Para muitos, a aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin sinaliza um PT menos radical e mais preocupado em captar forças do centro democrático. De acordo com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, contudo, o arranjo não significaria uma mudança no discurso da sigla.
“As alianças político-eleitorais são para enfrentar a conjuntura. Então, não tem uma questão de posicionamento político alterado, as posições do PT vão continuar as mesmas”, garantiu.
A parlamentar ainda comentou que não há resistência do partido em realizar pesquisas que possam qualificar a candidatura de Fernando Haddad ao governo de São Paulo. De acordo com a parlamentar, também, um cargo no Senado não está descartado, mas depende de negociações.
A petista confirmou que o registro da candidatura de Lula acontecerá após o fechamento da federação com PSB, PCdoB e PV. Ainda que haja impasses nos estados, em especial em São Paulo, no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul, a expectativa é de que o acordo seja assinado ainda em março — mesmo sem a resolução da questão. Confira trechos da conversa da parlamentar com o Correio Braziliense:
A aliança com Alckmin sinaliza um PT mais ao centro ou abrandamento no discurso?
O PT tem um posicionamento político claro sobre o que quer para o Brasil e está no seu programa. As alianças político-eleitorais são para enfrentar a conjuntura. Então, não tem uma questão de posicionamento político alterado, as posições do PT vão continuar as mesmas. Isso não significa um abrandamento. Nosso discurso é o mesmo que o Lula está fazendo e nossa centralidade é o povo brasileiro. Significa que a gente quer uma amplitude para a defesa da democracia.
O presidente do Banco Central afirmou que o mercado “passou a ser menos receoso” em relação à possibilidade de o ex-presidente assumir o governo. A senhora vê isso como uma resposta ao que afirmou há algumas semanas sobre não precisar ter “medinho” de Lula?
O mercado conhece o Lula, por isso eu já disse que não precisa ter medo. Eles sabem quem o Lula é, a responsabilidade que tem e que não vão ser enganados pelo programa que vamos colocar, pois é um programa forte para defender o povo brasileiro. Não precisa de economista para falar sobre o programa. Lula já está deixando claro o que queremos fazer: mais empregos, política social forte, tem que ter renda, fazer investimento. Ele também não está preocupado em sinalizar para o mercado agora. O mercado já sabe [quem ele é].
Após o cancelamento do aniversário do PT, há alguma data para Lula registrar sua candidatura?
Em março, ele vem a Brasília e, em breve, deve formalizar a candidatura. Não sei se [a formalização] ocorrerá mesmo em março, mas será depois que a federação e as alianças estiverem fechadas. Lula não é um candidato só do PT, mas de um movimento amplo a favor do Brasil. A formalização da candidatura deve ocorrer logo após a assinatura da federação, que deve ocorrer no começo de março.
Quais são os principais entraves para a federação partidária? É possível acertar mesmo com esses impasses?
As alianças regionais. Temos um caso difícil em São Paulo. Mas temos impasses também no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo. Eu acho que é possível, sim, a gente seguir sem resolver isso agora. A aliança é sobre um movimento amplo sobre o Brasil.
Sobre SP, o PT tem resistência em realizar a pesquisa para qualificar Haddad ou Márcio França para o governo?
Não há resistência em realizar a pesquisa. Foi uma proposta do Márcio França e o PT está disposto a realizar.
Poderiam lançar Haddad ao Senado?
A candidatura ao Senado é uma possibilidade, mas isso é uma coisa para sentar e negociar. Há uma determinação muito grande do PT nacional e do estado para que essa candidatura [ao governo de SP] aconteça.
Diario de Pernambuco