O empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Senado, deixou a Polícia Federal do Rio de Janeiro no começo da noite da quarta-feira (20), após mais de cinco horas de depoimento. Ele não comentou à imprensa sobre o que relatou à corporação.
O MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro e a PF abriram investigações para apurar relato de Marinho à Folha de S.Paulo. O empresário disse que um delegado da PF antecipou a Flávio que seu ex-assessor na Alerj, Fabrício Queiroz, seria alvo da Operação Furna da Onça, então sigilosa.
Nesta quarta, Marinho disse a jornalistas que não poderia falar sobre o conteúdo do depoimento porque o inquérito corre sob sigilo. “Qualquer declaração pode prejudicar as investigações”, afirmou.
Segundo Marinho afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo, a Operação Furna da Onça teria sido “segurada” para que não atrapalhasse Jair Bolsonaro na disputa eleitoral. De acordo com o relato, Flávio foi avisado entre o primeiro e o segundo turnos por um delegado simpatizante da candidatura de Bolsonaro à Presidência.
Os desdobramentos da operação, deflagrada em novembro de 2018, revelaram um esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio e atingiram Queiroz, policial militar aposentado amigo de Jair Bolsonaro e ex-assessor de Flavio na Assembleia Legislativa do Rio.
O delegado-informante teria aconselhado ainda Flávio a demitir Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro. Segundo o relato, ambos foram exonerados em 15 de outubro de 2018 por ordem do então candidato Bolsonaro.
De acordo com relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. As movimentações seriam incompatíveis com o patrimônio e a atividade do ex-assessor.
O relatório foi distribuído ao MPF, à PF e ao Ministério Público do Rio em 3 de janeiro de 2018. O documento foi incluído no inquérito da PF sobre a Furna da Onça em maio de 2018, data de sua instauração.
Nesta tarde, Marinho foi ouvido pelo procurador Eduardo Benones, coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPF-RJ. A Procuradoria instaurou procedimento investigatório criminal e pediu desarquivamento de inquérito policial para apurar supostos vazamentos na Furna da Onça.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu que Marinho também fosse ouvido pela PF no contexto do inquérito já aberto para investigar, com base em acusações do ex-ministro Sergio Moro (Justiça), se o presidente Bolsonaro tentou interferir indevidamente na corporação.
Folhapress