a atuar no STF, afirmou é discriminada mesmo sendo juíza da Corte. Ao longo da história do país,  foi possível sustentar nos processos de separação a culpa da mulher por violação dos deveres conjugais. “Estou falando porque, como juíza de um tribunal constitucional, sou tratada com discriminação em várias ocasiões.”

Pela decisão do Supremo, fica mantido o estado civil das pessoas que já estão separadas por decisão judicial ou escritura pública.

Senado aprova reforma tributária; texto volta à Câmara

Brasília (DF) 08/11/2023  Sessão que votou em  primeiro turno, a proposta de emenda à Constituição (PEC 45/2019) da reforma tributária. ( Senadores governistas comemoram a votação) .Foto Lula Marques/ Agência Brasil

O Senado aprovou nesta quarta-feira (8) o texto-base da reforma tributária sobre o consumo. Tanto no primeiro quanto no segundo turno o placar foi o mesmo: 53 a 24. A votação em primeiro turno foi concluída pouco depois das 19h, já o resultado do segundo turno foi conhecido duas horas depois. A aprovação da PEC exigia o voto de pelo menos 49 dos 81 senadores.

Como a PEC passou por mudanças no Senado, terá de voltar à Câmara dos Deputados para uma nova votação. Os parlamentares esperam concluir a tramitação nas duas Casas até o final do ano. Por causa da complexidade da proposta, os senadores optaram por não fatiar o texto, promulgando a parte aprovada e deixando as alterações para os deputados votarem.

Após a aprovação em segundo turno, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a reforma tributária “se impôs porque o Brasil não podia mais conviver com o atraso”. Segundo ele, as mudanças na tributação sobre o consumo estimularão o desenvolvimento econômico, ao substituir o “carnaval tributário” existente até agora no Brasil, citando uma expressão do tributarista Augusto Becker, e unificar tributos.

“Ao consolidar inúmeros tributos em apenas três, o Imposto sobre Bens e Serviços, a Contribuição sobre Bens e Serviços e o Imposto Seletivo, o texto vai reduzir a complexidade burocrática, o que possibilitará às empresas concentrar recursos e esforços em seus negócios principais, fomentando a inovação e estimulando o crescimento econômico”, ressaltou Pacheco.

Durante as discussões em plenário, que começaram por volta das 15h, o relator da proposta de emenda à Constituição (PEC), senador Eduardo Braga (MDB-AM), acatou seis novas emendas que ampliam as exceções à alíquota padrão do futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA). Por sugestão da vice-líder do Governo no Senado, Daniella Ribeiro (PSD-PB), o setor de eventos foi incluído na alíquota reduzida em 60%.

O relator também acolheu emenda do senador Plínio Valério (PSDB-AM) para equiparar a remuneração dos servidores dos fiscos municipais e estaduais aos da Receita Federal. Segundo Valério, a integração do mesmo fato gerador entre a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), da União, e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), administrado pelos governos locais, fará os fiscos locais exercerem a mesma função da Receita.

Governadores

Na votação desta quarta, a proposta enfrentou resistência de última hora de governadores do Sul e do Sudeste. Eles protestaram contra uma emenda acatada por Braga na CCJ que acrescentou três parágrafos ao Artigo 19 da PEC que prorroga, pela quarta vez, incentivos a montadoras de veículos do Nordeste e do Centro-Oeste. Essa prorrogação havia sido derrubada na Câmara, em julho, quando os deputados rejeitaram um destaque para prorrogar os benefícios para as duas regiões.

No início da tarde, os governadores do Sul e do Sudeste reuniram-se com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ameaçaram orientar as bancadas de seus estados a votar contra a reforma tributária caso não consigam retirar, na votação de destaques, emendas que consideram como “jabutis”, inclusões de pontos não relacionados à proposta principal. Segundo os governadores, as alterações de última hora ampliam a desigualdade de tratamento entre Norte, Nordeste e Centro-Oeste contra as outras duas regiões.

Novas exceções

Na votação de ontem, na CCJ, Braga tinha acatado 247 emendas de um total de 777. Entre as mudanças aceitas, está a emenda do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), que estende ao gás de cozinha o cashback. A versão anterior do parecer tinha incluído a energia elétrica no mecanismo de ressarcimento de tributos às pessoas mais pobres.

Outra mudança está no tratamento diferenciado a clubes de futebol. Proposta pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), a emenda mantém o recolhimento unificado de tributos pelas sociedades anônimas do futebol. Segundo Braga, esse mecanismo jurídico tem ajudado a recuperar a saúde financeira dos clubes. O relatório já previa que as atividades esportivas pagariam alíquota reduzida em 60% da futura Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do futuro Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

O novo parecer incluiu benefícios para taxistas comprarem veículos. Braga acolheu emenda da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), que manterá a isenção na compra de automóveis por taxistas e por pessoas com deficiência ou consideradas dentro do espectro autista. O relatório anterior extinguiria o benefício, com a unificação de tributos.

Braga acatou ainda uma emenda do senador Marcelo Castro (MDB-PI) para restaurar a alíquota reduzida para atividades de restauração urbana de zonas históricas. O benefício estava no texto aprovado pela Câmara dos Deputados, mas havia sido excluído na primeira versão do parecer do relator.

Outros benefícios incluídos no relatório são a alíquota zero para medicamentos e dispositivos médicos comprados pelo governo e por entidades de assistência social sem fins lucrativos, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES). Braga também acolheu emendas dos senadores Esperidião Amin (Progressistas-SC) e Izalci Lucas (PSDB-DF) para zerar a alíquota de IBS, tributo administrado pelos estados e municípios, para serviços prestados por instituições científicas, tecnológicas e de inovação sem fins lucrativos. Na versão anterior, apenas a CBS, tributo federal, teria a alíquota zerada.

Trava

As principais alterações da reforma tributária em relação à versão aprovada pela Câmara constam da primeira versão do relatório divulgada por Braga no fim de outubro. As principais mudanças são a criação de um teto para a carga tributária, a revisão a cada cinco anos dos regimes especiais de tributos e a ampliação do Fundo de Desenvovimento Regional (FDR), criado para incentivar o desenvolvimento de regiões de menor renda, de R$ 40 bilhões para R$ 60 bilhões por ano a partir de 2043.

Dívida pública bruta do Brasil permanece em 74,4% do PIB em setembro

A dívida bruta do país ficou estável em 74,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e fechou em mês de setembro em R$7,8 trilhões. Os dados são do Banco Central e foram divulgados nesta quarta-feira (8). No ano, a elevação foi 1,5 ponto percentual.

A dívida bruta é calculada com base nas contas do governo federal, INSS, governos estaduais e municipais. O número veio em linha com a expectativa de mercado, também em 74,4%.

Também foram divulgadas as contas do setor público consolidado, formado por governo federal, estados, municípios e empresas estatais. Houve déficit primário de R$18,1 bilhões em setembro, ante superávit de R$10,7 bilhões em setembro de 2022.

O superávit primário considera que as receitas superaram as despesas, sem considerar o pagamento de juros da dívida pública. O déficit é justamente o contrário.

O Globo

TSE cassa deputado federal por infidelidade partidária

Por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou nesta terça-feira (7) o mandato do deputado federal Marcelo de Lima Fernandes (PSB-SP), eleito nas eleições de 2022. Ele recebeu cerca de 110 mil votos.

Com a decisão, a Justiça Eleitoral de São Paulo será comunicada para realizar a totalização dos votos. O resultado do julgamento abre caminho para que o ex-deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), primeiro suplente da legenda, possa assumir a cadeira, no entanto, a decisão final será do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo.

O julgamento foi motivado por uma ação de perda de mandato apresentada pelo Solidariedade contra Fernandes. De acordo com o partido, o parlamentar saiu do partido em fevereiro deste ano sem apresentar justa causa exigida pela legislação eleitoral.

Na defesa apresentada ao tribunal, Marcelo Lima afirmou que deixou o Solidariedade após o partido não ter atingido a cláusula de barreira nas eleições de 2022, número mínimo de parlamentares para ter acesso ao fundo partidário e tempo de propaganda. O requisito é uma das justas causas para desfiliação partidária.

O julgamento começou em agosto e foi finalizado na sessão desta terça-feira. A maioria dos ministros seguiu voto proferido pelo relator, ministro André Ramos Tavares.

No entendimento do ministro, apesar de não ter atingido a cláusula de barreira, o Solidariedade promoveu uma fusão com o Pros e passou a cumprir a cláusula.
Dessa forma, a justa causa para desfiliação deixou de valer para o parlamentar.

Além disso, o deputado só comunicou a Justiça Eleitoral sobre sua desfiliação no dia seguinte após a incorporação dos partidos.

Cabe recurso contra a decisão do TSE. A Câmara dos Deputados também será comunicada sobre a sentença.

A Agência Brasil entrou em contato com gabinete do deputado e aguarda retorno.

Procurador diz que MP ainda busca provas que corroborem delação de Mauro Cid: “Ali só há narrativas”

Brasília (DF) 11/07/2023 Depoimento para CPMI do golpe do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante-de-ordens do então presidente Jair Bolsonaro.Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

Coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da Procuradoria-Geral da República (PGR), o subprocurador-geral Carlos Frederico dos Santos considera que a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, inclui somente “narrativas” do ex-assessor. Em entrevista ao Globo, Santos ressaltou ser necessário aprofundar as investigações para que elas resultam na apresentação de denúncia contra o ex-chefe do Palácio do Planalto.

Desde o início, a PGR foi contrária ao acordo de delação firmado entre o militar e a Polícia Federal (PF), sob argumento de que não cabe à corporação assinar tal tipo de colaboração. O coordenador evitou, porém, desqualificar a atuação da PF.

— Quando nós temos um acordo de delação, tudo que é dito precisa ser corroborado. Eu não posso dizer que uma peça dessa será proveitosa se isso não acontecer. Não faço críticas à PF nem a quem firmou o acordo, mas meu olhar é do órgão acusador e, nessa perspectiva, pode afirmar que ali há só narrativas e não há robustez para o oferecimento de denúncia — afirmou, ao analisar a delação. — Então, diante de não haver isso, ela é fraca. Mas ressalto que isso não é falha no trabalho de ninguém — acrescentou.

Como O Globo revelou em outubro, em um dos trechos da delação, Mauro Cid afirma que Bolsonaro participou diretamente da discussão a respeito da elaboração de um decreto golpista para impedir a troca de governo após as eleições de 2022. Segundo o depoimento do tenente-coronel, o ex-presidente pediu alteração em uma minuta de documento que determinava a prisão de autoridades e a realização de novas votações no país.

— O delator que se propõe a firmar esse tipo de acordo não basta possuir uma narrativa, ele tem que apontar os participantes de um crime e apontar, pelo menos, os caminhos até as provas para confirmarmos aquilo que ele falou. Por isso, há diversas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) anulando esses acordos porque as acusações se basearam tão somente nas delações — pondera Santos.

O subprocurador-geral afirmou ainda que, em nenhum dos temas mencionados na delação, como a suposta venda de joias recebidas por pelo ex-presidente Bolsonaro em viagens oficiais, Cid apresentou algum tipo de comprovação sobre os fatos expostos na delação.

Embora veja a delação como “fraca”, Santos garante ter solicitado novas diligências a fim de corroborar os supostos crimes descritos no acordo firmado pelo ex-ajudante de ordens com a Polícia Federal.

— Requisitei várias coisas, mas não posso falar sobre isso justamente para não frustrar a investigação. Não jogo provas fora, então eu quero dar valor a essa delação para que eu possa utilizá-la.

8 de janeiro
Carlos Frederico dos Santos também é responsável na PGR pela investigação dos atos golpistas do 8 de janeiro. Dez meses após as invasões e depredações das sedes dos três Poderes, em Brasília, o subprocurador informou que o foco da Procuradoria agora está nas autoridades que se omitiram e nos financiadores do vandalismo.

O subprocurador disse ainda que, a partir do compartilhamento de informações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI), que sugeriu o indiciamento de Bolsonaro e outras 59 pessoas, o trabalho de investigação deverá se estender também pelo próximo ano.

— Nós precisamos saber de onde parte a autoria intelectual. Todo mundo suspeita (de onde ela parte), mas eu costumo dizer que não investigo pessoas, investigo fatos. As pessoas então vão aparecendo, mas não vou afirmar nada prematuramente. Todas as provas estão sendo aproveitadas para um eventual oferecimento de denúncia nesse sentido — destacou ele.

O Globo

Vereador de São Gonçalo assassinado: em 20 anos, mais de 40 políticos foram mortos no estado do Rio

O vereador de São Gonçalo Aldecyr Maldonado (PL), conhecido como Cici Maldonado, de 61 anos, foi morto a tiros no fim da noite de terça-feira (7) naquele município. Dois assessores tinham acabado de deixar Cici em casa, quando homens armados chegaram atirando, e o político foi baleado na cabeça. A polícia civil investiga a autoria e a motivação do crime.

Levantamento realizado pelo Globo em outubro mapeou homicídios com indícios de atuação de milicianos, traficantes, contraventores do jogo do bicho ou grupos de extermínio, e chegou ao número de 43 políticos assassinados em 20 anos. Estes casos têm suspeita de participação do crime organizado.

São homicídios — em geral, execuções brutais, com emboscadas, homens encapuzados e múltiplos disparos — nos quais há indícios concretos de atuação de milicianos, traficantes, contraventores do jogo do bicho ou grupos de extermínio. Na média, é como se uma pessoa ligada a atividades políticas fosse morta a cada seis meses.

A violência contra políticos se concentra em anos eleitorais, períodos que correspondem a dois terços dos casos (29). Os ataques são ainda mais frequentes em pleitos municipais, como o de outubro próximo, que somam quase três vezes mais assassinatos do que as eleições gerais: 21 e oito, respectivamente.

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Baixada Fluminense epicentro da crise
A Baixada Fluminense é o epicentro do problema. A região se consolidou como a mais perigosa para quem ocupa cargo eletivo ou está em campanha para tal. Mais de 72% dos casos (31 de 43) do gênero ocorreram nos 13 municípios da região, onde vivem cerca de 4 milhões de habitantes.

Na capital, com população de 6,7 milhões, houve sete casos, sendo o ataque contra a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018, o mais emblemático. Dois ex-PMs — um deles expulso da corporação apenas cinco anos após o crime — que possuem vínculos estreitos com milicianos estão presos como executores do duplo homicídio, e a Polícia Civil ainda busca os mandantes.

Magé, na Baixada, foi a cidade com o maior número de políticos mortos no período, dez no total, seguida por Duque de Caxias, empatada na segunda posição com a capital (7). A lista tem Nova Iguaçu (5), Seropédica (4) e Nilópolis (3), todas na Baixada. Houve ainda dois casos em São Gonçalo, além de um em Niterói e um em Itaboraí — as três na Região Metropolitana. Rio Claro, com uma execução, é a única representante do interior. Veja no gráfico abaixo (caso não consiga visualizar, clique aqui):

Pioneiro no estudo de milícias e autor do livro “Dos barões ao extermínio: uma história de violência na Baixada Fluminense”— primeira obra a alertar, ainda em 2003, para o risco da entrada dos grupos paramilitares na política —, o sociólogo José Cláudio Souza Alves afirma que as quadrilhas se expandiram desde então. Uma das razões, diz ele, foi justamente a ampliação da atuação dos milicianos em diferentes frentes, inclusive embrenhando-se pelo poder público.

“Morre quem não faz acordo com a milícia e desafia seus integrantes, lançando candidaturas em áreas dominadas pelo crime sem autorização, assim como morre quem quebra pactos internos ou não aceita financiar a quadrilha” afirma o pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Entre as 43 execuções, há outros casos marcantes, além da morte de Marielle, ligados ao crime organizado. Indiciado pela CPI das Milícias, concluída na Assembleia Legislativa do Rio em 2008, Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, foi executado um ano depois por três homens encapuzados que invadiram o condomínio em que ele morava, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Em 2004, impulsionado pelo amplo apoio na comunidade que lhe rendeu o apelido — um dos principais berços da milícia no estado —, ele havia sido o nono vereador mais votado da capital.

Relator da CPI das Milícias, o então deputado estadual Marcelo Freixo, hoje presidente da Embratur, disse à época que a lista de alvos do colegiado estava “se tornando um obituário”. Mais de uma década depois, a declaração seguiu ganhando ares de profecia. Também indiciado pelo colegiado, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, foi morto à luz do dia, a tiros de fuzil, em agosto do ano passado.

O crime ocorreu em Campo Grande, na Zona Oeste, outra região de nascimento dos grupos paramilitares. Ao lado do irmão, o ex-deputado Natalino Guimarães, Jerominho fundou a maior milícia do estado, hoje pulverizada entre bandos menores que travam uma guerra — a morte em outubro de três médicos na Barra da Tijuca, após um deles ser supostamente confundido com um miliciano, está ligada a essa disputa por territórios.

“Se no início eram três grupos, hoje o total é desconhecido, tamanha a expansão e o surgimento de novas milícias, originárias de bandos mais antigos. Elas se espalharam por todo o estado, com exceção da Região Noroeste, onde o poder aquisitivo é menor” detalha José Cláudio Souza Alves.

Uma execução recente no estado foi a do ex-vereador do Rio Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, mais um citado na CPI das Milícias. Após sobreviver a um ataque anterior, ele e o irmão foram assassinados em agosto último, em Guadalupe, na Zona Norte. A família culpou traficantes, mas a Polícia Civil ainda apura o caso. Uma das linhas de investigação aponta para uma rixa entre quadrilhas rivais.

O Globo

Presidente Lula participa da assinatura da duplicação da BR-423 (PE)

Nesta quarta-feira, 8 de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da solenidade de assinatura da ordem de serviço da duplicação da BR-423, no trecho de 43,1 quilômetros entre as cidades pernambucanas de São Caetano e Lajedo. O ato contará com a presença do ministro Renan Filho (Transportes) e ocorrerá a partir das 11h30, no Salão Leste do Palácio do Planalto (Brasília/DF).

A rodovia BR-423 faz a ligação dos estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia, integrando as cidades de Garanhuns (PE), Ouro Branco (AL) e Paulo Afonso (BA). A obra de duplicação é aguardada há décadas.

Todo o empreendimento, com um total de 83,1 quilômetros – entre São Caetano e Garanhuns – está incluído no Novo PAC, e tem um investimento público previsto de R$ 554 milhões. Quando finalizada, beneficiará diretamente cerca de 300 mil habitantes e possibilitará a redução de acidentes e fretes na região, que se destaca pela produção leiteira e avícola e pelo potencial turístico.

Também estão previstas na solenidade as presenças dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), José Mucio (Defesa), Silvio Costa (Portos e Aeroportos), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), André de Paula (Pesca e Aquicultura) e José Messias (AGU), além de senadores e deputados, da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e de gestores municipais da região.

Serviço
Assinatura da ordem de serviço da duplicação da BR-423

Data: 8 de novembro de 2023 (quarta-feira)

Hora: às 11h30

Local: Salão Leste do Palácio do Planalto, Praça dos Três Poderes (Brasília/DF)

Folhape

Prefeitura de Caruaru participa de seminário sobre comunidades planejadas visando trazer benefícios para o município

O presidente da Autarquia de Urbanização e Meio Ambiente de Caruaru (URB), Francisco Batista, participou do principal seminário sobre bairros planejados do Brasil, o Complan. Na ocasião, ele representou a prefeitura visando trazer benefícios para o município.

“Foi uma experiência sem igual, porque vimos que Caruaru está no caminho certo para que possamos atrair investimentos. O mais importante é que as empresas estão vendo Caruaru como um cenário adequado para se investir, na gestão do prefeito Rodrigo Pinheiro”, disse Francisco.

Durante o evento, o município de Caruaru foi mostrado em uma das apresentações que ocorreram no Complan. “Um dos empreendedores, Avelar Loureiro, apresentou um bairro planejado, da ideia que ele tem para um espaço próximo ao Polo Caruaru”, afirmou o presidente da URB.

O Complan foi um seminário de bairros planejados, loteamentos e desenvolvimento urbano, que ocorreu no estado de São Paulo e contou com palestrantes nacionais e internacionais. Para Francisco Batista, a maior mensagem deixada pelo evento foi a importância do município ter espaços públicos de qualidade.

“Equipamentos como a Via Parque, por exemplo, estão em diálogo com os melhores espaços públicos de várias cidades do Brasil, principalmente quando a gente traz as famílias, o cidadão caruaruense, para se apropriarem desses espaços, trazendo vida e zelando por estes locais. Por parte da iniciativa privada, temos como exemplo a Praça da Unique. Nós estamos na mesma vertente de grandes cidades internacionais”, finalizou.