Senado pode ter um azarão

Por Magno Martins

Os cenários das eleições 2018 em Pernambuco ainda são muito precoces, mas dá para perceber que os seminários “Pernambuco em ação”, cumpridos a risca em todas as regiões do Estado pelo governador Paulo Câmara (PSB), e o “Pernambuco de verdade”, criado pela oposição para bater de frente com o Governo, são aperitivos de campanha antecipada.

Se para governador tudo ainda é muito incipiente, imagine para o Senado! Não existe nenhum nome ainda na fornalha, esquentando. Aliás, tem: o do deputado federal Sílvio Costa. Filiado ao minúsculo PTdoB, Costa botou na cabeça que existe um eleitorado que pode fazê-lo senador: parte viria do campo do lulismo, outra do segmento que aprova sua atuação e seu modo de atuar no parlamento e, por fim, os que não querem votar em nomes manchados pela Lava Jato.

Sendo candidato ao Planalto, em Pernambuco Lula poderia influenciar na eleição de Costa, que embora não seja filiado ao PT, mas pelo fato de ter sido vice-líder do Governo Dilma na Câmara, ganhou a confiança e o respeito dos caciques petistas e também dos que pensam o partido, além da militância. A tendência do pré-candidato do Senado é disputar em faixa própria, provavelmente sem a cabeça, ou seja, sem o candidato a governador em sua chapa.

Ele tem compromisso velado com a candidatura de Armando Monteiro a governador, que para se fortalecer e ganhar aderência está em busca de alianças com partidos e lideranças que representam a nova oposição em Pernambuco, como os ministros Mendonça Filho (Educação), Bruno Araújo (Cidades) e Raul Jungmann (Defesa), o que coloca Silvio numa posição remota de conquistar uma vaga em sua chapa.

Inspirado na máxima de quem é coxo parte cedo, Costa está percorrendo o Estado e sentindo que seu projeto tem aderência. Vem de aliados e até de gente simples do Interior as maiores manifestações de apreço e estímulo à sua candidatura, conforme observou na passagem pelo Agreste Meridional no último fim de semana, cumprindo agenda ao lado de Armando.

Com exceção de Carlos Wilson, ninguém conseguiu quebrar polarizações e construir uma terceira via para o Senado em Pernambuco. Eis pela frente o que seria o seu grande desafio. Mas como a eleição de 2018 será atípica, na qual politico convencional, mesmo arranjando grana tem pouca chance escapar, Silvio Costa pode se traduzir no azarão.

Ele é de fato um obstinado. Quando eleito deputado federal pela primeira vez previu que em 100 dias romperia a barreira do baixo clero, a seara dos deputados desconhecidos. Em pouco tempo estava na lista dos notáveis do Congresso, pela capacidade de criar fatos, pela coragem de se expor e pelo faro político. Ninguém o subestime: o bicho é uma fera!

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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