Ainda que não tenha um senador na Casa Alta para lhe representar, o PCdoB foi um dos principais articuladores da derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que permite que dois ou mais partidos se unam em uma federação. A sigla foi um das primeiras defensoras do mecanismo e a defesa dele foi ancorada em alguns argumentos. Entre eles, o de que a ferramenta seria determinante para consolidação de uma frente ampla rumo a 2022. Para o PCdoB, legenda quase centenária, que celebrou 99 anos em março, a proposta vingar era uma questão de sobrevivência. Essa semana, o partido realiza a plenária final de seu Congresso Nacional. Será na sexta-feira, no sábado e no domingo próximos. Líderes partidários, presidentes de legendas e governadores devem marcar presença através de depoimentos em vídeos. O deputado federal Silvio Costa Filho, relator do Projeto de Lei 2522/15 que institui a federação partidária, está entre as participações aguardadas. A despeito da contundente vitória política referente à federação, o PCdoB trabalha com prazo elástico para decidir com qual ou quais partidos vai federar.
Estipula-se que o deadline será o período das convenções, mesmo limite adotado por siglas como o PSB para bater o martelo. Em ambas as legendas, no entanto, há quem admita, nas coxias, que esse seria um prazo formal e que a definição sairá antes, até o prazo de filiações. No próximo final de semana, o Congresso do partido será um meio de demonstrar unidade da esquerda e amplitude desse campo, visando ao pleito do ano que vem. Como a coluna registrara ontem, não está descartado que o PCdoB possa federar com o PT, se distanciando da tendência vigente anteriormente de que se uniria, via federação, ao PSB. Socialistas e comunistas não omitem que identidade histórica entre PT e PCdoB parece aproximar mais as duas siglas, que caminhariam juntas por, no mínimo, quatro anos, incluindo a atuação legislativa. Nas hostes comunistas, no entanto, também já não se descarta uma ampla frente partidária e algumas surpresas em torno disso.
Lista de Convidados
Além do deputado Silvio Costa Filho, elogiado pela esquerda pelo relatório que apresentou sobre a federação partidária, o PCdoB também providenciou convites a outras lideranças de Pernambuco, a exemplo do governador Paulo Câmara e do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo. Os convidados vão participar, por meio de vídeo, do Congresso Nacional do PCdoB, que terá formato misto, presencial e online.
Amplitude > O PSDB é dividido sobre a federação, mas Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, nutre diálogo fluído com Bruno Araújo, como mantém laços também com lideranças de diversas correntes. Da primeira posse dela, participaram nomes como Gustavo e Priscila Krause, por exemplo.
Tendência > A maioria do PCdoB, hoje, sobretudo as alas do Sul e Sudeste, dizem aliados, estaria inclinada a federar com o PT. Pernambuco estaria entre as exceções com preferência pelo PSB.
Arestas > Na recente conversa de Lula com Paulo Câmara em Brasília, a situação do Espírito Santo teria ido à mesa. O líder-mor do PT já teria deixado claro que, não necessariamente, o senador Fabiano Contarato, caso se filie ao PT, seria candidato ao Governo do Estado. Lá, o PSB tem Renato Casagrande como prioridade.
Folhape