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O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, é acusado de ter recolhido um suborno de R$ 173 milhões em obras da Prefeitura de São Paulo. As obras foram contratadas entre 2008 e 2011, na administração do então prefeito, Gilberto Kassab (PSD), ministro de Ciência e Tecnologia do presidente Michel Temer. A informação foi publicada nesta quarta-feira (2), pelo jornal Folha de S. Paulo.
As cifras, conforme aponta a reportagem, teria sido a maior já revelada até o momento. Uma das maiores propinas da Lava Jato foi relatada pela Andrade Gutierrez na construção da usina de Belo Monte, de R$ 150 milhões. Os valores que supostamente teriam sido repassados a Paulo Preto foram levantados pela Folha de S. Paulo a partir de depoimentos de delatores da Odebrecht, como Carlos Armando Paschoal e Roberto Cumplido, ex-diretores da empreiteira.
“Paulo Preto, segundo eles, exigia uma propina de 5% sobre qualquer pagamento feito até 2015 para um pacote de obras chamado Sistema Viário Estratégico Metropolitano, que incluía a Nova Marginal Tietê e o Complexo Jacu-Pêssego. O pacote original era composto de sete obras, mas uma não saiu do papel (o prolongamento da avenida Cruzeiro do Sul) e outro foi iniciada e depois interrompida —o túnel da avenida Roberto Marinho”, diz trecho da reportagem do jornalista Mario Cesar Carvalho. As obras do pacote custaram R$ 3,45 bilhões, de acordo com dados da SP Obras.
Preso pela Polícia Federal no dia 6 de abril, sob acusação de ter desviado R$ 7,7 milhões da obra do Rodoanel, Paulo Preto foi diretor de engenharia da Dersa no governo de José Serra (PSDB), entre 2007 e 2010. O ex-diretor da Dersa foi alvo da primeira denúncia da Lava Jato em São Paulo, apresentada pelo MPF no dia 22 de março. Paulo Preto é apontado como operador do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, senador José Serra (PSDB). O empresário foi citado por diversos delatores da Lava Jato por cobrar propina nas obras do trecho sul do Rodoanel.
“Alegando razões de experiência em grandes obras, a gestão Kassab decidiu entregar para a Dersa duas delas: o Complexo Jacu-Pêssego, que custou R$ 1,47 bilhão, e a Nova Marginal Tietê (R$ 937,2 milhões). A prefeitura cuidou de outras quatro obras, como a ligação da avenida Roberto Marinho com a rodovia Imigrantes, interrompida pelo prefeito Fernando Haddad (PT), mas que consumiu R$ 350 milhões, principalmente em habitação social”, diz o jornal.
O esquema de combinação com as empreiteiras, com organização por divisão de obras, bem como a forma de cobrança, está relatado nos dois acordos que a Odebrecht assinou com a Procuradoria Geral da República e o Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade).
As investigações apontam um recebimento um pouco menor, algo em torno de R$ 150 milhões. Por isso, a multa aplicada às empresas, que geralmente corresponde a duas vezes o valor da propina, deve chegar a R$ 350 milhões.
Ao jornal, o advogado Daniel Bialski, que defende Paulo Preto, diz que ele jamais pediu contribuições ilegais para empreiteiras nem coordenou divisão de obras. Além disso, Biaski alega que os delatores que acusam Paulo agem por vingança. De acordo com ele, o ex-diretor da Dersa era muito exigente com prazos e qualidade das obras.
Já Gilberto Kassab ressaltou que “as licitações citadas, realizadas pela Prefeitura de São Paulo, ocorreram de forma lícita e transparente, obedecendo todas as disposições legais, em defesa estrita do interesse público”. Serra não quis se pronunciar. A Dersa diz que “as obras foram licitadas de acordo com a lei, e os pagamentos, realizados diretamente aos consórcios ou empresas contratados”.