O papa Francisco chegou nesta quinta-feira (2) em Chipre, primeira parada de uma viagem de cinco dias que também incluirá a Grécia, países nos quais defenderá o acolhimento humanitário dos migrantes e o diálogo entre as diferentes igrejas.
Esta é a segunda visita de um papa ao país, uma ilha habitada principalmente por cristãos ortodoxos, depois da feita por Bento XVI em 2010. O avião do pontífice argentino, de 84 anos, pousou às 14h52 no horário local (09h52, no horário de Brasília) no aeroporto de Larnaca, no sul de Chipre.
Durante a viagem, um dos jornalistas que o acompanhava entregou-lhe pedaços emoldurados de tecido das tendas utilizadas pelos migrantes em Calais (norte da França), onde muitos esperam para cruzar o Canal da Mancha e chegar ao Reino Unido. “É terrível”, respondeu o pontífice, visivelmente comovido.
Em sua chegada, as autoridades deram as boas-vindas ao Papa Francisco com uma banda e o tapete vermelho estendido sob um sol escaldante. “Bem-vindo ao Chipre” e “nós te amamos, Papa Francisco”, cantou um grupo de crianças, uma delas carregando uma bandeira libanesa. “Rezem pelo Líbano”, gritavam.
O pontífice dirigiu-se em seguida à catedral maronita de Nossa Senhora da Graça, em Nicósia, onde se encontrou com o patriarca desta igreja católica oriental – que representa menos de 1% da população cipriota, mas está presente na Síria e no Líbano -, o cardeal Béchara Rai.
Francisco fará dois discursos em Nicósia, dividida desde 1974 entre a República de Chipre, membro da União Europeia, e a autoproclamada República Turca do Norte de Chipre (TRNC), reconhecida apenas pela Turquia. “Com a sua ajuda, as coisas podem acontecer, é nossa esperança”, disse Moncia Despoti, uma maronita de 55 anos que esperava a chegada do papa.
“Aproximar a humanidade ferida”
Na sexta-feira, o papa celebrará uma missa em um estádio de Nicósia, diante de 7.000 fiéis e uma oração ecumênica com os migrantes, perto da “linha verde”, a zona desmilitarizada administrada pela ONU que divide a cidade e a ilha em duas partes, um gesto considerado particularmente simbólico.
A missa será o único evento com participação da comunidade católica cipriota, composta por cerca de 25.000 pessoas (entre 5.000 e 7.000 maronitas), numa população de um milhão, a maioria ortodoxa. “Será uma viagem às fontes da fé apostólica e da fraternidade entre os cristãos de várias denominações”, anunciou o papa na audiência geral de quarta-feira.
O diálogo com os ortodoxos, que se separaram da Igreja Católica em 1054 durante o grande cisma entre o Oriente e o Ocidente, é uma das prioridades do pontificado de Francisco. Será também a ocasião para “aproximar a humanidade ferida” e tantos migrantes que buscam esperança”, acrescentou o Papa.
Segundo o governo cipriota, estão em curso negociações com o Vaticano para a transferência de várias famílias de migrantes para a Itália, como aconteceu em 2016 durante a sua primeira visita à ilha grega de Lesbos, quando levou três famílias sírias para Roma. As autoridades de Chipre afirmam receber o maior número de pedidos de asilo da União Europeia em comparação com a sua população.
AFP