Pernambuco: momento de resiliência nos negócios

Por Raniery Marques*

Com o início da adoção de medidas de flexibilização do isolamento social em diversas cidades brasileiras e, especialmente, em Recife, uma das preocupações agora é com relação ao processo de retomada das empresas da região. Em Pernambuco, setores como turismo, consumo e mercados industriais foram os mais afetados e estão agora numa fase que requer resiliência, criatividade e foco nos projetos voltados para a transformação digital.

Não podemos deixar de pensar que trata-se de um processo que ainda vai demandar tempo para voltar ao normal já que a economia do estado foi uma das mais atingidas pela crise. Dados divulgados pelo Centro Internacional de Negócios de Pernambuco (CIN) e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) mostram que as exportações, em abril deste ano, movimentaram 73 milhões de dólares e se aproximaram do mesmo volume registrado em 2011 (66 milhões de dólares). As importações atingiram nesse período o montante de 204 milhões de dólares, a menor na séria histórica dos últimos dez anos. Já o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), publicação mensal da FIEPE, traz, na edição de abril deste ano, a informação que houve uma queda acentuada na confiança do empresário pernambucano chegando a 36,7 pontos em uma escala que vai de zero a cem, na qual acima de 50 pontos demonstra confiança e abaixo falta dela. Para se ter uma ideia, esse mesmo índice em abril de 2019 era de 55 pontos, demonstrando claramente a preocupação do empresariado neste momento que estamos vivendo.

Pelo fato de esses dados apontarem um cenário ainda um pouco otimista, acreditamos que este seja um momento de resiliência para os empresários de todos os setores que atuam na região. Estudos demonstram que há segmentos que precisarão se reiniciar, se transformar para reemergir, alguns terão um retorno normalmente e outros estão vivendo uma onda de crescimento.

Negócios voltados para o setor hoteleiro (forte em Pernambuco), aeroportos e o próprio governo são exemplos de indústrias que, necessariamente, terão que se reiniciar. Já óléo e gás, automotivo e construção civil precisam olhar para frente e entender como é se transformar para reemergir. Serviços financeiros, agricultura e private equity são segmentos que estão na camada cujo retorno se dará normalmente. Já as empresas que estão no setor de varejo, farmácia on-line, entrega de alimentos, educação digital e streaming media já estão passando por uma onda de crescimento.

Turismo e lazer, duas das principais vocações de Pernambuco, têm sofrido de forma significativa com essa pandemia. Esses setores empregam milhares de pessoas e precisarão, necessariamente, se reinventar ao final desse processo. Um dos estados mais lindos do país pelas belezas naturais e pelo clima agradável, Pernambuco terá o desafio de mostrar e convencer os turistas que é seguro visitar a região, num futuro bem próximo.

Uma coisa é certa. Estamos vivendo um momento de transformação. Todos nós fomos afetados pela pandemia. Por isso, precisamos ser cada vez mais criativos, no sentido de entendermos que estamos passando por um processo de mudança, de desenvolvimento e, acima de tudo, de evolução. Por fim, fica a mensagem de que as empresas devem ser resilientes nos negócios. Sabemos que esta crise vai passar e todos precisam se preparar para uma nova realidade. Nitidamente, já iniciamos um processo de retomada, governos divulgaram protocolos do que precisaremos fazer para voltarmos ao convívio social, redobraremos nossa atenção com a higiene e, com certeza, deixaremos um legado mais rico às novas gerações que estão por vir.

*Raniery Marques é sócio-líder dos escritórios da KPMG em Recife e Belém.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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