Em lados antagônicos da política, PT e PL traçaram uma estratégia semelhante para as eleições municipais deste ano: a aposta em candidatos novatos, mas com apoio de padrinhos de peso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro, respectivamente.
No caso do PL, que tem plano de triplicar o número de prefeituras e ultrapassar a barreira de mil cidades, o investimento busca também minimizar a presença nas chapas de nomes com um passado de alinhamento à esquerda. O partido integrou a base nos primeiros mandatos de Lula e em parte da gestão de Dilma Rousseff, mas, quase uma década depois, apostará na polarização para alavancar o próprio espaço.
O objetivo, portanto, é lançar nomes novos com viés conservador e identificação com o bolsonarismo, como os deputados federais Alexandre Ramagem (RJ), no Rio, e André Fernandes (CE), em Fortaleza; e o deputado estadual Bruno Engler (MG), em Belo Horizonte.
“O eleitor quer um candidato conservador, que defenda valores da direita, mas que seja novo. Os políticos mais antigos, apesar da experiência, podem ter histórico de ligação com a esquerda”, avalia o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), vice-presidente do partido.
Pesquisas dão o norte
O parlamentar afirma que pesquisas vão ajudar a refinar a estratégia, que terá também alianças em cidades onde há dificuldade de emplacar nomes competitivos — um dos exemplos é a provável coligação com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Mesmo neste caso, o embate entre Lula e Bolsonaro será explícito, com o presidente no palanque do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), e o ex-mandatário ao lado de Nunes.
O PL também conta com Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em viagens pelo país para alavancar as candidaturas. Uma das paradas será em Fortaleza, em apoio a André Fernandes, que deve enfrentar um nome do PT, ainda em debate interno. O município hoje é comandado por José Sarto (PDT), provável candidato à reeleição.
“Minha candidatura representa a mudança e não vou entrar na campanha apenas para disputar, mas para vencer”, diz Fernandes.
No PT, os novos nomes devem ficar para cidades como Campo Grande, Natal e Aracaju. Para a capital sergipana, uma das cotadas é a jornalista Candisse Carvalho, mulher do senador Rogério Carvalho (PT-SE), enquanto a possibilidade de a ex-vice-governadora Eliane Aquino ser a candidata do partido vem perdendo força. Em Natal, a aposta é a deputada federal de primeiro mandato Natália Bonavides.
“Foram feitas pesquisas e discussões com o partido nessas capitais e quadros mais novos foram bem aceitos”, afirma o coordenador nacional para eleições municipais do PT, o senador Humberto Costa (PE).
Em Campo Grande, Camila Jara, também deputada de primeiro mandato, é o nome que desponta internamente.
“Esse lugar não é pensado para uma mulher jovem e que não vem de família tradicional na política, mas com estudo e dados técnicos podemos fazer dar certo”, pontua a parlamentar.
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Outras legendas também avaliam levar à urna nomes novos. Uma ideia em análise no PSB, por exemplo, é aproveitar a exposição que o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, teve no ano passado para testá-lo em alguma capital, ainda indefinida. A iniciativa poderia servir de trampolim para uma candidatura ao governo do Distrito Federal em 2026.
Para a disputa em São Luís, a legenda aposta no deputado federal de primeiro mandato Duarte Júnior, próximo ao ministro Flávio Dino (Justiça). No caso do MDB, que tenta retomar o posto de partido com mais prefeituras do país, perdido para o PSD, há dois novatos concorrendo internamente para a candidatura em Maceió: o deputado federal Rafael Brito e o estadual Alexandre Ayres, ambos em primeiro mandato.
O Globo