Raquel Lyra e Tony Gel disputam segundo turno

Wagner Gil

Neste domingo, dia 30 de outubro, a política vai deixar uma marca histórica na cidade, com a realização, pela primeira vez, de uma disputa municipal em dois turnos, já que Caruaru tem nesta eleição mais de 208 mil eleitores. Raquel Lyra (PSDB) e Tony Gel (PMDB) fazem essa grande final, tendo como candidatos a vice, Rodrigo Pinheiro (PSDB), na chapa da primeira mulher que pode chegar a comandar a cidade, e Raffiê Dellon (PV), ao lado do peemedebista.

Essa disputa traz ainda uma velha rivalidade na política local, já que Tony Gel teve três disputas pela prefeitura com o ex-governador João Lyra Neto, pai de Raquel. Tony perdeu duas e venceu uma, sendo ainda eleito prefeito ao derrotar Jorge Gomes em 2000.

Numa dessas disputas, João Lyra venceu com pouco mais de 100 votos, em 1988. Em outra ocasião, ganhou com mais de cinco mil de diferença, perdendo o pleito de 2004 por pouco mais de 700 votos. “Está sendo uma das eleições mais acirradas de todos os tempos. Tony Gel liderou nas pesquisas de intenção de voto, mas na reta final Raquel cresceu muito e, em alguns levantamentos, chegou a estar na frente”, disse o cientista política Arnaldo Dantas.

Os dois candidatos também apresentam currículos distintos, mas com familiares de tradição na política. Tony Gel iniciou sua carreira como deputado federal (três vezes), depois foi prefeito de Caruaru duas vezes, vereador e, atualmente, está exercendo o mandato de deputado estadual pela segunda vez consecutiva. Durante sua campanha, ele vem pregando que tem ‘experiência’ e pode ‘fazer melhor ainda’. Gel é da família do ex-prefeito Anastácio Rodrigues e primo do ex-vereador Celso Rodrigues.

Já Raquel Lyra iniciou sua carreira como servidora pública através de concurso. Aos 19 anos, foi advogada do BNB e depois passou no concurso de delegada da Polícia Federal, chegando a exercer sua função no Rio de Janeiro e no Recife. Depois passou em um dos concursos mais concorridos no Estado: o da Procuradoria.

Como procuradora, exerceu a chefia da Procuradoria do então governador Eduardo Campos, sendo responsável pela elaboração de todos os projetos que iam para a Assembleia Legislativa, entre eles o do Pacto Pela Vida e o da Escola de Tempo Integral. Em 2010, Raquel foi eleita deputada estadual, assumindo em 2011 a Secretaria da Infância e Juventude.

Em 2014, foi reeleita deputada estadual com mais de 80 mil votos, ficando em terceiro no Estado e entrando para a história da Alepe como a mais votada de todos os tempos. Raquel é sobrinha do ex-ministro da Justiça e deputado federal (sete vezes) e uma estadual, Fernando Lyra.

Durante a campanha, os candidatos se confrontaram bastante em debates, entrevistas e também no guia eleitoral, mostrando que o acirramento é enorme. Tony Gel, sempre que pode, bate na tecla de Raquel ter recebido o apoio do prefeito José Queiroz, a quem ela fez oposição no primeiro turno. Já a candidata do PSDB lembra que a experiência de Tony como gestor foi um desastre, com o abandono da prefeitura antes de concluir o mandato. Ela também recorda que o sucessor dele, Neguinho Teixeira, acabou sendo preso e acusado de falcatruas na PMC.

A votação neste domingo segue os mesmos padrões do primeiro turno, só que a expectativa de filas é bem menor, pois o eleitor só terá que votar para prefeito. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral, até as 19h30, no máximo, a Capital do Agreste já deverá ter seu candidato ou candidata eleito.

Em Caruaru são três zonas eleitorais, 46ª, 105ª, 106ª. As regras são as mesmas com o eleitor sendo proibido de fazer campanha ou boca de urna neste domingo. Utilizar máquinas fotográficas e telefone celular para registrar o voto é proibido e pode trazer problemas para o eleitor.

O eleitor também não poderá entrar acompanhado na cabina de votação, a não ser em caso de deficiência visual ou de locomoção. Nesses casos, o TSE permite que alguma pessoa de confiança do eleitor possa acompanhá-lo.

As urnas eletrônicas são identificadas com uma marca em relevo na tecla 5 para orientar o eleitor cego com relação às outras teclas, e um sistema de áudio, que é automaticamente habilitado para o eleitor que já se identificou perante a Justiça Eleitoral como deficiente visual.

Além da marca de identificação, todas as teclas da urna têm braille. O teclado corresponde ao de um telefone. No caso do eleitor com deficiência visual, o mesário poderá habilitar, no instante do voto, o sistema de áudio da urna, a fim de facilitar a votação.

Já o eleitor que não votou no primeiro turno poderá votar normalmente no segundo. Em Pernambuco, a disputa acontece, além de Caruaru, no Recife, Olinda e Jaboatão, justamente as cidades onde o eleitorado passa de 200 mil.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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