Wagner Gil
A Prefeitura de Caruaru, até o final deste mês, estará concluindo mais uma etapa do projeto ‘Comércio na Praça’, iniciado em 2017, logo no início do governo de Raquel Lyra. Desde então foram pelo menos 60 reuniões realizadas entre comerciantes, ambulantes e os próprios secretários municipais, já que a ação envolve diversas pastas, entre elas, Ordem Pública, Governo, Destra, Obras, Fazenda, Extraordinária das Feiras, além de Serviços Públicos. A Câmara de Vereadores também participou do processo com a realização de audiência pública com todos os envolvidos. Esta semana houve mais reuniões de esclarecimento.
Tirar e diminuir parte do comércio ambulante em uma cidade como a Capital do Agreste é um enorme desafio. Seus moradores – sejam filhos da terra ou de outras cidades e estados – têm veia empreendedora e um exemplo disso é que, antes de Caruaru ser uma cidade, um forte comércio já existia na então Fazenda Caruara.
O secretário de Governo, Rubens Júnior, falou com o VANGUARDA e recordou a primeira grande intervenção no Centro. “A primeira grande mudança no Centro desde a fundação da cidade, há quase dois séculos, foi a retirada da tradicional Feira de Caruaru das principais ruas do Centro para o Parque 18 de Maio. Isso foi há mais de 25 anos”, destacou. Na época, o prefeito era o ex-governador João Lyra Neto, pai da atual chefe do Executivo municipal.
Para retirar os camelôs e ambulantes das principais vias, a prefeitura investiu alto, mas muito diálogo existiu. “É uma mudança necessária para o bem de todos. A Câmara de Vereadores tem participado ativamente desse processo. Além da audiência pública realizada aqui na Casa Jornalista José Carlos Florêncio, nós estamos acompanhando tudo. Inclusive a AP foi solicitada pelo líder da oposição, Daniel Finizola (PT)”, disse o líder do governo, Bruno Lambreta (PDT).
O vereador Heleno Oscar (Patriotas) destacou a forma que o processo vem ocorrendo. “Esse trabalho vem desde 2017. Sabemos do impacto que causa, mas é necessário requalificar e melhorar o centro da cidade. Mudanças são complicadas, mas, em muitos casos, necessárias. Estava muito difícil caminhar pelas ruas do Centro. Nós estamos acompanhando”, afirmou o vereador.
LOCAIS
Dois espaços foram construídos para abrigar a maioria dos ambulantes: um na Praça Leocárdio Porto e outro nos Guararapes. Cada equipamento desse tem área para os ambulantes trabalharem, espaço de convivência e banheiros. “Também fizemos coberta por solicitação dos próprios vendedores. Inclusive esse projeto estaria concluído entre fevereiro e março, mas, como houve a solicitação dessa coberta, estamos concluindo só agora”, afirmou Diogo Bezerra, secretário da Fazenda.
Segundo ele, a ideia é que os espaços onde funcionará o ‘Comércio na Praça’ sejam aproveitados para eventos esportivos e culturais. “São dois espaços em área nobre que serão reutilizados. Isso foi pensado e acaba valorizando ainda mais a aplicação dos recursos públicos”, disse Bezerra.
A secretária de Ordem Pública, Karla Vieira, falou com nossa reportagem. “O ‘Comércio na Praça’ será um equipamento para atuação dos vendedores ambulantes e faz parte da requalificação de todo o centro da cidade. Outras obras estão sendo executadas. A ideia é trazer melhores condições de trabalho, mais segurança, banheiros, melhorando também as condições para os consumidores”, destacou.
De acordo com a prefeitura, quase 800 ambulantes se cadastraram ao longo dos últimos anos e pelo menos 600 já haviam tido acesso aos seus kits. “Foram várias reuniões e muitas mudanças, inclusive por solicitação dos próprios vendedores. Acredito que com a mudança todos vão ganhar”, afirmou Diogo Bezerra. Ele não falou em data, mas garantiu que até o dia 31 de outubro não haverá mais ambulantes.
PROTESTO
Esta semana um grupo com cerca de 50 pessoas realizou um protesto nas ruas reclamando da mudança no período de final de ano. “Como em janeiro o movimento cai de forma considerável, avaliamos que seria importante eles atuarem no novo local agora em dezembro. Como não haverá ambulantes nas ruas, as pessoas que quiserem adquirir seus produtos terão que ir aos dois espaços que foram criados”, explicou Bezerra. Ele disse ainda que a grande maioria concordou. “Veja que o número de pessoas nas ruas protestando foi mínimo. Mesmo assim, nossa equipe ouviu uma comissão assim que eles encerraram os protestos”, disse o secretário.
Os ambulantes cadastrados participaram de um sorteio das vagas do projeto e conheceram, através do mapa, seus novos locais de trabalho. “Esse projeto chega a sua fase final com um resultado fantástico, pois é uma soma de um amplo diálogo com os ambulantes, desde o primeiro ano da gestão da prefeita Raquel Lyra”, destacou o secretário de Governo, Rubens Júnior.
A prefeitura também esteve reunida com lojistas e dirigentes da CDL. “Nosso foco foi fazer esse trabalho de requalificação da forma mais democrática possível. Uma intervenção que vai mexer com cerca de 800 pessoas, mas o reflexo será positivo para milhares de pessoas”, concluiu Rubens.