Pernambuco tem maior taxa de desemprego

Folhape

O desemprego em Pernambuco registrou queda pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o que mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) para os meses de julho, agosto e setembro, quando 17,9% dos pernambucanos economicamente ativos estavam sem ocupação, contra 18,8% nos três meses anteriores. Apesar da diferença, Pernambuco teve a pior taxa entre as unidades federativas, muito acima da média nacional de 12,4%. No mesmo período de 2016, a taxa de desemprego marcava 15,5%. Este ano, é a segunda vez que o Estado fica em último no ranking trimestral.

O desempenho do Recife foi ainda pior. A capital apresentou aumento no percentual de desempregados, de 19,7 para 20%. Em dois anos – na comparação com o terceiro trimestre de 2015 – a desocupação entre os recifenses quase dobrou (era de 10,2%). Na época, a estatística municipal estava menos de dois pontos percentuais acima da média brasileira. Hoje, a diferença conta quase 7 pontos. Na análise regional, o Nordeste tem a maior taxa do País – 14,8% estão sem trabalho. Dos estados nordestinos, apenas três registraram média inferior à nacional: Paraíba (10,8%), Ceará (11,8%) e Piauí (12%).

De volta a Pernambuco, 26 mil novos trabalhadores passaram a ter carteira assinada e 22 mil tornaram-se empregadores. Na análise por “posição na ocupação”, que estuda as relações entre empregado e patrão, apenas o contingente de pessoas engajadas no trabalho por conta própria (porém sem funcionários) caiu. Everaldo Silva, de 49 anos, sonha ingressar na categoria “empregador”, à medida que seu negócio de salgados e doces continuar dando certo. Desempregado há três anos, o ex-gari decidiu parar de procurar emprego para investir nos próprios produtos, que vende pelas ruas da Região Metropolitana do Recife.

A cor da pele do vendedor também virou estatística. Segundo o IBGE, 55,1% dos trabalhadores brasileiros por conta própria são pretos ou pardos. Entre essas etnias, 2,5% são ambulantes. Para o instituto, os números revelam a desigualdade do mercado de trabalho brasileiro, fruto de um processo que iniciou no Brasil colonial.

Diferentemente de Everaldo Silva, Ezequias Dias, 34, entrou para os números de desemprego no começo deste ano e ainda não desistiu da busca. Os contatos que tem feito mantêm acesa a esperança de terminar 2017 empregado. Ele se queixa das exigências acadêmicas impostas pelas empresas, no entanto. Dizem que “não levam em consideração se a pessoa tem experiência ou não”. Enquanto isso, Giannino Gama, 36, está fora do mercado formal desde 2012. Ele recorre a pequenos trabalhos para custear o aluguel e o sustento dos dois filhos e da mulher, que também está desempregada. “O desemprego tá muito grande, não só pra mim, mas no Brasil inteiro”, fala.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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