Após tomar conhecimento da decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que afastou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo, o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), declarou que o momento delicado pelo qual passa o país exige serenidade e que o comando do Senado será responsável e terá a maior tranquilidade por parte do senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente que irá assumir os trabalhos.
“Vamos discutir com a nossa bancada e demais senadores como iremos tocar esse processo daqui para frente. Sem dúvida, diante do que estamos vivendo, é necessário ter absoluta tranquilidade e cabeça fria e fazer uma defesa incondicional da democracia. A cada dia fica mais claro, para nós, que para sair dessa crise só há uma saída. E essa saída é pela democracia, com a realização de eleições diretas para a Presidência da República”, afirmou.
Humberto ressaltou que a decisão do ministro do STF Marco Aurélio Mello que afastou Renan da presidência do Senado é liminar e ainda será submetida ao pleno da Suprema Corte. No entanto, o senador reiterou que a manifestação deve ser, evidentemente, cumprida e reflete o atual momento de instabilidade do país.
“Isso tão somente representa a crise que estamos vivendo. Aqueles que derrubaram a presidenta Dilma, conforme nós dizíamos, estavam apostando no pior e no caos. Agora, depois de seis meses de Michel Temer (PMDB), tudo que estava ruim piorou sensivelmente. O desemprego cresceu, o crescimento econômico não vem, a corrupção se alastrou e hoje o governo começa a perder a sua própria governabilidade”, disse.
O líder do PT avalia que a crise, inicialmente política, deveria ter sido resolvida de maneira tranquila, com a recomposição da governabilidade ainda na gestão de Dilma Rousseff. Porém, o senador lembra que o problema se transformou numa grave crise política, depois numa crise econômica e agora já há uma crise institucional, “que coloca os poderes da república uns contra os outros”.
“Estamos tornando a nossa democracia extremamente instável”, lamentou Humberto. Mas ele crê que é possível reverter o quadro. O parlamentar entende que a pauta do Senado deverá ser rediscutida diante da situação extraordinária e que os senadores do PT irão trabalhar intensamente pelo bem do Brasil.