Pernambuco entre os estados que mais matam negros no país

16/11/2017. Credito: Ana Rayssa/Esp.CB/D.A. Press. Brasil. Brasília – DF. Dia da consciencia negra. Alban Amindo.

O Atlas da Violência, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicou nesta quarta-feira (5) os dados sobre a mortalidade no país. Os números do Atlas são do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.

“O que está acontecendo no Brasil é algo realmente estonteante e fora dos padrões mundiais. Poucos países se aproximam do Brasil em termos de taxa de homicídio”, alerta Daniel Cerqueira, coordenador da pesquisa, em entrevista coletiva. O relatório chama atenção para violência de negros, mulheres e população LGBTI+.

Homicídios de negros no Brasil

O Nordeste é campeão na taxa de homicídios de negros, tendo cinco dos estados com os maiores números: Rio Grande do Norte, com uma taxa de 87 mortos a cada 100 mil habitantes negros, Ceará (75,6), Pernambuco (73,2), Sergipe (68,8) e Alagoas (67,9).

Violência contra mulher

Um aumento nos homicídios de mulheres em 2017 também é apontado pelo Atlas. Na última década, de 2007 a 2017, houve aumento de 30,7% no número de homicídios de mulheres. A taxa passou de 3,9 para 4,7 assassinadas a cada 100 mil.

Dentro desse contexto ainda há questão da desigualdade racial entre as vítimas. “Enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras teve crescimento de 1,6% entre 2007 e 2017, a taxa de homicídios de mulheres negras cresceu 29,9%. Em números absolutos a diferença é ainda mais brutal, já que entre não negras o crescimento é de 1,7% e entre mulheres negras de 60,5%”, aponta o estudo. As negras representam 66% do total de mulheres mortas de forma violenta em 2017.

Daniel Cerqueira também atenta para as denúncias. “Apenas em 2017, mais de 221 mil mulheres procuraram delegacias de polícia para registrar episódios de agressão (lesão corporal dolosa) em decorrência de violência doméstica, número que pode estar em muito subestimado dado que muitas vítimas têm medo ou vergonha de denunciar”.

Violência contra a população LGBTQI

Essa é a primeira vez que o Atlas apresenta um capítulo para mostrar a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais.

Apesar de não haver dados do tamanho da população LGBTI , o Atlas usa dados do Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e dos registros administrativos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

Os índices mostram um aumento no número de denúncias de homicídios e tentativas de homicídio em 2017. No último ano houve crescimento de 127% de denúncias de homicídio contra a população LGBTI .

O Sinan, que classifica a orientação sexual da vítima, registrou aumento de 10% a 15,7% de casos de violência contra homossexuais e de 30,9% a 35,3% contra bissexuais em 2015 e 2016.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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