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Treze prefeitos de municípios do Interior de Pernambuco cobraram, na segunda-feira (6), da superintendência regional do Banco do Brasil (BB) a reabertura de agências destruídas em ações criminosas nos últimos meses. Pelo menos 17 cidades estão sem atendimento bancário na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão. Segundo os gestores, a instituição teria anunciado que, em alguns municípios, não recuperará as agências, que serão desativadas em definitivo. Os prefeitos avaliam a possibilidade de entrar na Justiça para garantir que o serviço não seja extinto em suas regiões.
A reunião com um representante da superintendência do banco, no prédio do BB situado na avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, foi a primeira de três reuniões agendadas pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) para tratar sobre o assunto ao longo do dia. Depois de expor as dificuldades que a população e a economia estão enfrentando à diretoria do banco, o grupo ainda seguiu para a sede do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e foi recebido pelo procurador-geral de Justiça, Francisco Dirceu. Depois, os gestores também pediram apoio do defensor público-geral, Manoel Jerônimo, em reunião realizada no prédio da Defensoria Pública de Pernambuco.
Foram definidos dois encaminhamentos. O primeiro diz respeito a uma tentativa de diálogo com a diretoria do BB em Brasília, em data ainda não definida. O encontro deve ter a participação da Amupe e de um representante do MPPE. Se não houver acordo, as prefeituras pretendem entrar com uma ação judicial conjunta e com ações individuais para pedir que o banco seja obrigado a reabrir as agências. A intenção ganhou força depois de uma liminar favorável ao município de Inajá, no Sertão, ter determinado que a agência local do BB voltasse a funcionar, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, em caso de descumprimento. A decisão, impetrada por um defensor público, foi concedida na semana passada.
“O banco é de fomento, um braço do desenvolvimento, e esse braço não pode ser quebrado. Não podemos cuidar da produção, da caprinovinocultura, sem financiamento, e se o banco está longe, fica difícil. Se há agências superavitárias nas capitais e grandes centros econômicos, essas devem cobrir possíveis prejuízos financeiros [da manutenção de agências no Interior]. É preciso equacionar isso”, afirmou o presidente da Amupe e prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota.
A demora para reabrir agências destruídas por criminosos tem levado populações vulneráveis a viajar dezenas de quilômetros em busca de atendimento. Em alguns casos, clientes chegam às 2h e formam filas para esperar o início do expediente bancário, às 10h, segundo os prefeitos. “Pessoas se dirigem a outras cidades para tirar a aposentadoria, para sacar salário, e se expõem a assaltos e acidentes. Já houve alguns, inclusive”, relatou o prefeito de Flores, Marconi Santana. “Nosso município é pobre, pequeno. A folha de servidores, o comércio, tudo dependia do banco. Agora, nossa economia está parada”, completou o prefeito de Poção, Emerson Vasconcelos.
O BB foi procurado pela reportagem, mas, até a publicação deste texto, não se pronunciou sobre o assunto.