PSDB e partido de Kassab lideram “traições” a Temer; veja como cada legenda votou

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Do Congresso em Foco

O número de “traições” em relação ao presidente Michel Temer (PMDB) aumentou em cinco partidos com ministérios (PSD, PSDB, DEM, PR e PTB) na comparação entre as votações da primeira e da segunda denúncia contra o peemedebista. Os tucanos e os companheiros de legenda do ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) foram os aliados que mais deram votos, na quarta-feira (25), pela continuidade das investigações contra o presidente.

O total de insatisfeitos com Temer saltou de 18 para 22 no PSD, já no PSDB passou de 21 para 23, em relação à votação de 2 de agosto. Apenas o nanico PSL, que tem três deputados, votou 100% a favor do presidente (veja como cada partido votou na tabela abaixo). Ao todo, foram registrados 81 votos contrários a Temer entre partidos que ocupam ministérios, inclusive do próprio presidente.

Principal integrante da base ao lado do PMDB, o PSDB refletiu em plenário a intensificação do racha interno e aumentou de 21 para 23 o número de votos contra o presidente. Com quatro ministérios, os tucanos têm causado ciúmes entre os demais partidos governistas e veem crescer a insatisfação dos “cabeças pretas” da legenda, como são chamados os deputados mais novos, com o governo Temer – três deles haviam faltado à votação anterior e, na quarta-feira (25), registraram voto a favor da denúncia: Shéridan (RR), Eduardo Barbosa (MG) e Pedro Vilela (AL) rejeitaram o relatório do correligionário Bonifácio de Andrada (MG), aprovado em 18 de outubro na Comissão de Constituição e Justiça.

No DEM, os votos contra Temer eram cinco na votação de 2 de agosto, e agora subiram para sete, com uma ausência registrada nesta sessão e não verificada na votação anterior. O partido chefia um ministério estratégico, o da Educação, na figura do deputado pernambucano licenciado Mendonça Filho.

No PR, que domina há décadas o Ministério dos Transportes, o número de dissidências também aumentou: saiu de nove para dez o total de deputados favoráveis ao andamento da investigação. As ausências de membros do partido subiram de duas para três. Deputado por Alagoas, Maurício Quintella Lessa chefia a pasta dos Transportes.

Também no PTB, um dos partidos mais fiéis da base, houve aumento na dissidência. O partido está à frente do Ministério do Trabalho, com o deputado gaúcho Ronaldo Nogueira, mas viu o número de membros a favor das investigações aumentar de dois para três. Ronaldo assina a polêmica portaria, suspensa por liminar do Supremo Tribunal Federal, que dificulta a constatação de ocorrências de trabalho escravo, uma das medidas de Temer para agradar a bancada ruralista de mais de 200 deputados.

O número de dissidentes poderia ter sido ainda maior. Embora já tivesse declarado oposição ao Planalto na primeira votação, o PSB ainda tinha, na ocasião, Fernando Coelho Filho comandando a pasta de Minas e Energia. Na véspera dessa segunda votação, porém, o ministro se desfiliou do partido, que enfrenta grave crise interna. Na semana passada, a líder da bancada, Tereza Cristina (MS), próxima a Temer, foi destituída da liderança pela ala contrária ao governo. Ela e outros três deputados também seguiram o caminho de Coelho Filho e deixaram a legenda na última terça-feira. Nas duas votações, 22 dos 35 integrantes do PSB votaram pela continuidade das investigações; outros 11 ficaram do lado do presidente e dois se abstiveram.

Base de oposição

Na oposição, PT, PCdoB, PDT, Psol e Rede tiveram 100% de fidelidade em relação à orientação contra Temer. No PDT, que registrou a dissidência de Roberto Góes (AP) em 2 de agosto, a totalidade dos votos contra o presidente foi alcançada nesta segunda votação. O partido registrou três ausências desta vez (nenhuma anteriormente), entre elas a do próprio Góes.

No PMDB, os seis votos já esperados contra Temer foram mantidos na votação de quarta-feira: Celso Pansera (RJ), Jarbas Vasconcelos (PE), Laura Carneiro (RJ), Mauro Mariani (SC), Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Vítor Valim (CE).

Da primeira para a segunda denúncia, subiu de 227 para 233 o número de deputados favoráveis à continuidade das investigações. Primeiro chefe de Estado brasileiro a ser investigado por crime comum cometido no execício do mandato, Temer vê ainda mais ameaçadas as chances de aprovar matérias como a da reforma da Previdência, principal desafio do Palácio do Planalto daqui em diante – presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) já advertiu, logo depois da sessão deliberativa, que a proposição será desidratada como tentativa de algum avanço nesta pauta impopular.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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