Projeto leva índios Fulni-ô às escolas do sertão

Promover uma troca de experiências entre os povos indígenas e as crianças de escolas públicas e privadas, derrubando preconceitos e permitindo que crianças, adolescentes e professores conheçam mais da cultura ancestral. Esta é a principal filosofia do projeto Walê Fulni-Ô, que desde 1999 circula pelo Distrito Federal e esta semana retorna às origens, realizado o projeto em Águas Belas, terra nativa dos Funi-ô, Arcoverde e Iati, no Sertão de Pernambuco.

O projeto, que nesta edição conta com incentivo do Funcultura, nasceu da necessidade, de promover a interação entre as crianças da cidade e os indígenas. “Muita gente desconhece que os indígenas brasileiros são donos de uma cultura própria, que inclui idioma, religião, rituais e costumes, que além de preservados devem ser respeitados. Acreditamos que a melhor forma de quebrar barreiras é aproximando as pessoas”, afirma o arte educar Pablo Ravi, coordenador do projeto. Ele conta que a primeira parada, na chegada a Pernambuco, é justamente em Águas Belas, cidade onde sr localiza a aldeia Fulni-Ô. O projeto irá a oito escolas, cinco delas em Águas Belas, duas em Arcoverde e uma em Iati.

“Cada agenda dura cerca de uma hora. Começamos as visitas com um bate-papo unindo alunos, professores e funcionários da escola. Explicamos que ser indígena é pertencer a uma etnia, que tem história, prática e culturas particulares. Depois mostramos alguns rituais dos Fulni-Ô, para que as pessoas possam ver e interagir”, explica Ravi. Ele conta que durante o período de realização no Distrito Federal houve um resultado excelente, com centenas de pessoas sendo despertadas para a consciência crítica quanto aos debates que envolvem os povos indígenas. Segundo Pablo, já houve questionamentos sobre o modo de vida, com alunos e professores questionando sobre o uso de roupas e celulares. “Explicamos que o fato de ser indígena não proíbe ninguém de utilizar tecnologia, dirigir e ter acesso à educação formal. Eles compreendem que a luta é em favor de manter o legado e a própria identidade étnica”, argumenta.

O grupo que vai as escolas é composto por oito integrantes do Grupo Cultural Indígena Walê Fulni-ô. Eles ensinam palavras e expressões no próprio dialeto, mostram objetos de uso diário, danças, cantos e respondem perguntas sobre o dia a dia na aldeia. “É uma atividade extremamente importante para nós e acredito que para eles também. Somos tão brasileiros quanto qualquer um, mas temos nossa própria cultura e queremos ser respeitados com ela”, diz Walê, líder do grupo.

Programação:

14/08

Escola Municipal Leonizio Duarte – 8h e 16h (Águas Belas)

Colégio Gerson de Albuquerque Maranhão – 10 e 14h (Águas Belas)

15/08

Escola São João Batista – 8h e 16h (Águas Belas)

Escola Manuel Francisco dos Santos – 10h e 14h (Águas Belas)

16/08

Escola Monsenhor José Kehrle – 8h e 16h (Arcoverde)

Escola Antônio Japiassu – 10h e 14h (Arcoverde)

17/08

Escola Elisa cabral de Brito Silva – 8h e 16h (Águas Belas)

Escola Municipal Torquato Soares – 10h e 14h (Iati)

*Contato: Carla Landim: (061) 97400-7448*

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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