Papa chega em Chipre para uma visita focada na migração

People take pictures with their mobile phones of Pope Francis as he enters the Maronite Lady of Grace cathedral in Nicosia’s walled Old City to meet with priests and members of the Maronite Christian community on the first stop in his visit to the predominantly Greek-Orthodox divided east Mediterranean island of Cyprus on December 2, 2021.. – The two-day papal visit will be the second to the majority-Greek Orthodox Republic of Cyprus since Pope Benedict came in 2010, and is eagerly awaited by the estimated 25,000 Catholics in the country of one million. (Photo by Andreas SOLARO / AFP)

O papa Francisco chegou nesta quinta-feira (2) em Chipre, primeira parada de uma viagem de cinco dias que também incluirá a Grécia, países nos quais defenderá o acolhimento humanitário dos migrantes e o diálogo entre as diferentes igrejas.

Esta é a segunda visita de um papa ao país, uma ilha habitada principalmente por cristãos ortodoxos, depois da feita por Bento XVI em 2010. O avião do pontífice argentino, de 84 anos, pousou às 14h52 no horário local (09h52, no horário de Brasília) no aeroporto de Larnaca, no sul de Chipre.

Durante a viagem, um dos jornalistas que o acompanhava entregou-lhe pedaços emoldurados de tecido das tendas utilizadas pelos migrantes em Calais (norte da França), onde muitos esperam para cruzar o Canal da Mancha e chegar ao Reino Unido. “É terrível”, respondeu o pontífice, visivelmente comovido.

Em sua chegada, as autoridades deram as boas-vindas ao Papa Francisco com uma banda e o tapete vermelho estendido sob um sol escaldante. “Bem-vindo ao Chipre” e “nós te amamos, Papa Francisco”, cantou um grupo de crianças, uma delas carregando uma bandeira libanesa. “Rezem pelo Líbano”, gritavam.

O pontífice dirigiu-se em seguida à catedral maronita de Nossa Senhora da Graça, em Nicósia, onde se encontrou com o patriarca desta igreja católica oriental – que representa menos de 1% da população cipriota, mas está presente na Síria e no Líbano -, o cardeal Béchara Rai.

Francisco fará dois discursos em Nicósia, dividida desde 1974 entre a República de Chipre, membro da União Europeia, e a autoproclamada República Turca do Norte de Chipre (TRNC), reconhecida apenas pela Turquia. “Com a sua ajuda, as coisas podem acontecer, é nossa esperança”, disse Moncia Despoti, uma maronita de 55 anos que esperava a chegada do papa.

“Aproximar a humanidade ferida”
Na sexta-feira, o papa celebrará uma missa em um estádio de Nicósia, diante de 7.000 fiéis e uma oração ecumênica com os migrantes, perto da “linha verde”, a zona desmilitarizada administrada pela ONU que divide a cidade e a ilha em duas partes, um gesto considerado particularmente simbólico.

A missa será o único evento com participação da comunidade católica cipriota, composta por cerca de 25.000 pessoas (entre 5.000 e 7.000 maronitas), numa população de um milhão, a maioria ortodoxa. “Será uma viagem às fontes da fé apostólica e da fraternidade entre os cristãos de várias denominações”, anunciou o papa na audiência geral de quarta-feira.

O diálogo com os ortodoxos, que se separaram da Igreja Católica em 1054 durante o grande cisma entre o Oriente e o Ocidente, é uma das prioridades do pontificado de Francisco. Será também a ocasião para “aproximar a humanidade ferida” e tantos migrantes que buscam esperança”, acrescentou o Papa.

Segundo o governo cipriota, estão em curso negociações com o Vaticano para a transferência de várias famílias de migrantes para a Itália, como aconteceu em 2016 durante a sua primeira visita à ilha grega de Lesbos, quando levou três famílias sírias para Roma. As autoridades de Chipre afirmam receber o maior número de pedidos de asilo da União Europeia em comparação com a sua população.

AFP

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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