Pesquisa mostra que pessoas casadas têm dificuldade em reconhecer sentimentos de tristeza no cônjuge

Você sabe dizer se seu (sua) parceiro (a) está feliz, triste, de bom ou de mau humor? Você se atenta a isso no dia a dia? Se você respondeu que não, saiba que você não está sozinho. Uma pesquisa da Universidade Southern Methodist, de Dallas, nos Estados Unidos, apontou que a maioria das pessoas casadas ou que estão em relacionamentos estáveis tem dificuldade em reconhecer os sentimentos de tristeza nos (nas) parceiros (as).

O estudo acompanhou 51 casais, que relataram em diários os estados de humor seus e dos (das) parceiros (as) ao longo de sete dias consecutivos. O levantamento demonstrou que as pessoas tendem a presumir que o outro sente a mesma coisa ou está exatamente no mesmo patamar emocional, o que dificulta a percepção de momentos de tristeza, principalmente quando essas situações não estão diretamente ligadas ao relacionamento.

Para a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal e família e cofundadora do Instituto do Casal, a sensibilidade para perceber o que o outro está sentindo ou como está se sentindo é fundamental em um casamento.

“No dia a dia, com a agenda lotada e o tempo escasso, acabamos deixando de lado esse olhar mais atento ao outro. Assim, com os olhos voltados para as distrações que temos, como celular e TV, acabamos não voltando nossa atenção para o (a) parceiro (a) e tendemos a pensar que está tudo bem ou igual, basicamente foi isso que a pesquisa mostrou”.

“Além disso, é mais fácil perceber essas emoções negativas quando elas estão ligadas ao relacionamento. Mas, muitas vezes as pessoas sentem tristeza por motivos que não têm nada a ver com a vida a dois. Pode ser um problema no trabalho, um problema familiar, de saúde, etc. As mulheres nem sempre estarão de mau humor ou tristes porque estão na TPM, por exemplo”, comenta a psicóloga Denise Miranda de Figueiredo, terapeuta de casal e família e cofundadora do Instituto do Casal

Sentir-se apoiado é fundamental

A pesquisa deixou claro que grande parte dos casais sente dificuldade em perceber quando o humor do outro mudou e isso é um dado muito importante. “Essa percepção é parte do investimento de que tanto falamos. Ou seja, da dedicação ao relacionamento para que ele dê certo. Se meu (minha) parceiro (a) está triste, é meu papel perguntar e entender o que está acontecendo”, diz Denise.

“Quando isso não acontece, ou seja, quando um dos parceiros é indiferente ao sofrimento do outro, pode criar um enorme abismo nesse relacionamento. “A pessoa pode pensar que não é mais amada, sendo este o terceiro medo mais frequente dos casais brasileiros, segundo nossa pesquisa sobre satisfação conjugal” comenta Marina.

Dicas das Especialistas

1-Comunicação é fundamental: Infelizmente, segundo outra pesquisa do Instituto do Casal, 61% dos casais brasileiros dedicam uma hora ou menos por dia para conversarem sobre o relacionamento. “A comunicação é extremamente importante na vida do casal e precisa de investimento, dedicação. Sem isso, é improvável mesmo que possamos reconhecer que nosso (a) parceiro (a) não está bem”, reflete Denise.

2- Preste atenção no outro: Faça perguntas, tente se colocar no lugar dele (dela) e evite presumir o que ele (ela) está sentindo. Pergunte se está tudo bem quando o outro está um pouco mais quieto ou parece distante, pois perguntar é uma maneira de garantir que a outra pessoa se sinta acolhida e amada”, orienta Denise.

3- Treine sua própria comunicação: Lembre-se de que ninguém tem o poder de ler mentes. “Então, se você precisa de ajuda e o outro não percebeu, fale. Peça apoio, diga que quer conversar. Como o relacionamento é, muitas vezes, a principal fonte de apoio que temos no dia a dia, saber identificar e compartilhar momentos de tristeza, assim como os de felicidade, pode fazer uma enorme diferença na vida a dois”, concluem as terapeutas.

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