Pandemia expõe importância da reserva financeira

As dificuldades enfrentadas durante a pandemia revelam a importância das reservas financeiras emergenciais em momentos de dificuldade. Dados de uma pesquisa realizada em março de 2020 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostram que 52,1% dos brasileiros não contam com esse tipo de economia. Especialistas em educação financeira oferecem dicas de como criar e manter uma reserva emergencial.

“Uma certeza que as pessoas devem ter é que uma hora um imprevisto vai acontecer e elas precisam desse dinheiro armazenado”, afirma Otávio Machado, especialista em educação financeira da Creditas, plataforma brasileira de crédito. Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), 74% das famílias pernambucanas entraram no mês de maio endividadas.

Otávio elenca três perfis de pessoas nesse cenário. O primeiro seria daqueles que estão muito endividados e que não conseguem mudar seus gastos. “O ideal é que ele espere o fim de algum parcelamento ou renegocie alguma dívida, diminuindo assim seu custo mensal, além de tentar aumentar sua renda. E com essa diminuição, conseguir investir em uma reserva”, aconselha. O segundo perfil é daquele que recebe e gasta todo o salário, fica restrito a isso. “Ele precisa elencar seus gastos, cortar o que não for realmente necessário e redirecionar o valor para uma reserva”. O terceiro é daquele que já está investindo, mas precisa pensar qual investimento será mais benéfico. “As pessoas devem ter cuidado e escolher bem quando vão resgatar o valor”, complementa. Otávio diz ainda que é importante criar uma rotina, procurar reservar uma porcentagem da renda para a reserva financeira e, quando for possível, ir aumentando esse percentual.

“Não importa se vai demorar para formar uma reserva. É importante ter paciência. Eu demorei dois anos para formar a minha, colocava 50 ou 100 reais por mês”, comenta Murilo. Além disso, ele diz que é importante focar em expandir a renda. “Procurar alguma renda adicional ou fazer hora extra no trabalho pode ser uma alternativa, ou vender objetos que não usa.”

Larissa Omena é administradora e vendedora e avalia que economizar e planejar os gastos são fundamentais para a manutenção da sua reserva financeira. “Têm meses que gasto menos e outros que vão gerar mais custos. Procuro me organizar para ter o suficiente e ainda guardar um dinheiro.” Nesse momento de pandemia, a probabilidade de perder o emprego se torna relevante, e Larissa avalia que uma economia é de extrema importância. “Nada foi ensinado na escola. Tudo que sei hoje foi através de conteúdos on-line, principalmente pelo Instagram e Youtube.”

O estudante de medicina Luiz Perez, reforça a importância de buscar conteúdo na internet e diz que a reserva emergencial foi seu primeiro passo. “Comecei a poupar em 2017. O maior desafio para mim foi começar a entender contabilidade e o balanço das empresas. Assim, começo a avaliar algumas empresas e investir na renda variável, saindo da renda fixa.”

Para os que vão iniciar uma reserva emergencial é importante ficar atento às possibilidades de gestão dos recursos. De acordo com o sócio da Dapes Investimentos, Felipe Tavares, com um valor de entrada abaixo de R$ 1.000 seria indicado pensar no Tesouro Direto Selic, títulos CDB com liquidez diária ou Fundos DI. A primeira opção é um título de dívida emitido pelo governo. Isso significa que, ao investir nele, você estará emprestando dinheiro ao poder público. A segunda opção é um tipo de título emitido pelos bancos para captar recursos no mercado e que pode ser emprestado para clientes que solicitarem crédito naquela instituição. Logo, quem investe dinheiro nessa aplicação, está consequentemente emprestando recursos ao banco emissor. Já os Fundos DI, que também são chamados de Fundos de Renda Fixa Referenciados DI, são títulos que também acompanham as oscilações da Taxa Selic.

“Quem possui disponibilidade de garantir uma parcela para a reserva superior a R$ 1.000, o indicado é criar uma carteira de investimentos mais diversificada. Isso requer conhecimentos mais aprofundados das opções e um conhecimento maior do sistema financeiro”, avalia. “No fim das contas o ideal é que as pessoas consigam uma reserva com seis vezes o seu custo mensal”.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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