Prestes a assumir cargo no Governo Paulo Câmara, Laura falou sobre sua não reeleição

“Houve uma concorrência maior na coligação”, diz Laura

Esta semana VANGUARDA trouxe uma entrevista especial com a deputada Laura Gomes (PSB), que não conseguiu renovar seu mandato nas últimas eleições. Considerada uma ‘guerreira’ da política local, ela fala de tudo: eleições municipais, governos José Queiroz e Paulo Câmara, além, é claro, de fazer um balanço de suas ações no Legislativo e de quando foi secretária de Direitos Humanos, no governo de Eduardo Campos. Eis a entrevista

Jornal VANGUARDA – Como a senhora se sente em não ter renovado o mandato? Faltou reconhecimento ao seu trabalho ou o formato político hoje favorece quem tem mais recursos para gastar na campanha?

Laura Gomes – Quando a gente não alcança um objetivo pelo qual batalhou com muito afinco é natural vivenciar momentos conturbados. Mas nada que abale minha disposição de continuar lutando por um mundo melhor. Não considero que houve falta de reconhecimento pelo trabalho que desenvolvemos, afinal foram 34.427 votos recebidos. Entendo que houve uma concorrência maior na nossa coligação pela ampliação da base partidária. Uma ampla maioria de brasileiras e brasileiros tem se manifestado pela urgência da reforma política. Entendo que a interferência escancarada do poder econômico no processo eleitoral debilita a própria democracia.

JV – A senhora acredita que o excesso de candidatos na base governista acabou lhe atrapalhando? Eu falo da candidatura de doutor Demóstenes Veras.

LG – Entendo que as candidaturas são legítimas e disputam o voto do eleitor. Do ponto de vista estritamente numérico, Caruaru teria condições de eleger os principais candidatos da terra.

JV – Qual a avaliação que a senhora faz de sua gestão à frente da Secretaria dos Direitos Humanos? Muitas ações foram implementadas, entre elas maior espaço para a pessoa com deficiência física. O que mais a senhora destacaria na sua atuação?

LG – Na gestão da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, me pautei sempre pelo entendimento de que a realização dos direitos da pessoa é fundamental na construção de uma sociedade melhor. Nesse sentido, destaco também algumas ações implementadas para os segmentos mais vulneráveis da nossa população como a formulação do Plano Estadual da Pessoa Idosa, com a criação do Fundo Estadual e da Superintendência Estadual da Pessoa Idosa. Considero também valiosa as ações de apoio ao público LGBT com a interiorização do Centro Estadual de Combate à Homofobia. Realizamos também diversas ações de promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo, inclusive institucional. Criamos de forma pioneira um programa de enfrentamento ao crack baseado em ações de acolhimento integral ao usuário e sua família como caminho para a reabilitação. Duplicamos a execução financeira do Fundo Estadual da Assistência Social e agilizamos o repasse de recursos aos municípios através do sistema fundo-a-fundo.

JV – Na área dos Direitos Humanos, existe hoje uma grave crise no sistema prisional. Como superar isso com a deficiência na quantidade de vagas, processos em atraso no Judiciário, além de outras questões como insatisfação dos agentes prisionais e da própria polícia, no que diz respeito a salários e condições de trabalho?

LG – A ampliação das estruturas de encarceramento, de gestão e do processo judicial não acompanhou a ampliação da população carcerária. Essa crise vem se arrastando no Brasil há muitos anos. Entendo que a superação dessa situação passa necessariamente pela ação articulada principalmente entre o Executivo e o Judiciário que, além da ampliação das estruturas, devem consolidar de vez o sistema de penas alternativas.

JV – Como deputada estadual, quais as principais ações de seu mandato?

LG – Procurei nos 12 meses de mandato dar ressonância às ações de promoção e defesa dos direitos humanos realizadas durante a gestão da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Conseguimos aprovar o Projeto de Lei que insere a transmissão de noções básicas da Lei Maria da Penha na rede estadual de ensino. Elaboramos e aprovamos a lei que cria o prêmio Prefeitura Amiga da Pessoa Idosa, incentivando ações municipais de apoio a esse público. Como presidente da Comissão de Educação e Cultura, procuramos mobilizar as organizações da sociedade para debater temas atuais e importantes, a exemplo das audiências públicas que trataram da oferta de alimentos saudáveis na rede de educação pública e privada, da medicalização na educação e da valorização do frevo como expressão musical genuinamente pernambucana e agora patrimônio da humanidade.

JV – Se a senhora fosse votar hoje para a eleição da Mesa Diretora da Alepe, votaria em Guilherme Uchôa? Por quê?

LG – Aceito o princípio da proporcionalidade, nesse caso tenderia pela defesa da construção de uma alternativa pelo PSB. Porém acompanharia a decisão majoritária da nossa bancada.

JV – Em relação ao governo de José Queiroz, qual a nota que a senhora daria?

LG – Recentemente, nossa cidade foi reconhecida como uma das 100 cidades com melhor qualidade de vida do Brasil. Para alcançar este estágio, as ações do poder público municipal foram fundamentais. Vivenciamos atualmente, um processo de humanização da nossa cidade. José Queiroz vem conduzindo o governo com muitos acertos. Tem demonstrado uma capacidade de articulação que favorece o desenvolvimento econômico que podemos observar. Portanto me agrego à parcela maior da população e dou nota máxima ao governo de José Queiroz.

JV – E o governo Paulo Câmara?

LG – O governo Paulo Câmara ainda não completou um mês, qualquer avaliação é muito incipiente. Tenho boas expectativas do governo e farei o que puder para contribuir.

JV- É possível fazer uma avaliação dos nove meses do governo João Lyra Neto?

LG – Considero que foi bem sucedido dentro dos objetivos definidos por ele. A opção foi não fazer um governo João Lyra e, sim, concluir o governo Eduardo Campos. Foi um período de grandes instabilidades administrativas, emocional e políticas. Enfrentou de início uma greve da PM, início de campanha eleitoral com a morte de Eduardo Campos e um acirramento sem precedentes recente da disputa eleitoral.

JV – Em relação a 2016, seu nome está no páreo para disputa municipal?
LG – Já esteve antes e continua ainda à disposição do partido para assumir as missões que objetivem contribuir para o desenvolvimento da nossa cidade.

JV – Em um momento de crise entre os grupos Lyra e Queiroz, Jorge Gomes foi escolhido para ser o candidato da união entre essas duas lideranças. Agora a relação deles novamente está estremecida. A senhora se coloca como nome de consenso?

LG – Sempre atuamos pelo fortalecimento da Frente Popular. Avaliamos que Caruaru tem avançado quando estamos alinhados. Vamos continuar defendendo a unidade do campo popular na ação política em nossa cidade.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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