Entre os dias 25 e 28 de julho, a Prefeitura de Caruaru, através da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), celebra a Semana da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha com palestras e ações integradas. A programação tem o objetivo de reforçar a importância da mulher negra para a sociedade e inicia com o lançamento da campanha “Mulheres Negras Raízes da Resistência”. O primeiro evento será no auditório da FIEPE Caruaru no dia 25, a partir das 08h, e contará com as palestras “Enfrentamento à Violência Obstétrica Contra a Mulher Negra” e “A Mulher Negra como Jovem Aprendiz no Mercado de Trabalho”.
Outro destaque da programação é a 2ª edição da Feira Afro Mulher que encerra a programação do dia 28 com roda de capoeira de mulheres, desafio de poesia (slam) e um “aulão” de dança latino-americana e caribenha como parte das ações do “Nossa Avenida”, na Agamenon Magalhães, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH). As atividades são pautadas pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, cuja data é comemorada no Brasil no dia 25 de julho em alusão à promulgação a Lei nº 12.987 que dispõe sobre a criação do Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola do século XVIII que lutou por mais de 20 anos contra a escravidão no Brasil.
De acordo com o Mapa da Violência de 2016, os homicídios que vitimizam mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, passando de 1.864 em 2003, para 2.875 em 2013. Os casos com vítimas brancas nesse período caíram 10%. “Além do enfrentamento ao racismo, as mulheres negras precisam lidar diariamente com as violências machistas também. São elas as maiores vítimas de violência obstétrica, abuso sexual e feminicídio”, destacou a secretária da SPM, Juliana Gouveia.
As mulheres negras têm menos visibilidade nos meios de comunicação, são as que menos estão nos cargos de chefia e da política, bem como nas universidades. As mulheres brancas recebem 70% a mais do que as negras, segundo a pesquisa “Mulheres e Trabalho”, do IPEA, publicada em 2016. Os números também revelam que 54,4% das mulheres negras são vítimas da violência doméstica, segundo a Central de Atendimento à Mulher/2013. Já numa pesquisa divulgada pela CEPES, PNAD, aponta que 0,5% das mulheres negras estão na política e 11,4% estão em cursos superiores.
“A SPM se junta à comunidade latino-americana e caribenha para comemorar a data por meio de atividades que levam à reflexão, com o objetivo de promover a desconstrução do racismo estrutural e a construção de uma sociedade justa e digna para todas as mulheres, em especial as mulheres negras”, ressaltou a coordenadora da Mulher Negra, da SPM, Tamyres Cardoso.
Mais sobre a data
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, é reconhecido pela ONU e surgiu quando, em 1992, mulheres negras militantes organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. Naquele evento foram discutidos temas como machismo, racismo e formas de enfrentá-los.
No Brasil, a data busca reverenciar nacionalmente o nome da heroína Tereza de Benguela, líder quilombola do século XVIII conhecida também como “Rainha Tereza”, em reconhecimento por sua luta de mais de 20 anos no combate à escravidão no Brasil à frente do Quilombo do Piolho, localizado na chapada e no vale do Guaporé, onde atualmente se encontra o estado do Mato Grosso.