O presidente Jair Bolsonaro (PSL), que foi alvo de ataque do grupo de supostos hackers presos pela Polícia Federal, afirmou que não está preocupado com vazamentos. “Não estou nem um pouco preocupado se, por ventura, algo vazar aqui do meu telefone. Não vão encontrar nada que comprometa”, disse Bolsonaro durante viagem a Manaus nesta quinta-feira (25). Ele afirmou que, como capitão do Exército, sabe se precaver.
“[Hackers] perderam tempo comigo”, completou.Mais cedo nesta quinta, o Ministério da Justiça, sob o comando de Sergio Moro, informou que aparelhos celulares de Bolsonaro foram alvo do grupo.
Para evitar invasões de hackers, o presidente Jair Bolsonaro recebeu, quando assumiu o mandato, um telefone criptografado, mas ele segue utilizando um telefone comum.Em conversas reservadas, Bolsonaro reclama que o aparelho protegido é pouco prático, uma vez que ele não permite a instalação de aplicativos como WhatsApp, Telegram, Twitter e Instagram.
A Agência Brasileira de Tecnologia (Abin) vem tentando convencer Bolsonaro a adotar apenas o aparelho criptografado. Sem sucesso, ela estuda agora desenvolver uma nova tecnologia, segundo relatos feitos à Folha.
A ideia é tornar o dispositivo mais operacional, com um aplicativo de mensagens próprio que seja mais moderno. A avaliação do setor de inteligência é de que o Telegram e o WhatsApp não são totalmente confiáveis.
A operação da Polícia Federal deflagrada na terça (23) mirou supostos hackers que teriam invadido celulares de autoridades, como o ministro Moro e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.
Foram presos Walter Delgatti Neto, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques. Os quatro são originários de Araraquara (SP), mas moravam em cidades diferentes. As ordens de prisão foram cumpridas em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto (SP). Eles foram transferidos para Brasília.
Nesta quarta-feira, Moro comemorou a ação da PF e associou o grupo preso à divulgação, pelo site The Intercept Brasil, de mensagens que mostram interferência do ex-juiz da Lava Jato nas investigações da força-tarefa da operação.
Não há, até o momento, indícios tornados públicos de relação entre a ação dos supostos hackers e a divulgação de mensagens privadas de procuradores da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro.
Essa conexão indicada por Moro, por exemplo, não foi citada na decisão do juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, que autorizou as prisões dos suspeitos.
Os responsáveis pelo The Intercept Brasil disseram, por sua vez, que não fazem comentários sobre as suas fontes. Os diálogos foram revelados pelo site The Intercept Brasil e têm sido publicados por diversos veículos, incluindo a Folha de S.Paulo.
Folhapress