Proliferação de insetos deve crescer e população precisa se cuidar

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Pedro Augusto

De forma oficial, o verão só iniciará no próximo dia 21, mas cá para nós: se algum órgão ligado à mediação de climas e temperaturas o confirmasse já para esta semana, seguramente nenhum caruaruense ousaria de duvidar tamanho calor que vem fazendo nestes últimos dias, na Capital do Agreste. Aguardada por uns, mas temida por outros, o certo é que a estação mais quente do ano possui características peculiares que costumam proporcionar tanto efeitos positivos como negativos para toda população. Em paralelo às sensações agradáveis que habitualmente podem ser desfrutadas nas praias, nos sítios ou em qualquer local que possua sombra e água fresca, neste intervalo específico é recomendável que todos também voltem as suas atenções para o combate às doenças transmitidas pelos insetos.

Isso porque, de acordo com o professor e biólogo, Alexandre Henrique, a estação mais quente do ano costuma ser propensa para a proliferação de invertebrados como a muriçoca, a mosca, a formiga e o escorpião, que são responsáveis pela transmissão de diversas enfermidades, a exemplo da dengue, da zika, da hepatite, dentre outras.

Em entrevista ao VANGUARDA, na manhã da última quarta-feira (29), o especialista ressaltou a influência que o verão exerce na propagação destes tipos de doença. “Para se ter ideia, no período de inverno, a muriçoca, por exemplo, leva até 20 dias para se desenvolver, enquanto que no verão apenas sete. É justamente nesta época de calor intenso que ela se reproduz mais. Além dela, outros insetos como a mosca e a barata também aparecem com maior intensidade na estação mais quente do ano.”

De acordo com Alexandre, a larga escala de invertebrados presentes, a partir deste mês, no cenário local, se deve não só à influência de fatores naturais, mas também de efeitos provocados pelo homem. “Em relação aos fatores naturais, a grande quantidade de insetos presentes na nossa cidade pode ser explicada pelo alto volume de chuvas que caiu a partir do último mês de maio e acabou fortalecendo a vegetação. É sabido que muitos desses insetos e aracnídeos costumam se alimentar desta última e suas reproduções acabam sendo intensificadas ainda mais com a constância das altas temperaturas. Muitas plantas também se encontram florando, o que têm atraído ainda mais muriçocas, abelhas, dentre outros invertebrados”, destacou.

“Já no que se refere aos efeitos provocados pelo homem, na medida em que não há o descarte correto do lixo, ou seja, quando os entulhos são jogados em qualquer lugar, quando não há a limpeza correta das casas e quando não há o armazenamento recomendável de água, passamos a ficar ainda mais suscetíveis às doenças transmitidas pelos insetos. As muriçocas, baratas, formigas, moscas e os escorpiões são responsáveis, em conjunto, por várias patologias que são perigosas para a população e necessitam ser evitadas. Vale relembrar que não só a dengue, a zika, a chikungunya e a hepatite são transmitidas por esses bichos, mas também a febre tifóide, a salmonelose, vários tipos de viroses, dentre outras doenças que precisam ser combatidas. Do contrário, observaremos novamente uma incidência de contaminações muito grande num período de verão”, acrescentou Alexandre Henrique.

Quem pode falar com propriedade sobre a influência que o lixo mal acumulado costuma exercer sobre a proliferação dos bichos é a dona de casa Edileusa da Silva. Moradora da Rua Olegário Bezerra, no Bairro São Francisco, ela disse já estar cansada de tantos casos de doenças na comunidade devido à presença constante de moscas, muriçocas e até escorpiões. “Como você está vendo, resido em frente ao Colégio Machadinho, onde há mais de dois anos as pessoas vêm jogando entulhos de forma desordenada. O caminhão da Prefeitura até que tenta dar conta de tanto lixo jogado neste local, mas os próprios moradores é que não colaboram. Muitos deles são mal-educados e jogam do todo tipo de imundice a qualquer horário do dia. Resultado: o que não falta aqui é gente doente de virose, dengue, hepatite etc. Um absurdo!”, criticou.

O mototaxista Adriano Lima, que trabalha num ponto localizado na Rua Severino Vieira de Melo, no mesmo Bairro São Francisco, também questionou a suposta falta de consciência de alguns moradores. “Pode ter o carro do fumacê que for! Se as pessoas continuarem jogando lixo a torto e a direita, ou seja, sem respeitar os horários de coleta da Prefeitura, inseto é o que não vai continuar faltando por aqui. Além da fedentina, essa imundice constante tem levado a várias pessoas, inclusive, crianças, a ficarem doentes na comunidade e, agora com a chegada do verão, a tendência é de mais contaminações. Deixo o meu apelo para que os moradores tenham mais consciência e procurem evitar o acúmulo de lixo. Está faltando educação!”, afirmou.

Além de respeitar os horários de coleta da Prefeitura só jogando os entulhos nos horários devidos, os caruaruenses podem combater as transmissões provenientes dos insetos adotando as seguintes dicas: sempre promover limpezas nas casas; não armazenar água em objetos inapropriados; sempre fazer refeições em locais adequados; colocar vedantes nas entradas dos imóveis evitando, assim, a entrada de baratas e escorpiões; sempre utilizar os inseticidas destinados para os determinados tipos de inseto; fechar os ralos dos banheiros; instalar telas nas janelas, dentre outras. “O poder público tem procurado fazer a sua parte e a população também precisa ajudar. Todo cuidado é pouco nesta época de verão e os caruaruenses precisam fazer a sua parte, seja na zona rural ou na urbana”, finalizou Alexandre.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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