Pedro Augusto
Após um longo período de recessão, quando a crise se fazia presente na maioria dos setores, enfim, os trilhos em relação à economia brasileira parecem estar entrando novamente nos eixos. Depois de ter de amargar a sucessivas quedas no tocante ao seu desempenho, desde o ano passado que o setor automotivo do país vem dando sinais claros de recuperação. Prova disso é de que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) está projetando um crescimento nas vendas de veículos novos – incluindo carros – de 9,4% em comparação com 2019. Em números reais, a estimativa é de que 3,05 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus sejam licenciados até o término de 2020.
Tal otimismo no que se refere à comercialização de carros zero quilômetro pôde ser percebido nas concessionárias locais. Em circulação por algumas delas, durante a manhã da última segunda-feira (2), a reportagem VANGUARDA registrou as indicações favoráveis por parte dos profissionais do setor no que tange às vendas para este ano. Com resultados animadores em relação ao primeiro bimestre, as revendedoras autorizadas da Fiat, Renault e Chevrolett, respectivamente, Italiana, Regence e Autonunes, já estão até projetando superar o percentual de licenciamentos apontado pela Anfavea.
Em entrevista, o analista de vendas da Fiat Italiana, Rodrigo Souza, ressaltou um dos fatores que vêm propiciando o aumento na demanda por automóveis novos. “Até o primeiro semestre de 2019 o ritmo de vendas nas concessionárias encontrava-se, assim como nos anos anteriores, de forma fria. Mas a partir do último segundo semestre, após algumas mudanças ocorridas em relação às operações do setor como, por exemplo, em relação às taxas de juros que ficaram mais atrativas para os clientes, observamos um aquecimento nas comercializações de novos de cerca de 50% em comparação com o semestre anterior. Para 2020, a expectativa é de fecharmos o ano com pelo menos 30% a mais nas vendas em relação ao segundo semestre de 2019.”
De acordo com a avaliação do gerente de vendas da Renault Regence, Guilherme Falcão, atualmente os consumidores se encontram ainda mais corajosos para investir na aquisição de um zero quilômetro. “Na época da crise, ou seja, com a inflação, o desemprego e as taxas de juros sempre em alta, a população ficou bastante receosa para adquirir um automóvel novo, até porque se havia uma desconfiança muito grande por parte dela em relação ao futuro econômico do país. Mas, aos poucos, essa insegurança foi sendo deixada para trás e já no decorrer de 2019 sentimos certa recuperação do nosso setor. Tanto é que o nosso primeiro bimestre foi considerado excelente em termos de vendas e a expectativa é de finalizarmos 2020 com um resultado também significativo.”
Assim como a concorrência, a Autonunes Caruaru também vem vislumbrando cenários mais positivos em comparação com o passado. “A média nacional apontada foi de 10%, mas, conforme estamos observando, poderemos até superá-la ao término de 2020. Isso porque os poderes aquisitivos dos clientes têm aumentado, não é de hoje que os bancos vêm oferecendo taxas mais atrativas, bem como a própria economia no âmbito geral tem dado sinais de retomada de fôlego. Como o Carnaval já passou e o ano de fato começou, a tendência é de sermos ainda mais demandados, a partir de agora, deste mês de março”, projetou a gerente de vendas, Carol Amorim.
Bom desempenho
De acordo com os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), divulgados na segunda-feira (2), no primeiro bimestre deste ano, conforme já aguardava o mercado, a comercialização de veículos novos no país, considerando-se apenas os automóveis e comerciais leves (picapes e furgões), foi superior ante o mesmo período de 2019. No último mês de janeiro, a alta foi de 4,63%, enquanto que em fevereiro de 1,48%, com um emplacamento, num total, de 192.639 unidades.
Em sintonia com o desempenho nacional, nas três revendedores pesquisadas pelo VANGUARDA, o volume de carros zero quilômetro comercializados durante o intervalo específico também foi de se comemorar. “Na nossa operação de Caruaru, por exemplo, em comparação com o primeiro bimestre do ano passado, obtivemos um crescimento nas vendas de 60%. Foi uma grata surpresa, haja vista que, tradicionalmente, os dois primeiros meses do ano não costumam ser tão propensos para comercializações, devido a uma série de fatores como o vivenciar do Carnaval e as férias. Tal resultado acabou endossando ainda mais as boas projeções para todo o ano de 2020”, destacou Guilherme Falcão.
Na Autonunes Caruaru e na Fiat Italiana, as vendas de carros zero quilômetro também foram altas. “Realmente o mercado está reagindo de forma positiva. Apesar do Carnaval, conseguimos bater não só a meta da loja, mas da fabricante, o que nos deixou bastante otimistas para a sequência do ano”, avaliou Carol Amorim. “Esses dois primeiros meses de 2020 foram bons, ou seja, não tivemos do que reclamar com a comercialização de um quantitativo elevado de zeros. Esperamos que, neste mês de março, a procura por carros também seja superior em relação a 2019”, projetou Rodrigo Souza.