Em entrevista concedida nesta segunda-feira (29) ao jornalista Rhaldney Santos, titular do programa Manhã na Clube, o senador Humberto Costa (PT-PE) comentou a possibilidade do Partido dos Trabalhadores caminhar junto ao PSB na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas, afirmando, contudo, que a união estadual depende, antes de mais nada, de uma aliança nacional com o objetivo comum de buscar a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República em 2022.
“Se o cenário nacional der certo, vamos encontrar um caminho. Se o cenário nacional não der certo, eu sou candidatíssimo ao governo do estado e vamos buscar outras forças políticas para nos apoiar”, afirmou Humberto.
Na hipótese de ser firmada uma aliança entre as siglas em Pernambuco, Humberto ainda destaca haver outros pontos a serem discutidos, como quais seriam os nomes possíveis, e aponta para a necessidade de participação de ambos os partidos na escolha, mesmo que a decisão final do candidato ao governo ficasse a cargo do PSB.
“Podemos apoiar o PSB, mas queremos discutir quem vai ser o candidato, qual a proposta, os nomes dispostos a ir e, porque não, o PT também apresentar um nome para a Frente discutir, sempre com o espírito de que a candidatura é do PSB? Creio que o PT, pelo seu capital político, tem o direito de apresentar um nome. Na minha visão ninguém pode querer impor nada a ninguém, nem nós impormos nada à Frente Popular, nem ninguém dizer ‘o PT tá fora, porque tem Lula que é presidente da República, então não tem mais o que reivindicar aqui’. E se o PSB tiver o vice, vamos usar esse argumento? Não vamos, né? Temos que discutir cada coisa em seu espaço e devido momento. Precisamos começar essa discussão”, cravou o senador.
E Marília?
Humberto Costa, no entanto, não é a única pessoa no PT de Pernambuco que deseja se candidatar ao governo caso a aliança com o PSB não se concretize. A deputada federal Marília Arraes (PT-PE), que enfrentou uma disputa acirrada até o segundo turno e perdeu por uma margem pequena contra João Camos (PSB), também já se colocou à disposição do partido para concorrer ao comando do Palácio do Campo das Princesas.
Diante das indefinições do cenário político até o final deste ano, contudo, ela também vem sendo cogitada para concorrer a cargos no legislativo, como a reeleição na Câmara ou mesmo o Senado. Convidado pela reportagem a fazer comentários sobre a articulação interna do PT para a disputa ao governo do estado, o também deputado federal petista Carlos Veras afirmou que o principal objetivo é formar um palanque forte para a eleição de Lula, e as conversas estão avançadas para a construção que envolva o PSB e outros partidos da Frente Popular.
No que diz respeito à posição de Marília Arraes, o deputado afirma que vem ouvindo, internamente, que Marília está à disposição do partido para qualquer que seja o cargo que lhe for atribuído como sendo a melhor opção de disputa para colaborar com a eleição de Lula.
“Se for para ser uma puxadora de votos como candidata a deputada federal, está à disposição. Se for para ser candidata a governadora com o (ex) presidente Lula, a Frente e tudo, está à disposição. Só quem pode responder por Marília é ela própria, mas o que tenho ouvido no PT é que ela está muito comprometida com o projeto do PT de eleger Lula como presidente da República”, afirmou o deputado, que também ressaltou a existência de um diálogo permanente e diálogo “sudável” dentro do partido para a tomada de decisões. Também procuramos a equipe de comunicação da deputada Marília Arraes solicitando uma entrevista para obter mais informações, mas até o momento não obtivemos uma decisão acerca do pedido.
Sergio Moro e o “Partido da Lava Jato”
Questionado sobre a recém-lançada candidatura do ex-juiz federal que também foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Sergio Moro, hoje desafeto do presidente e filiado ao Podemos para concorrer à presidência da República, o senador Humberto Costa revelou que “não acredita” que a candidatura vá deslanchar, além de classificá-la como “uma das mais frágeis” dentre as opções do grupo da terceira via, “porque contradisse tudo que ele falou, que não tinha aspirações políticas, que jamais entraria na política, que não tinha qualquer pretensão eleitoral”.
“Eu não acredito muito na candidatura dele, e cada vez fica mais claro que o Podemos está se transformando no partido da Lava Jato, porque é o Sergio Moro, é o Dallagnol, é o Rodrigo Janot. E a Lava Jato, hoje está claro para o Brasil que, se de um lado ela cumpriu um papel importante de mostrar o subterrâneo da corrupção que continua acontecendo no Brasil, ela agiu de forma muito arbitrária contra as garantias individuais e, mais do que isso, não teve a preocupação de fazer as punições sem prejudicar a população”.
Além de não acreditar que a candidatura de Moro tenha fôlego para realmente ganhar força, Humberto Costa afirmou ainda que a vê, de certa forma, como benéfica para o ex-presidente Lula durante a sua corrida eleitoral. “Vai ajudar Lula a reforçar o caráter de inocência que ele teve durante todo esse processo”.
Alckmin e Lula?
Questionado sobre como enxerga os recentes rumores que apontam para a possibilidade de uma união política entre Lula e Geraldo Alckmin, que pode migrar do PSDB para o PSB, o senador petista alegou que vê “com muito bons olhos essa possibilidade”.
“Alckmin tem uma presença importante no eleitorado de centro, mais conservador. Uma pessoa que nesse período mais recente sofreu muito no PSDB, nas disputas internas. Que tem um diálogo num setor que o PT dialoga em escala menor. Poderia nos ajudar a influenciar o eleitorado de centro e com a experiência de ter sido 4 vezes governador do estado de São Paulo, poderia ser de grande ajuda no governo. Vejo com simpatia. Não sei se vai ser viável, mas vejo com simpatia”.
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Diario de Pernambuco