Pernambuco prevê aumento de casos da Covid-19 em abril e reforça pedido de isolamento

Os gráficos do avanço da Covid-19 no mundo mostram cenários em comum. Consideradas as variações nos números de casos por países, uma consequência das medidas adotadas por cada nação, é certo que há uma tendência de explosão de infecções após os primeiros 30 dias – contados a partir da primeira notificação no local.

O Brasil completou 30 dias desde a primeira notificação nesta quinta-feira (26), com quase três mil confirmações, porém com subnotificação real, admitida pelo Ministério da Saúde devido à falta de insumos necessários para testar todos os casos suspeitos. Por isso, somente os quadros graves e os grupos de risco estão tendo amostras coletadas.

Em Pernambuco, são 48 casos confirmados entre o dia 12 de março, quando foram anunciadas as primeiras notificações, até o início da noite desta quinta. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), então, faz um alerta para o cenário que pode ser vivido nos próximos dias. “Temos procurado conversar com diversos especialistas que têm feito modelos matemáticos adaptados para a realidade do Estado. E há situações que nos preocupam se as medidas não farmacológicas que adotamos não forem seguidas”, explica o gestor da SES-PE, André Longo.

As medidas não farmacológicas citadas por ele são as restrições de mobilidade nos municípios do Estado, onde estão proibidas reuniões com mais de dez pessoas e funcionamento do comércio que não seja de serviços essenciais. Tais restrições, junto ao clamor do Governo de Pernambuco para que a população evite estar nas ruas, tem justificativa.

“Há perspectiva de termos um aumento grande de casos nos primeiros dias de abril caso as medidas não farmacológicas não sejam atendidas. Então, reforçamos a importância do isolamento social. É certo que o ápice da curva de epidemia vai chegar. Todo o nosso esforço é por retardá-lo enquanto tomamos todas as medidas para preparar nosso sistema”, diz Longo.

“Embora alguns devaneios sejam ditos por alguns, a recomendação mundial é de isolamento. A Organização Mundial de Saúde pede isolamento. As principais potências do mundo estão em isolamento. E precisamos seguir enquanto as recomendações forem essas. É certo que nenhuma autoridade governamental está satisfeita com essas medidas, mas elas são tomadas por técnicos, a partir da avaliação dos cenários”, completa.

A dinâmica dos casos deve seguir o padrão atual, com quadros leves, moderados e graves. O que os especialistas avaliam é que, se o número de casos for muito elevado, a tendência é que a porcentagem de casos que podem evoluir de forma mais grave também sejam elevados. Sendo assim, o sistema de saúde não teria capacidade para dar assistência necessária a todos.

A Covid-19 é uma doença com potencial de cura, porém alguns precisam de suporte de ventilação mecânica por alguns dias para vencer o vírus. Se muitos adoecem ao mesmo tempo, há o risco de não haver estrutura para todos terem o tratamento adequado, o que gerará um índice alto de mortalidade.

“Quanto mais veloz a transmissão do vírus acontece em uma comunidade, mais rápido o número de casos aumenta, mais rápido o número de casos graves chega e menor fica a capacidade de atender. Temos visto isso em países ricos, como na Europa e nos Estados Unidos. Quando temos um número muito alto em pouco tempo, a perda de vidas é intensa. O aumento já está acontecendo. Em São Paulo já são mais de mil casos confirmados. Retardar esse início nos dará mais tempo para montar leitos para lidar com o aumento do número de casos”, ressalta o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia.

“Morrer aos 60, 70 e até 80 anos é uma perda precoce para a expectativa de vida do brasileiro hoje. E tem que lembrar que jovens não estão imunes ao risco de casos graves. Tem registros disso. Hoje (quinta-feira) a OMS foi novamente categórica dizendo que a única forma de diminuir esse aumento é através de medidas restritivas. Todos os que afrouxaram se arrependeram porque os casos explodiram na sequência”, completa Correia.

“Aqui em Pernambuco e no Brasil, a gente espera trabalhar com números menores. Mas isso depende do comportamento da sociedade. Tão logo a gente tenha segurança de evoluir, a gente vai recomendar o distanciamento das restrições, mas o momento hoje é de um cenário que pode ser muito grave se a gente não mantiver essas medidas”, reforça Longo.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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