Sem risco de cassação

Por Marcelo Teixeira

Em um País que não é governado com firmeza, o primeiro aspecto a sofrer é a economia. Aqui no Brasil, felizmente, o que presenciamos é uma economia absolutamente controlada, em plena recuperação, com todos os sinais de crescimento, como juros em baixa, inflação em baixa, o emprego já mostra recuperação, obras reativadas com a transposição do São Francisco, ajuda aos Estados repactuando as dívidas, dólar controlado, estatais dando lucro e até a Petrobrás no azul.

A Democracia? Forte democracia que tem suportado ações mentirosas e caluniosas de setores da imprensa, que vão desde especulações acerca da renúncia do presidente até uma suposta cassação do seu mandato pelo Tribunal Eleitoral, além de alegações no sentido de que o presidente seria comparável ao deputado A ou ao senador B, sem contar que uma tal delação premiada findaria por comprometer o mandatário da República.

Porém, o que estamos assistindo é diferente de todos esses disparates noticiosos. Depois de alguns dias, o Brasil concluiu que não há nada além do vazio. O País quer seguir em frente e percebe o presidente desmanchando as questões maliciosamente a si imputadas, uma a uma, dentro da lei e da democracia. E também dentro da lei, fará com que as acusações falsas e indutoras de tentativa de desordem social sejam responsabilizadas e punidas.

O Governo Temer é setorialmente aprovado em todas as áreas. Educação, Cidades, Relações Exteriores, Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, todos os ministérios ganhando batalhas importantes para a retomada do crescimento do País. Outra área que sofre em governos frágeis é a segurança nacional. Assistimos também a competência do Ministério da Defesa nas intervenções pela segurança das cidades, nas guerras dos presídios, nas badernas de rua, como a de Brasília, ou nas enchentes do Sul e do Nordeste.

A partir desse rápido panorama, percebemos que o Brasil está, enfim, organizando-se. O presidente Michel Temer continuará aprovando as reformas que o País necessita. E daí ter que enfrentar uma acusação julgada contra ele, desde a primeira notícia (Barriga de Lauro Jardim). Caso da gravação, bem diferente do presidente Collor, com o irmão e com o PC Farias; do presidente Lula que envolve ministros, diretores de estatais, empresários, filhos, sítio, cobertura em Guarujá; da ex-presidente Dilma, com ministros, Lula, Dirigentes do Banco do Brasil, Petrobrás, os Marqueteiros, os empreiteiros, as contas bancárias no exterior.

Com o presidente Temer não existe isso, só a gravação que não diz nada, e a delação totalmente suspeita do Joesley. Vejamos: como profissional, sou acostumado a ouvir gravações, muitas ainda da época dos primeiros gravadores, com a qualidade bastante precária. Não consigo entender como uma gravação com a qualidade que Joesley fez do Presidente Temer está sendo considerada pela justiça e pela imprensa. A questão é simples e objetiva: se você recebe na sua casa à noite uma pessoa que tem a liberdade de falar qualquer assunto, pessoa que já lhe corrompeu outras vezes, que você é acostumado a pedir dinheiro, somas vultosas, tipo dez milhões de reais, trinta milhões de reais, e está aceitando um intermediário para receber quinhentos mil por semana durante vinte anos, tem intimidade para passar a mão nas nádegas do Presidente.

Aí, a conversa não ia ser cheia de enigmas, falhas e interpretações. O Joesley ia falar abertamente. “Michel, olha cara, encerrei o pagamento do Cunha, ficou tudo certo, fiz outro acerto com ele e com fulano para não fazerem delação, fica tranquilo que tá tudo certo. Olha cara, os juízes fulano e sicrano, comprei os dois, e nem foi caro, paguei X a cada um para segurar aqueles processos e despachando favorável a Friboi.

Michel, vamos subir que estou com uma fome danada. Pede pra a Marcelinha organizar o jantar agora. Sim, o CADE manda nomear José dos grudes que aí só faz o que eu quero. Garantida tua aposentadoria, quinhentos mil por semana, durante vinte anos. O Michelzinho tá feito. Vai ficar rico o resto da vida por conta da Petrobrás”.

Seria nesse nível, nesse tom, se Joesley tivesse a intimidade que alegou ter com o Presidente. Intimidade falsa, totalmente desmentida pela própria gravação. Além do mais, é muita confiança um sujeito com 76 anos fazer um negócio de 20 anos de boca. É preciso acreditar em Papai Noel. A gravação é uma farsa, cheia de arrodeios, falando coisas sem clareza para poder dizer depois que é outra. É simplesmente ridículo.

A verdade que o País precisa saber é por que um bandido como Joesley faz acordo com o Procurador da República para ficar impune? O único brasileiro, vivo ou morto, que tem um salvo conduto desses. É estranho ter sido de graça. O regime é capitalista, o governo Temer é apoiado pela imprensa Paulista, pela FEBRABAN, FIESP, Governador e Prefeito de São Paulo, pelos Senadores Aécio, Serra, Eunício e Jucá. O Ás da Câmara é o próprio Temer. O Brasil não terá um presidente que, apesar de Presidente da Câmara, não representa nem o baixo clero.

Os Paulistas não farão uma troca desastrosa para eles, além de ainda precisar esclarecer delações feitas, inclusive contra ele. É jovem, conhece a Câmara, está se saindo bem no caso, mas falta muito chão ainda. A mala com os quinhentos mil reais foi devolvida trinta dias depois pelo próprio Rodrigo Loures, que a recebeu. Tanto foi para o próprio que devolveu trinta e oito mil reais a menos. Quanto à substituição de membros da Comissão de Constituição e Justiça, o que os líderes governistas fizeram foi o certo. Já dizia Agamenon Magalhães: “Feio é perder”. O relatório que vai para o plenário, vai contra o Presidente Temer ser investigado.

Marcelo Teixeira é publicitário

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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