Rua Duque de Caxias em crise

Considerada uma das vias mais valorizadas, a Duque vem perdendo uma série de estabelecimentos

Wagner Gil

Nos últimos três anos o Brasil mergulhou numa crise econômica que foi potencializada com uma crise ética, que atingiu os principais nomes da política, levando, inclusive, o ex-presidente Lula à prisão e alguns dos seus principais assessores. Esse fato acabou gerando uma série de fatores que paralisaram o país, nos fazendo, literalmente, andar para trás, com mais de 13 milhões de desempregados nos últimos anos. Isso fez fechar muitos estabelecimentos país afora e, em Caruaru, a situação não foi diferente. O desemprego cresceu e muitas pessoas foram para a informalidade, mas uma rua chama a atenção: a Duque de Caxias, no centro da cidade.

Considerada uma das ruas mais valorizadas e pujantes do comércio caruaruense, a Duque de Caxias vem perdendo uma série de estabelecimentos e, hoje, mais de 60 estão fechados, desses pelos menos 15 são lojas e o restante escritórios que foram deixando o centro da cidade.

Para o corretor Jaime Anselmo (Anselmo Imóveis), a crise pesou bastante para que alguns estabelecimentos fechassem na cidade, mas, no caso da Rua Duque de Caxias, o corretor faz uma análise mais profunda. “A questão da Rua Duque de Caxias tem que ser observada de forma diferente, pois vários fatores contribuem para a grande quantidade de estabelecimentos fechados, entre eles, a mudança no perfil de imóveis na cidade. As pessoas estão mais exigentes. Para você ter uma ideia, no Bairro Maurício de Nassau, onde tinha uma casa, hoje tem uma média de quatro estabelecimentos. Muitas pessoas estão buscando conforto e comodidade em tudo”, ressaltou Jaime Anselmo.

Ele lembra que a Rua Duque de Caxias teve seu auge comercial nos anos 70, 80 e 90, mas a realidade da cidade vai mudando. “Hoje Caruaru tem quatro grandes centros de compras (Caruaru Shopping, Shopping Difusora, Polo Comercial e Fábrica da Moda) e alguns dos comerciantes da Duque migraram para a Feira (Parque 18 de Maio) ou para a Rua São Sebastião”, argumentou. “Outro detalhe é a falta de estacionamento e ponto de ônibus que aglomera muitas pessoas em frente às lojas e, com isso, elas acabam perdendo clientes”, completou.

Jaime Anselmo ainda lembrou a questão da Livraria Estudantil. “Muitas lojas de rede nacional estão invadindo nosso comércio em locais que eram administrados por famílias tradicionais. A Estudantil fechou e lá vai abrir uma rede de farmácia”, exemplificou.

Para Ramiro Spíndola, da Banca de Revistas Terceiro Mundo, muitos consumidores preferem os shoppings, mas o cliente do centro da cidade tem outro perfil. “São pessoas simples, de cidades vizinhas, que fazem

compras no comércio de Caruaru e o comércio de Caruaru é o Centro. Nos shoppings, o custo é maior para o consumidor e o lojista”, disse Ramiro. “Na minha opinião, precisa melhorar as calçadas e diminuir o fluxo de ônibus. São muitos ônibus em uma rua tão estreita”, completou.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caruaru (CDL), Adjar Soares, disse que a entidade chegou a conversar com a prefeitura e iniciar um debate sobre a possibilidade de transformar a Rua Duque de Caxias em um calçadão. “Alguns lojistas da Duque têm esse sonho. Nós chegamos a conversar na gestão anterior, mas não vingou. Com essa administração atual também tivemos reuniões e estamos aguardando uma requalificação. Inclusive quando a prefeitura adquiriu o empréstimo do Finisa, o Centro e a Rua Duque estavam contemplados com melhorias.”

Manoel Santos, presidente do Sindicato dos Dirigentes Lojistas de Caruaru (Sindloja), disse que vários fatores estão contribuindo para ‘uma mudança de perfil’ na Rua Duque. Ele lembrou que a via já teve uma grande importância para o comércio, mas, atualmente, um fator chama a atenção: o alto valor do metro quadrado.

“O aluguel na Rua Duque atingiu um preço diferenciado e não atende as expectativas de alguns comerciantes que migraram para outras ruas, inclusive a Agamenon Magalhães. Na minha opinião, não houve perda de empregos. O comércio se acomodou em outras áreas e os empregos foram juntos”, disse.

Manoel Santos falou ainda que é fundamental criar uma comissão de comerciantes e tentar, junto à prefeitura, uma saída para o local. “Algumas pessoas dizem que ali pode ser um calçadão, já as empresas de ônibus são contra. O que fizer ali vai agradar uns e outros não. Por isso acho que deveria ser criada uma comissão especial para debater os problemas e o futuro dessa importante rua”, ressaltou Manoel Santos.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *