No acumulado de janeiro a setembro deste ano, a produção física da industrial têxtil do Nordeste registrou uma queda de 5,2% no setor têxtil e crescimento de 1,2% na confecção, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados, apresentados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), confirmam o lado preocupante do acúmulo de perdas do setor têxtil no país, porém o segmento de confecções na região segue na contramão e demonstra início da recuperação.
Para se ter uma ideia, o levantamento da Abit aponta que, no acumulado entre janeiro e setembro de 2018, comparado ao mesmo período de 2017, o Brasil registrou queda de 1,7% na produção têxtil, e de 3,7% na produção de vestuário. Com isso, os empregos registram um saldo negativo de 1.995 postos de trabalho. “O Nordeste é um grande produtor. Tem uma base produtiva forte. O que esperamos é que haja uma retomada do crescimento no país como um todo e o Nordeste tenha um foco importante, inclusive com políticas governamentais”, afirma o presidente da Abit, Fernando Pimentel.
No ano passado, a região registrou um faturamento de R$ 28,3 bilhões, representando 17% do total brasileiro. Ao todo eram 9.048 empresas, sendo 1.496 têxteis e 7.552 de confecção. “A tendência para o próximo ano é de crescimento, mas no Nordeste, como no Brasil, o setor têxtil ainda está sofrendo. A confecção é o setor que mais emprega e, estando com crescimento positivo, significa que tem espaço para acomodar pessoas no mercado de trabalho, gerando renda e aumentando o consumo”, ressalta Pimentel.
Pernambuco tem um papel de destaque no setor têxtil. No ano passado, o estado registrou um faturamento de R$ 4,9 bilhões, representando 3% do total brasileiro. Em 2017, foram contabilizadas 2.561 empresas, sendo 330 têxteis e 2.231 de confecção. Juntas, as empresas geraram 24.596 empregos formais, sendo 5.849 na indústria têxtil e 18.747 na confecção.
“A base produtiva pernambucana evoluiu muito e está conseguindo atrair mais novos negócios. A capacidade de atração de compradores do Sul e Sudeste é relevante e, por isso, o polo tem crescido”, diz Pimentel. A nível estadual, o executivo também vê com otimismo a recente aquisição da PetroquimicaSuape pela mexicana Alpek, no primeiro semestre deste ano.
impacto
De acordo com o presidente da Abit, um dos pontos que prejudicou a indústria este ano foi o tabelamento do frete, medida adotada após a greve dos caminhoneiros, ocorrida este ano é que paralisou o setor produtivo nacional. “Ajustes precisam ser feitos. O Brasil perdeu um tempo enorme sem crescer. Fomos maltratados pela crise e pelas consequências trazidas pela greve. Mas 2019 tende a ser de ajustes. Se acertar a mão e a sociedade for ganhando confiança, os investimentos voltam e você entra em um círculo virtuoso”, conclui.
Conforme Pimentel, um ponto que pode auxiliar no desenvolvimento do setor é a exportação. “Temos que olhar a venda para fora do país com bons olhos porque você disputa mercado no mundo inteiro. Agora, a empresa tem que se preparar para altos e baixos. Não dá para confiar só no câmbio. Tem que ter estrutura para suportar altos e baixos da cultura exportadora”, pontua. Para se ter ideia, entre janeiro e outubro deste ano, o Nordeste exportou USD 142,5 milhões (o equivalente a 52,9 mil toneladas) e importou USD 388,7 milhões (125 mil toneladas), em produtos têxteis e de confecção. Com isso, o déficit no período foi de USD 246,3 milhões.
Diario de Pernambuco