A Polícia Civil de Pernambuco está atrás de William Cesar dos Santos Júnior, suspeito de jogar soda cáustica na ex-namorada, Mayara Estefanny Araújo, de 19 anos. A agressão aconteceu na noite da quinta-feira (4), em Nova Descoberta, Zona Norte do Recife. De acordo com a instituição, o crime teria sido praticado por William, em parceria com um amigo – Paulo Henrique Vieira dos Santos, preso nesta sexta (5). William já tinha passagem pela polícia por estelionato e desrespeitou uma medida protetiva solicitada por Mayara em maio.
De acordo com a delegada Bruna Falcão, da Delegacia da Mulher de Santo Amaro, Mayara já tinha registrado três boletins de ocorrência contra William. Por ocasião da primeira queixa, a Justiça proibiu, em junho, o homem de se aproximar, telefonar e frequentar a casa da ex. Mas ele desrespeitou a regra por duas vezes (três, se incluído o ataque com soda ocorrido ontem). À Polícia, ele justificou que só infringiu a medida porque a mulher estaria proibindo ele de ver o filho que tiveram juntos, fato este negado por pessoas ouvidas pela delegada.
Mayara foi pega de surpresa pelos dois homens enquanto voltava para sua casa, nas ruas de Nova Descoberta. Segundo a delegada, Paulo segurou Mayara para que William atirasse o líquido corrosivo. “Ele nega ter participado do crime. Em depoimento, ele alegou que no dia do fato, estava fumando maconha junto ao William e ele resolveu jogar a soda na vítima. Mas testemunhas oculares viram ele segurá-la para o amigo atirar o produto”, diz Bruna.
Questionada sobre o motivo de não ter tido uma ação mais enérgica da polícia, já que havia boletins de ocorrência contra o William, a delegada Bruna diz que foi feito tudo que estava ao alcance dos órgãos públicos. “A gente estava em fase de conclusão de inquérito, estávamos encerrando os procedimentos quando lamentavelmente, na noite de ontem, aconteceu esse fato”, lamenta.
Importância de denunciar
Bruna faz questão de salientar que o ocorrido com Mayara foi “um ponto fora da curva” e que isso não deve desestimular denúncias de violência de gênero. “No ano passado, em quase todos os feminicídios ocorridos no estado, as mulheres morreram caladas, sem registrar um único boletim de ocorrência na delegacia. Casos como os de Mayara, em que ela pede proteção e o agressor torna a procurá-la são exceções. Isso não pode servir como desestímulo. Com a proteção estatal, a chance da vítima morrer é muito menor”, alerta.
Mayara segue internada em estado grave, no Centro de Tratamento de Queimados no Hospital da Restauração, no Derby. Ela teve 35% de seu corpo queimado pela soda cáustica e corre risco de ficar cega. Neste primeiro momento, o caso não será qualificado como feminicídio, visto que só ficou atestado que William queria desfigurar a ex, e não matar.
Apontado como coautor do crime, Paulo foi preso em flagrante, por lesão corporal grave e resistência. A delegada Bruna Falcão pede que quem tenha qualquer informação sobre o paradeiro de William, avise às autoridades. Denúncias podem ser feitas pelo (81) 3184-3352.
Diario de Pernambuco