Enem garante recursos de acessibilidade para candidatos

Enem 2023

O estudante Álvaro Ribeiro, de 21 anos, fez o Exame Nacional do Ensino Médio utilizando o recurso de videoprova em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, em 2018 e em 2019. A primeira vez foi só para conhecer a prova, e, na segunda, ele conseguiu a pontuação suficiente para ingressar no curso de Gestão Pública do Instituto Federal de Brasília (IFB), na capital federal. 

Apesar de entender bem a Língua Portuguesa, o aluno, que tem deficiência auditiva e paralisia cerebral, sente dificuldade para compreender algumas palavras e expressões. Para ele, a oportunidade de fazer a prova em Libras, que domina, foi fundamental para ingressar no ensino superior.

“Para mim, é complicado entender o português escrito, não são todas as palavras que entendo. Se não tivesse a videoprova, iria me prejudicar, seria uma barreira para eu entender as questões”, diz Ribeiro.

A videoprova do Enem em Libras é um recurso oferecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) desde 2017. Nela, as questões e as opções de respostas são apresentadas na Língua Brasileira de Sinais por meio de um vídeo. Os editais, as cartilhas e as campanhas de comunicação do Enem também são disponibilizados em Libras.

O recurso é importante porque muitos surdos e deficientes auditivos têm a Libras como primeira língua e o português como segunda, o que dificulta o entendimento da prova no formato tradicional. Em 2023, 641 candidatos ao Enem pediram a aplicação da videoprova em Libras e 718 candidatos pediram um tradutor-intérprete em Libras. Segundo o Inep, cerca de 61,5 mil alunos da educação básica têm alguma deficiência relacionada à surdez no Brasil.

Além do recurso da Libras para os estudantes surdos, o Inep oferece outros tipos de atendimento e recursos de acessibilidade no Enem. Nesta edição, o Inep aprovou 38.101 solicitações de atendimento especializado e 70.411 pedidos de recursos de acessibilidade.

Entre os recursos mais pedidos pelos participantes estão o auxílio para leitura, com 10.721 solicitações aprovadas, a correção diferenciada, com 8.703, o auxílio para transcrição, com 7.507, e a sala de fácil acesso, com 6.449 pedidos. Entre os atendimentos especializados, as solicitações de pessoas com déficit de atenção alcançaram o maior número, com 13.686 pedidos aprovados, seguido pelo número de inscritos com baixa visão, que totalizaram 6.504.

Outros recursos de acessibilidade oferecidos são auxílio para leitura e para transcrição, leitura labial, leitura tátil e cartão-resposta ampliado.

Lula pede apoio de presidentes do Egito e da Autoridade Palestina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou, por telefone, com os presidentes do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Segundo o Palácio do Planalto, Lula pediu apoio para a saída de brasileiros da Faixa de Gaza e reafirmou a importância da busca pela paz na região.

Nas conversas, o presidente demonstrou preocupação com os civis palestinos e também condenou os ataques terroristas em Israel. Lula também defendeu a abertura de um corredor humanitário em Gaza e a libertação de todos os reféns.

Segundo o presidente, “os inocentes em Gaza não podem pagar o preço da insanidade daqueles que querem a guerra”.

Na quinta-feira (12), Lula conversou por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog, e reiterou a condenação brasileira aos ataques promovidos pelo grupo Hamas, que o presidente classificou como atos terroristas.

Repatriação

No diálogo com o presidente egípcio, Lula informou que, após brasileiros cruzarem a passagem de Rafah, eles serão acompanhados pelo embaixador do Brasil no Egito até o Aeroporto de Arish, onde embarcarão imediatamente em aeronave da Força Aérea Brasileira com destino ao Brasil.

Lula informou ainda que o Brasil deve enviar em breve ao Egito, entre outros itens, kits de medicamentos.

O presidente confirmou que o Brasil, no exercício da presidência do Conselho de Segurança da ONU, manterá atuação incansável para evitar um desastre humanitário ainda maior e o alastramento do conflito.

Ambos os presidentes reafirmaram a defesa da solução de dois Estados (israelense e palestino) e acordaram manter consultas frequentes sobre a crise em curso.

Após chuvas, governo acompanha situação de indígenas em SC

Santa Catarina - Força-tarefa do governo federal, coordenada pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, visita municípios de Santa Catarina atingidos pelas fortes chuvas. Foto: Dênio Simões/MIDR

O Ministério dos Povos Indígenas anunciou novas medidas de apoio a povos indígenas da Terra Indígena Ibirama-LaKlanõ, em decorrência das fortes chuvas que atingem a região sul do Brasil, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, onde habitam povos Xokleng, Guarani e Kaingang.

Entre as medidas está a ampliação do efetivo da defesa civil, com levantamento de quantos indígenas já foram resgatados para local seguro e aqueles que ainda se encontram ilhados ou em situação de risco, visando acelerar as remoções. Também foi solicitado um levantamento das quantidades de alimento e água potável já disponibilizadas à população indígena resgatada, bem como apresentação de um plano de continuidade dessas medidas até o fim da situação de calamidade.

As autoridades também prosseguirão com o atendimento de saúde aos indígenas já resgatados, incluindo o fornecimento de medicamentos e de profissionais de saúde em número compatível com a população atingida.

O ministério determinou a apresentação imediata de laudo que comprove a segurança do comportamento das águas após o fechamento das comportas da Barragem Norte, sobretudo após o transbordo das águas acima da estrutura de contenção. Além disso, um plano de contingência deverá ser apresentado para o caso de rompimento da construção de contenção, que implicaria em inundações abruptas e sem precedentes no Vale do Itajaí, segundo o governo.

Outra iniciativa anunciada é a criação de um Gabinete interministerial de Crise Humanitária e Ambiental, que será composto por agentes federais, estaduais e da sociedade civil. O objetivo é realizar uma gestão integrada da situação emergencial, além de facilitar a interlocução entre agentes públicos e a população afetada.

Grupo que aguarda saída de Gaza reúne 28 pessoas

14/10/2023, Brasileiros na Faixa de Gaza, aguardando retorno para o Brasil via Egito. Foto: Itamaraty/Divulgação

O governo brasileiro informou neste domingo (15) que o número total de pessoas prontas para a evacuação de Faixa de Gaza reúne 28 brasileiros e imigrantes palestinos. Ao todo, são 14 crianças, 8 mulheres e 6 homens adultos. Desses, 10 encontram-se em Rafah – cidade palestina na fronteira com o Egito, e 18 em Khan Younes, um pouco mais ao norte. São 22 cidadãos brasileiros, 3 imigrantes palestinos e 3 palestinos com residência no Brasil, segundo a última atualização.

O grupo segue aguardando a abertura da fronteira e a autorização do Egito para ingresso. Uma aeronave da Presidência da República, um VC-2 com capacidade para até 40 passageiros, mais tripulantes, já está em Roma, na Itália, à espera do momento oportuno para seguir viagem para o Egito. O Ministério das Relações Exteriores reafirmou, em Brasília, que segue negociando com as autoridades egípcias para “viabilizar a entrada dos brasileiros e de seus familiares no Egito”.

Até o momento, a operação para resgate de brasileiros de Israel já repatriou 916 pessoas e 24 pets. O quinto voo da operação Voltando em Paz chegou ao Rio de Janeiro na madrugada deste domingo.

Agentes da Força Nacional começam a atuar no Rio nesta segunda-feira

Militares e Veículos da Força Nacional de Segurança Pública do Brasil, são vistos em frente ao Palácio do Planalto em Brasília

Cento e cinquenta agentes da Força Nacional de Segurança começam a atuar no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (16). Esse é o primeiro contingente de um total de 300 que atuarão em apoio às forças estaduais fluminenses.

Junto com os 150 agentes, estarão no estado, neste primeiro momento, 40 viaturas (de um total de 80).

A Força Nacional realizará operações nas rodovias, sob a liderança da Polícia Rodoviária Federal, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

A atuação da Força Nacional foi pedida pelo governador fluminense, Cláudio Castro, no fim de setembro, para ajudar as polícias estaduais nas ações contra criminosos durante a Operação Maré, que começou na semana passada, antes mesmo da chegada dos agentes da Força Nacional.

Segundo o MJSP, na terça-feira (17), o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, se reunirá com o Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de tratar de questões voltadas à atuação das forças federais de segurança na capital fluminense.

Saúde mental é principal problema para os professores, aponta pesquisa

São Paulo SP 10/10/2023  Fundacentro  IV Seminário: Trabalho e Saúde dos Professores - Precarização, adoecimento e caminhos para a mudança. Mesa esq-dir Pedro Tourinho, Cezar Saito e Jefferson Peixoto.  Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

A saúde dos professores não vai bem no Brasil. É o que aponta o livro Precarização, Adoecimento & Caminhos para a Mudança. Trabalho e saúde dos Professores, lançado nesta semana pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

O livro foi lançado durante o V Seminário: Trabalho e Saúde dos Professores – Precarização, Adoecimento e Caminhos para a Mudança. Durante o seminário, os pesquisadores apontaram que, seja na rede pública ou na rede privada, os professores sofrem de um mesmo conjunto de males ou doenças, em que há predomínio dos distúrbios mentais tais como síndrome de burnout, estresse e depressão. Depois deles aparecem os distúrbios de voz e os distúrbios osteomusculares (lesões nos músculos, tendões ou articulações).

“Os estudos têm mostrado que as principais necessidades de afastamento para tratamento de saúde dos professores são os transtornos mentais. Quando olhávamos esses estudos há cinco anos, eles apontavam prevalência maior de adoecimento vocal. Mas isso está mudando. Hoje os transtornos mentais já têm assumido a primeira posição em causa de afastamento de professores das salas de aula”, disse Jefferson Peixoto da Silva, tecnologista da Fundacentro.

Segundo Frida Fischer, professora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), entre os principais problemas enfrentados por docentes no trabalho está a perda de voz, a perda auditiva, os distúrbios osteomusculares e, mais recentemente, as doenças mentais. “Essas são as principais causas de afastamento dos professores”, disse, em entrevista coletiva.

Uma pesquisa realizada e divulgada recentemente pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) já havia apontado que muitos professores estão enfrentando problemas relacionados à saúde mental e que isso pode ter se agravado com a pandemia do novo coronavírus.

Violência

Outro problema que agravou a saúde dos professores é a violência, aponta Renata Paparelli, psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Segundo ela, o adoecimento dos professores pode ser resultado de três tipos de violência: a física, como as agressões e tapas; as ameaças; e também as resultantes de uma atividade psicossocial cotidiana, como os assédios, por exemplo, relacionados à gestão escolar. Além disso, destaca, há também os episódios de ataques contra as escolas.

As consequências dessas violências, diz Renata, podem resultar tanto em um problema físico, tais como uma lombalgia ou lesão, quanto em uma doença relacionada a um transtorno de estresse pós-traumático.

“A escola não é uma ilha separada de gente. A escola está dentro de uma comunidade, está na sociedade e todos os problemas da sociedade vão bater lá na porta da escola. O tempo todo a escola reflete os problemas que existem na sociedade”, ressaltou Wilson Teixeira, supervisor escolar da Secretaria Municipal de Educação da prefeitura de São Paulo. “Então, a escola também pode ser promotora de violência. Uma gestão autoritária, por exemplo, pode causar sim adoecimento dos professores”, destacou.

Além da violência, a falta de recursos ou de condições apropriadas também contribui para que o professor adoeça. Isso, por exemplo, está relacionado não só à infraestrutura da escola como também aos baixos salários, jornadas excessivas e até a quantidade de alunos por salas de aula. “As doenças relacionadas ao trabalho estão diretamente relacionadas às condições de trabalho, aos recursos que os professores têm para a administração de seu cotidiano. Quando as condições de trabalho são precárias, tanto em infraestrutura quanto em recursos ou exigências, e quando existe um desequilíbrio entre o que o professor tem de fazer e aquilo que é possível ser feito dentro daquelas condições, as pessoas vão adoecer”, disse Frida Fischer.

Para Solange Aparecida Benedeti Penha, secretária de assuntos relativos à saúde do trabalhador da Apeoesp, parte desses problemas podem ser resolvidos com o fortalecimento das denúncias e também por meio de negociações entre os sindicatos e os governos. “Defendemos menos alunos nas salas de aula, professores valorizados e, consequentemente, isso vai trazer uma melhoria para a educação”, disse.

Para Jeffeson Peixoto da Silva, todas essas questões demonstram que é necessário que sejam pensadas políticas públicas voltadas também para o bem-estar dos professores. “A principal conclusão do livro é a questão das políticas públicas, a importância de termos políticas públicas e que sejam favoráveis às melhorias das condições de saúde e de trabalho dos professores. Medidas pontuais podem beneficiar alguns, mas temos no Brasil um número muito grande de professores, mais de 2 milhões, que vivem em regiões e situações diferentes, então as políticas públicas são aquelas capazes de abranger toda essa necessidade”, disse Silva.

Brasileiros podem deixar Gaza nesta segunda-feira, diz embaixado

Brasília (DF) 11/10/2023 – O primeiro avião da FAB trazendo 211 brasileiros de Israel aterrissa às 4h da manhã, na Base Aérea de Brasília. A operação de resgate, denominada Voltando em Paz, começou no domingo (8) com a saída da aeronave do Brasil com destino à Itália e, de lá, para Tel Aviv (capital israelense), de onde os brasileiros embarcaram.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, disse neste domingo (15) esperar que os brasileiros que aguardam repatriação na Faixa de Gaza possam atravessar a fronteira para o Egito, em passagem próxima à cidade de Rafah, na segunda-feira (16). Segundo ele, a embaixada recebeu a informação de brasileiros que estão em Gaza de que “circulam rumores” de que a fronteira será aberta na segunda, e também confirmou essa informação por outro canal.

Um grupo de 28 pessoas, 22 brasileiros e seis palestinos com residência no Brasil, segue abrigado nas cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul de Gaza, aguardando autorização para cruzar a fronteira.

O embaixador afirmou que a saída dos brasileiros depende da abertura da passagem para o Egito e também da autorização das autoridades de imigração, que precisam carimbar os passaportes dos brasileiros. “No nível político tudo já está feito. É necessário apenas que, uma vez que seja aberta a fronteira, o funcionário que está ali, que vai receber os brasileiros, ele tenha a lista e autorize o ingresso. Esperamos que isso aconteça amanhã, essa é a nossa expectativa”, disse Candeas.

Segundo o governo brasileiro, assim que o grupo puder cruzar para o Egito, eles serão trazidos ao Brasil no avião VC-2 da Presidência da República, que tem capacidade para transportar até 40 passageiros. Outros cinco voos de repatriação já foram feitos para trazer brasileiros e familiares de Israel.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vêm negociando a abertura da fronteira desde a semana passada para poder resgatar o grupo. Entre sexta e sábado, o presidente abordou a questão em telefonemas com o presidente de Israel, Isaac Herzog, o presidente do Egito, Abdul Fatah al-Sisi, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Reabertura da fronteira
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou neste domingo que a passagem fronteiriça controlada pelo Egito na Faixa de Gaza será reaberta e que os Estados Unidos estão trabalhando com egípcios, israelenses e a Organização das Nações Unidas (ONU) para que auxílio humanitário possa chegar à região.

Centenas de toneladas de ajuda foram enviadas de vários países e estão esperando há dias na península do Sinai, no Egito. Falta um acordo para sua entrega em segurança em Gaza, além da evacuação de estrangeiros por meio da fronteira em Rafah.

O Egito afirmou que intensificou seus esforços diplomáticos para resolver o impasse. “Colocamos para funcionar, o Egito botou para funcionar muitos materiais de apoio ao povo em Gaza, e Rafah será reaberta”, afirmou Blinken a repórteres no Cairo, depois do que disse ter sido uma “conversa muito boa” com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.

“Estamos estabelecendo com a ONU, o Egito, Israel e outros o mecanismo pelo qual vamos receber a ajuda e como ela chegará às pessoas que precisam”, finalizou.

Mercado editorial brasileiro comemora sucesso da Bienal de Pernambuco 

Neste domingo (15) chegou ao fim a XIV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. O terceiro maior evento literário do Brasil e o maior do Nordeste, gerou negócios e vendas no mercado nacional de literatura, além de oferecer uma série de palestras, diálogos e lançamentos do mercado editorial numa área de mais de 9 mil m² do pavilhão interno do Centro de Convenções, em Olinda. 

Sob o tema “Fome de quê? Você é o que você lê!”, a Bienal de 2023 contou com mais de 150 expositores de todo o Brasil, 300 atividades culturais, entre palestras, diálogos, shows, saraus e apresentações da cultura popular e 500 editoras de todo país expondo seus livros. Além disso, foram 80 lançamentos de livros e um público de mais de 200.000 pessoas participando do evento, tanto presencial quanto online, pela plataforma E-Bienal que teve, durante os últimos dez dias, 14 atividades na internet. Calcula-se que a feira literária tenha provocado um impacto econômico de R$ 18 milhões em vendas diretas ao público e nos negócios que serão fechados nos próximos dias por conta do evento. 

“A Bienal do Livro de 2023 foi um evento inesquecível para todos. Alegria imensa ter atuado para proporcionar esse momento para tanta gente interessada em construir perspectivas melhores em torno do mundo do conhecimento e da educação que advém da leitura. Cumprimos um compromisso que assumimos com o mercado editorial e livreiro para gerar essa agenda positiva para Pernambuco.”, disse Rogério Robalinho, produtor da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. 

Entre os autores que estiveram na feira deste ano, estão nomes de peso que passam pela literatura, sociologia, música, política e jornalismo como Xico Sá, Françoise Vergès, Clara Alves, Pedro Rhuas, Eliane Brum, Lira Neto, Micheliny Verunschk, Lia de Itamaracá, Raphael Montes, Jorge Filó, Carlos Ruas, Cannibal, José Teles, Roger de Renor, Humberto Costa, Teresa Leitão, Randolfe Rodrigues, Cristovam Buarque e mais.

Presenças cidadãs e institucionais importantes também marcaram a feira, como a da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Senado Federal, Sesc, Sebrae, Tribunal de Contas do Estado e diversas prefeituras. Este ano, pela primeira vez, a Bienal recebeu patrocínio internacional da americana Amazon, que lançou seu KDP – Kindle Direct Publishing,  e da espanhola Odilo, da biblioteca virtual. Apoio de consulados como o da França e aproximação com os da Alemanha, Estados Unidos e Portugal também são comemorados. 

 

Expositores comemoram vendas e aproximação com o público

 

A XIV Bienal contou com 150 expositores de todo o Brasil. Foi o caso de Francisco Mastrochirico Filho, que trabalha nas Bienais de diversos estados há mais de 10 anos. Em Pernambuco, Francisco participou da Bienal PE pela segunda vez no estande Book Outlet e se mostrou satisfeito com as vendas e o público.

“A minha expectativa de vendas em relação à última vez que participei da Bienal foi de um crescimento de 20 a 30% para este ano”, afirma Francisco Mastrochirico Filho. Segundo ele, que percebeu uma movimentação significativa de clientes, os livros de literatura adulta, literatura infanto-juvenil e os selos promocionais foram os mais procurados do estande. 

As longas filas do estande da livraria Leitura não mentem: bons títulos e preços promocionais conseguiram chamar a atenção do público. Jéssica Laine, gerente comercial da rede no Recife, revela que a localização do estande no corredor principal da Bienal PE aumentou as expectativas de vendas.

“Esperávamos dobrar o faturamento em relação à última edição da Bienal e já percebemos esse resultado”, diz Jéssica. De acordo com ela, o gênero campeão de vendas na Leitura foi o de livros infantis. Ainda segundo Jessica, em comparação com a Bienal de 2021, este ano a Leitura aumentou a quantidade de funcionários para poder atender à demanda de clientes e as vendas registraram um maior crescimento.

Estreante na Bienal, a Livraria do Jardim, empreendimento do Grupo Varejão, foi um dos destaques desta edição da feira. Na última quarta (12), uma multidão de leitores lotou o estande da livraria, por conta da presença da escritora Fernanda Castro, autora do livro “Mariposa Vermelha”. A diretora de Marketing, Carolina Tavares, avalia positivamente o evento: “investir no segmento de livros é um prazeroso desafio. Vemos que o mercado vai crescendo, mesmo com as opções digitais de leitura”.

Para esta edição, foram mais de 22.500 livros à venda no estande da Livraria do Jardim, abrangendo mais de 40 editoras voltados para todas as idades, do público infantil ao adulto, além de brindes e preços promocionais durante todo o evento. Dentre as editoras que marcam  presença no estande estão: o Grupo Cia das Letras, JBS, Grupo Record e Rocco.

Para a gerente comercial da Editora Inverso, Paula Almeida, a Bienal de 2023 tem um significado especial. “É a segunda vez que a Inverso participa. A primeira foi há dez anos, e agora estamos retomando a participação, o que é muito gratificante, principalmente por termos alguns autores de Pernambuco também”, diz Paula. Ainda de acordo com ela, a visibilidade de participar da Bienal é positiva.

O Artist Alley, espaço exclusivo para artistas, ilustradores e quadrinistas independentes apresentarem seus trabalhos e comercializarem seu material proporcionou uma dinâmica interativa entre público e profissionais. Aline Tavares da Brisa Criativa destaca a importância do espaço para o seu trabalho. “Cumpriu muito a expectativa, superou na verdade. As coisas acabaram mais rápido do que eu estava esperando. Foi muito bacana para encontrar audiência, muita gente passou por aqui e conheceu a minha arte”, comemorou.

Para Orlando Oliveira da banca HQ Guararapes, o diferencial de um evento como a Bienal é a possibilidade de ampliar o público. “Para a nossa banca, a importância da Bienal é a visibilidade para novos públicos que ela nos oferece. Nesse momento atual, com o centro da cidade um pouco enfraquecido, isso é muito importante para o nosso trabalho.”, relatou o popular Odin. Ainda segundo Orlando, o que mais vendeu esse ano foram gibis e os formatinhos de super-heróis.

A Bienal – A 14ª Bienal PE tem patrocínio do Itaú Unibanco, com apoio da Prefeitura do Recife, Sebrae, Sesc Pernambuco. Também há apoio institucional da Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e União Brasileira de Escritores de Pernambuco (UBE PE). A realização é da Cia de Eventos, Ideação, VOX, Ministério do Turismo, Ministério da Cultura e Governo Federal. 

Artigo: O novo sempre vem. Dia dos Comerciários, uma reflexão

Por Adilson Lira

No final dos anos 80, mais precisamente em 1988, o SINDECC- Sindicato dos Empregados e Empregadas no Comércio de Caruaru passava por um processo de renovação de suas concepções políticas, com a eleição de uma nova diretoria, o fim do ciclo de uma direção pelega e o início da implantação de um novo modelo, uma nova concepção sindical, que em muito se diferenciava da concepção até então vigente na categoria.

Surgia assim em Caruaru, a partir do Sindicato dos Comerciários, o sindicalismo classista, que passava a ocupar o lugar do sindicalismo pelego, velha concepção sindical advinda do período do getulismo no Brasil.

Oxigenada pelos ares de redemocratização que vivia o país nos anos 80, a nova direção do SINDECC, adotou lemas como: “só a luta faz a lei” ou “quem luta conquista”, transformando o então sindicato pelego, numa das maiores e mais importantes trincheiras da luta de classes, não apenas para a categoria dos empregados e empregadas no comércio de Caruaru, mas também abrindo suas portas para a organização e apoio à luta de outras categorias de trabalhadoras e trabalhadores em Caruaru e região.

A concepção de polo sindical foi capitaneada, organizada e apoiada pela nova direção do SINDECC. Com isso, importantes categorias como a das costureiras e costureiros; trabalhadoras e trabalhadores da indústria têxtil etc., foram se agregando a essa concepção e passaram a adotar políticas sindicais em conjunto com o sindicato das comerciárias e comerciários.

Não foi por acaso que o SINDECC no início dos anos 90 se transformou no maior e mais importante sindicato de trabalhadoras e trabalhadores do interior de Pernambuco, no ramo sindical da iniciativa privada, sendo reconhecido nos meios sindicais da capital pernambucana pela organização e luta em defesa dos interesses não apenas da categoria comerciária, mas de toda classe trabalhadora.

As acirradas disputas com os representantes da categoria patronal em Caruaru faziam das negociações anuais (Convenções coletivas da categoria), uma verdadeira escola sobre como fazer a luta de classes, tanto para empregadas e empregados no comércio, quanto para as categorias patronais, que se dividiam, naquela época, entre os representantes do comércio varejista e atacadista.

A organização do sindicato dos comerciários e das comerciárias, a partir de 1988, com a vitória nas eleições sindicais daquela companheirada que pretendia deixar de lado o velho modelo de sindicalismo pelego e ingressar num novo período do sindicalismo de luta de classes, foi de tamanha importância para a organização da classe trabalhadora em geral, em Caruaru e região, que até a classe patronal foi levada a melhor se organizar em suas entidades de classe, ou seja, a luta organizada dos empregados e empregadas no comércio de Caruaru, a partir da nova concepção de organização sindical adotada pelo SINDECC foi também, de certa forma, responsável pelo surgimento do SINDLOJA- Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru, que tem sua fundação datada de 21 de julho de 1989, portanto, no ano posterior ao advento da concepção de sindicalismo de luta de classes adotada pela nova direção do SINDECC a partir de 1988.

O tempo passou, o mundo do trabalho evoluiu, as concepções sindicais, antes revolucionárias, se tornaram arcaicas, e o que vemos hoje é um sindicalismo bastante fragilizado, sem apoio das bases e sem poder de persuasão. O sindicalismo brasileiro vive atualmente uma crise de concepção sem precedentes. Podemos dizer que o modelo sindical vigente hoje no Brasil “ficou parado no tempo e no espaço”, não conseguiu ultrapassar a barreira do Século XX para o Século XXI. Portanto a crise de concepção e a falta de evolução do sindicalismo brasileiro, o situa com atraso de umas duas ou três décadas, em relação ao novo mundo do trabalho do Século XXI.

A situação de fragilidade do sindicalismo no Brasil refletiu fortemente em Caruaru, lógico. O SINDECC, que antes liderava um processo de articulação dos sindicatos de trabalhadoras e trabalhadores na região, hoje, infelizmente, não passa de mais uma entidade sindical que tenta resistir e sobreviver nesse novo cenário de evolução do mundo do trabalho e, assim como a entidade de classe dos comerciários e comerciárias, as demais entidades sindicais também padecem do mesmo problema.

Resumindo, o sindicalismo vive, não apenas em Caruaru, mas no Brasil, uma crise de concepção, de identidade e de projeto político. A classe trabalhadora já não se sente mais representada por esse tipo de sindicalismo, daí a baixa adesão aos sindicatos cujo índice de filiação já chegou, em média, a 30% ou 40%, mas agora, não passam de insignificantes 10% a 15% do número de trabalhadoras e trabalhadores associados a suas entidades de classe (sindicatos). Mas o maior problema é que não vemos o movimento sindical empenhado em discutir esse novo momento e buscar nova forma de luta, se renovar, se adaptar ao novo momento que vive o mundo do trabalho.

Os sindicatos estão muito rapidamente se transformando em meras entidades cartoriais. O que vemos hoje são as velhas representações de dirigentes, agarradas no que restou da velha estrutura sindical, e dela não querendo se soltar por nada. Sem mudanças, sem renovação de concepção, sem atualização, sem querer adentrar ao novo tempo do mundo do trabalho, estão fadados ao fracasso!

Portanto, nesse dia dos comerciários e comerciárias, queremos chamar a categoria e as direções sindicais, não apenas as ligadas ao comércio, mas de uma forma geral, todas as representações de trabalhadoras e trabalhadores, para uma profunda reflexão a respeito de quê sindicalismo queremos, já que esse modelo atual está esgotado, não atende mais aos interesses da classe trabalhadora como um todo. Vivemos no Século XXI e precisamos trazer os sindicatos para esse novo tempo, para esse novo mundo do trabalho que se coloca diante de nós.

Apesar da avaliação um tanto quanto drástica, saudamos a categoria das trabalhadoras e trabalhadores do comércio de Caruaru e de todo Brasil, pelo seu dia, acreditando que vamos sim sair do marasmo e apatia na qual o movimento sindical se colocou, e se mantém, e avançaremos para um novo tempo, atualizando concepções e avançando na luta pelo empoderamento e autonomia da classe trabalhadora. Precisamos urgentemente trazer o movimento sindical para esse novo tempo, para o Século XXI.

A inesquecível Elis Regina nos dá o mote da mudança necessária, na antológica interpretação da canção, “Como nossos pais”, de autoria de Belchior, quando em determinado trecho da música diz: “Minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos… como os nossos pais.

*Adilson Lira, foi assessor político do SINDECC, nos anos 90; é advogado, pós-graduado em Gestão Pública e Ciências Políticas e pós-graduando em Sociologia; coordenador da organização social Via Trabalho e Membro da Executiva Estadual do PT, onde exerce a função de Secretário Agrário Estadual.

Presidente da Câmara de Bonito critica descaso com o Turismo no município

Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Bonito, realizada na última terça-feira (10) o Vereador Presidente da Câmara Municipal de Bonito, Paulinho de Devá, apresentou requerimento à prefeitura e secretarias de Infraestrutura, de Governo e de Turismo com cópia para Secretaria de Saúde solicitando que o Executivo tome providências quanto ao lixo, vigilantes e manutenção do Terminal Rodoviário de Bonito, principal ponto de chegada de turistas, pórtico e Centro de Atendimento ao Turista que, segundo o parlamentar, estava fechado e em péssimas condições.

Paulinho que foi secretário de Turismo do município no período de 2017 a 2020 denunciou que a última pintura da rodoviária foi feita em sua gestão quando o mesmo conseguiu doação de tintas com um empresário local. O envelopamento do Centro de Atendimento ao Turista, parte do seu mobiliário e funcionamento diário também foi sob sua responsabilidade. O parlamentar também criticou as fotos dos atrativos culturais e turísticos que ilustram e deveriam embelezar o pórtico da entrada da cidade mas que, por sua vez, estão apagadas pelo tempo que não se tem manutenção no equipamento. O parlamentar ainda criticou a gestão pois, de acordo com a denúncia, tal pedido de ajustes nos equipamentos mencionados já fora remetido ao Poder Executivo por diversas vezes pela Câmara de Vereadores e nunca atendido, indicando um verdadeiro descaso com o turismo local, população e empreendedores que vivem dessa atividade, tão importante para o município.

Para Paulinho “o prefeito abriu mão da gestão. É um verdadeiro descaso com a cidade e essa questão do lixo em Bonito já deu o que tinha que dar. Nada se resolve e nós vamos ter que resolver através da justiça”.

Vale ressaltar que recentemente o município de Bonito recebeu o Título Honorífico de Capital Pernambucana do Ecoturismo pela Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (ALEPE), uma indição do Deputado João Paulo Lima e, ainda assim, Bonito segue com grandes potenciais porém muito distante de ser cuidada como uma verdadeira cidade Turística.