Resíduos sólidos e a pegada ecológica

São muitos os caminhos a serem seguidos do ponto de vista de políticas públicas ambientais para a cidade de Caruaru. Registre-se, à saída, que é possível a execução de parcerias e projetos com o fito de desenvolver a governança, desde que exista interesse do Chefe da Edilidade, situação esta que não acontece em Caruaru, uma vez que se vivencia um caos urbano e ausência de implantações de políticas que contemplem enfrentamentos e compromissos com o meio ambiente, principalmente com a sustentabilidade e garantia de uma sadia qualidade de vida dos cidadãos.

Algumas cidades do Brasil têm buscando parceria com o Fundo Nacional do Meio Ambiente objetivando a construção de projetos de ações educativas para gestão dos resíduos sólidos urbanos. Dentre essas ações incluem-se sessões de educação e conscientização ambiental que podem ser realizadas nas escolas municipais, em centros de educação ambientais municipais ou em outros locais da cidade. Esta é apenas uma das possíveis iniciativas da parceria, podendo, também, ser construído um projeto local, adaptado à realidade da cidade, para que se afaste o marasmo administrativo em relação às políticas públicas ambientais no intuito de ser trabalhada a educação em primeiro plano, e, caso não surta o efeito desejado, que se entre com a fiscalização, e, por último com a lei.

O projeto deve contemplar em sua fase de organização a elaboração do plano da coleta seletiva nos bairros, com a previsão das seguintes atividades a serem desenvolvidas: oficinas, palestras e educação ambiental por prazo indeterminado (escolas, universidades; igrejas; templos; feiras; residências, etc.), com agentes preparados que disseminem a preocupação no descarte dos resíduos secos e molhados, salientando a importância dessa atitude para a presente e futura gerações, e que culmine com uma Conferência Municipal envolvendo o poder público, os conselheiros; a sociedade civil, catadores e cooperativas.

O papel da gestão local é de extrema importância para a execução desse e de outros projetos, uma vez que para que haja disponibilização do FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente deverá constar que a gestão irá realizar cursos de capacitação de catadores de materiais recicláveis em temas como cooperativismo, empreendedorismo, resíduos sólidos urbanos.

Entre os parceiros a ONG WWF, com apoio da Global Footprint Network e das universidades locais, podem criar na cidade, de forma pioneira, um estudo de Pegada Ecológica, que é na verdade uma metodologia utilizada para medir os rastros que deixamos no planeta a partir de nossos hábitos de consumo. Para que se tenha uma ideia, se todas as pessoas do planeta consumissem de forma igual, seriam necessários quase dois planetas para sustentar esse estilo de vida que hoje o mundo vive e é por isso que crescer sem sustentabilidade, desenvolver sem respeito às limitações de nosso Planeta Terra, é um suicídio coletivo de toda a humanidade, que conta com a ignorância, a estupidez e o afã desenfreado da ganância de governantes eleitos sem sensibilidade no tocante às gerações que estão por vir.

O desafio de Caruaru e das demais cidades do nosso país é tornar o meio urbano e rural um local onde as pessoas tenham acesso as informações ambientais, com educação ambiental em todos os níveis e que haja respeito no tratamento aos resíduos sólidos em todas as suas características e formas, bem como haja o seu descarte correto para que o mesmo retorne a cadeia produtiva, minimizando os impactos ambientais. Além disso, deve haver a priorização de uma cidade mais verde, garantindo uma vida mais saudável e sustentável em direção a um futuro com clima mais ameno para o planeta, buscando esforços para o desenvolvimento de baixo carbono.

Por fim, todos os seguimentos da sociedade estão convidados a participar democraticamente – por intermédio de seus conselhos da cidade, associações; organizações não governamentais; poderes públicos; sindicatos – com o fito de propor soluções, planos de mitigação e compensação em setores como transportes, construção civil; energia; resíduos sólidos; alimentação, tudo objetivando a construção de cidades preparadas para o enfrentamento das mudanças climáticas e do aquecimento global, com planos que possam reverter o processo inevitável de escassez dos recursos ambientais planetários.

Marcelo Rodrigues é Mestre em Direito Ambiental e professor Universitário

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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