Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) esticar a corda em seu discurso nos atos de Sete de Setembro, lideranças de oposição viram a possibilidade de resgatar a pauta do impeachment. Partidos progressistas e de centro-direita passaram a enxergar um sinal para a construção de uma frente ampla e apartidária contra o Governo Bolsonaro, no entanto, com poucos dias, as diferenças se tornaram um obstáculo para a unidade. Um sinal das diferenças são os atos contra Bolsonaro do dia 12 de setembro. Enquanto lideranças do PDT, PSB e PCdoB pretendem participar do ato, representantes do PT e PSOL não vão às ruas. O fato do convite para as manifestações ter partido do Movimento Brasil Livre (MBL) acabou dividindo o campo progressista, que recusa, pelo menos por enquanto, marchar ao lado do segmento de direita conservador. Apesar da resistência, lideranças veem no posicionamento dos grupos de direita um avanço. “Ficamos satisfeitos com a iniciativa do MBL, mas temos nossos próprios movimentos”, afirmou o presidente estadual do PT, Doriel Barros. Já o vereador Ivan Moraes (PSOL) sinaliza que um ato unificado pode ser construído no futuro. “A indicação do meu partido é de não participar. Mas é importante que haja esse ato e que finalmente a direita esteja se posicionando. Quem sabe não conseguimos, mais na frente, fazer um ato unificado com construção coletiva?”, aposta o vereador Ivan Moraes. A postura difere do deputado federal Túlio Gadêlha (PDT), que defende que o momento não é de “disputar por protagonismo”. “É hora de unir forças contra o autoritarismo, a desinformação, o fundamentalismo”, avaliou. Após os atos do dia 12, novas manifestações foram convocadas para outubro. Será uma nova oportunidade de construir um consenso em torno de uma frente ampla. Por enquanto, a iniciativa deve ficar apenas no papel.
Além das diferenças do campo de oposição ao Governo Bolsonaro, partidos como MDB, PSD, PSDB e DEM tendem a desmobilizar sua ofensiva contra o Palácio do Planalto após a carta à nação divulgada pelo chefe do Executivo, na noite de ontem. A iniciativa foi elogiada por lideranças do Congresso e servirá para abaixar a temperatura em Brasília. Isolado politicamente, o presidente precisou recuar em sua ofensiva contra as instituições para evitar o endosso ao impeachment.
em alerta > Um dos partidos a condenar as manifestações do gestor, o PSD estava disposto a encampar o impeachment, caso Bolsonaro insistisse em colocar em prática o discurso entoado nos atos de Sete de Setembro, que indicava para a prática de crimes de responsabilidade. A legenda criou um conselho para acompanhar a gravidade da situação, mas não firmou posição definitiva sobre o impedimento.
sem retrovisor > O presidente estadual do MDB, Raul Henry, avalia que o seu partido é heterogêneo e que o sentimento da Câmara e da bancada vai ser de “contornar os acontecimentos de Sete de Setembro e seguir adiante”. Após o discurso de Bolsonaro, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, chegou a soltar uma nota dizendo que “o texto constitucional tem seus remédios em defesa da democracia”.
malas prontas > O senador Humberto Costa (PT) estuda acompanhar as agendas do governador Paulo Câmara (PSB) pelo interior na próxima semana, em mais um movimento de aproximação entre PT e PSB. Petistas apontam que o legislador estaria animado e fazendo movimentos no sentido de se tornar uma opção para o Governo do Estado na Frente Popular.
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