Uma das preocupações de tesoureiros e de diretores financeiros das grandes empresas é como aproveitar melhor o dinheiro do caixa, quais as opções de investimento estão rendendo mais. Em tempo de crise econômica e queda acentuada da taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), as alternativas ficam ainda mais reduzidas.
Não é de hoje que os recebíveis (duplicatas, cheques, de cartões) tornaram-se fundamentais para o financiamento do capital de giro das empresas. Atualmente, eles são absolutamente fundamentais e, praticamente, a única opção disponível para a maioria delas. “Historicamente, tínhamos os bancos e as factorings descontando recebíveis. Estas últimas passaram a atuar como FIDCs (Fundos de Direitos Creditórios), mas sem competitividade contra os bancos. Isso mudou e hoje estes fundos muitas vezes batem os maiores bancos do país, tornando-se uma excelente fonte de financiamento”, explica Fernando Blanco, consultor e fundador do IDCC – Instituto para o Desenvolvimento da Cultura do Crédito.
Dados do Banco Central mostram que mercado de duplicatas, por exemplo, alcançou R$ 406 bilhões em 2016. Desse total, 60% corresponde a grandes bancos, 25% FIDCs e Factorings e 15% a bancos médios. Em qualquer tipo de negócio, é normal enfrentar momentos de sobra em caixa e aperto financeiro. Mas o que fazer quando há sobras? Como tirar bons resultados dele em pouco tempo? A resposta tradicional é partir para as aplicações baseadas em CDI – Certificado de Depósito Interbancário -, mas, na atual situação do País, é realmente uma boa escolha?
“O CDI é o lastro das operações de empréstimos de curtíssimo prazo entre bancos, e também é o índice de referência para diversas operações financeiras, como CDB, LCI e LCA. É possível encontrar modalidades de investimento que tenham o rendimento de 80% ou até mesmo 105% do CDI. Ele foi idealizado para acompanhar a taxa Selic e, em muitas vezes, acaba se igualando a ela.”, explica Camilo Telles, CEO e fundador do Antecipa.
Em dezembro deste ano, o Banco Central sacramentou a décima redução da taxa, agora em 7% – seu menor nível em quatro anos, e a previsão é que continue decrescente ao longo do ano, como prevê o Relatório de Mercado Focus. “Se a tendência se mantiver, os ganhos em aplicações baseadas em CDI serão menores a cada mês, deixando de ser atraentes para investimentos de curto prazo”, afirma Telles.
O outro aspecto é em relação ao imposto de renda, ou seja, o tempo mínimo de aplicação e investimento inicial. LCI e LCA são isentos, mas exigem prazos mínimos de 90 dias para saques e investimentos iniciais altos. Fundos DI e CDB têm curtos prazos de retirada, porém descontos do IR que variam entre 15% e 22,5% a depender do prazo.
“Seja qual for a modalidade, os prazos esticados ou os descontos do IR, associados à contenção da inflação, tornam os investimentos pouco rentáveis, com ganhos reais próximos de 2% a.a”, assinala o executivo que opera um marketplace de antecipação de recebíveis entre compradores e fornecedores com o foco no caixa do sacado.
Tratando-se de fluxo de caixa, é fundamental que o retorno do investimento seja rápido. “Uma maneira de obter rendimentos instantâneos sobre dinheiro de caixa é negociar melhores condições de pagamentos e assim obter lucro sobre ele, como acontece no adiantamento de recebíveis feito com o SCF – Supply Chain Financing, que por sua vez conecta empresa às outras do mercado, permitindo que haja negociação direta”, finaliza.