Após dois meses de queda, a produção industrial brasileira cresceu 0,9% em janeiro, na comparação com o mês anterior. No acumulado de 12 meses, porém, a indústria mantém uma queda de 1%, informou nesta terça (10) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com janeiro de 2019, a produção industrial registrou queda de 0,9%, disse o instituto. Foi a terceira perda seguida nessa base de comparação.
De acordo com o IBGE, a alta de 0,9% em janeiro é o melhor desempenho do setor para o mês de janeiro desde 2017 e teve grande influência da categoria de bens de capital, com alta de 12,6% em relação ao mês anterior.
“O resultado de janeiro deu um alívio para o primeiro trimestre depois de um fim de ano fraco, mas teremos algum impacto do surto de coronavírus, tanto por redução da demanda quanto por choque de oferta”, comentou a pesquisadora Luana Miranda, do FGV IBRE, lembrando que já há setores em dificuldades para obter insumos.
O IBGE destacou que o crescimento foi disseminado em três das quatro grandes categorias econômicas: além de bens de capital, houve alta em bens intermediários (0,8%) e bens de consumo duráveis (3,7%). A produção de semiduráveis e não duráveis caiu 0,1%.
Houve avanço em 17 das 26 atividades pesquisadas, com destaque para máquinas e equipamentos (11,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4%), metalurgia (6,1%), produtos alimentícios (1,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%).
Também contribuíram positivamente produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,2%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (6,5%), outros produtos químicos (1,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos (3%), entre outros.
“Isso não ocorria desde abril do ano passado. Os resultados positivos ficaram concentrados em poucas áreas da indústria por oito meses seguidos em 2019”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo. Ele frisou que o resultado positivo na categoria de bens de capital foi o primeiro desde maio de 2019.
Do lado negativo, houve queda na produção de impressão e reprodução de gravações (-54,7%) e indústrias extrativas (-3,1%), impactadas ainda pela suspensão das atividades de extração de minério de ferro após o rompimento da barragem de mina da Vale em Brumadinho (MG), que deixou 270 mortos.
De acordo com o IBGE, o avanço de janeiro eliminou parte da redução de 2,4% alcançada nos dois últimos meses de 2019. A indústria brasileira ainda está 17,1% abaixo do recorde alcançado em maio de 2011, disse o instituto.
O comportamento da produção industrial tem apresentado grande volatilidade. Em 2019, por exemplo, foram sete meses em queda e cinco em alta. Com os efeitos do surto de coronavírus, alguns setores industriais, como o de eletroeletrônicos, já reclamam de dificuldade para obter materiais e insumos para suas operações.
“Janeiro mostra que o país tinha condições de crescer 2% ao ano [em 2020], mas esses choques que estamos vivendo geram incertezas muito grandes”, concluiu a pesquisadora da FGV.
Folhapress