Heloisa Cristaldo e Iolando Lourenço – Repórteres da Agência Brasil
A decisão sobre a retirada do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o que significaria sua saída do cargo de relator da denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, e dois ministros, será tomada nesta quarta-feira (4), informou o líder do PSDB na Casa, deputado Ricardo Trípoli (SP).
Segundo o deputado, ainda há a expectativa de que Andrada entregue o cargo e evite a decisão da liderança. O deputado mineiro foi indicado como relator da denúncia pelo presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), mesmo após apelos de Trípoli para que o cargo não fosse atribuído a parlamentar do PSDB.
“Espero que ele faça uma reflexão daquilo que havia se comprometido comigo e com o PSDB, no sentido de não aceitar essa indicação. Ainda torço para que isso ocorra e que a gente possa dar andamento à votação em plenário”, disse Trípoli.
Durante mais de três horas, nesta terça-feira (3), os deputados que compõem a bancada se reuniram com advogados do partido para discutir ponto a ponto a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), acusados de obstrução da Justiça e organização criminosa.
Bancada dividida
A indicação de Andrada tem causado incômodo dentro do PSDB. Rachado, o partido, que tem três ministros no governo de Michel Temer, reúne um número significativo de deputados que pretendem votar pela autorização da denúncia. Bonifácio de Andrada votou pelo arquivamento da primeira denúncia contra Temer por corrupção passiva e já sinalizou que pode seguir essa tendência na segunda acusação.
Trípoli informou ainda que não pretende trocar membros do partido na CCJ. Andrada é suplente da comissão e, apesar de poder conduzir os trabalhos como relator, não estaria apto a proferir voto. “Ao líder cabe indicar [os membros do partido na CCJ], cabe isso. Se ao líder cabe indicar, cabe também solicitar retirada. Eu disse que não modificaria nenhum titular e pretendo não trocar nenhum titular. O deputado Bonifácio é suplente, nós vamos aguardar até amanhã”, ressaltou.
Presidente da CCJ
Apesar da insistência de Trípoli em retirar o nome de Andrada da relatoria da denúncia, o presidente da CCJ reafirmou nesta terça-feira que não pretende trocar o relator. Questionado se teria um nome alternativo de relator, caso o PSDB tire Bonifácio da comissão, Pacheco se limitou a dizer que “não tem outro nome e não há plano B”.
“Eu tenho uma crença, a de que o deputado Bonifácio de Andrada, pelo que ele representa na política, pelo ativo político que ele tem, de 10 mandatos nessa Casa sem que nada o macule em termos de dignidade de caráter, que ele possa ser independente nessa segunda denúncia”, defendeu Pacheco. “Ele permanece na relatoria, salvo se ele próprio afirmar que não deseja permanecer”, completou.