Senador Humberto Costa acusado de travar segundo escalão federal

A travação do processo de nomeação dos órgãos federais de segundo escalão em Pernambuco já tem um culpado: o senador Humberto Costa (PT), que ontem foi eleito presidente da CAS – Comissão de Ação Social do Senado. “Humberto quer tudo. Quer Sudene, Codevasf e até o Metrô”, disse, ontem, em reserva, um deputado da bancada federal pernambucana.

Segundo ele, o senador já entregou ao ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, nomes de sua preferência para as três repartições. “Só gostaria de saber se o senador também vota na Câmara, se vem fazer aqui o papel dos deputados da base”, ironizou um outro parlamentar, que identificou no Planalto as digitais de Humberto para emperrar as nomeações.

A princípio, a Sudene iria para o Solidariedade, a pedido do presidente Paulinho da Força, que indicou o nome da ex-deputada Marília Arraes. Já a Codevasf chegou a ser incluída dentro da cota do Republicanos, legenda em Pernambuco comandada pelo deputado federal Sílvio Costa Filho. “Tudo estava bem encaminhado, Silvio já tem até o nome para a Superintendência em Petrolina, mas Padilha suspendeu as negociações”, disse outro parlamentar da base de Lula no Congresso.

Quanto ao Metrô do Recife, hoje na cota do PL, tendo à frente ainda um aliado do deputado André Ferreira, é alvo de disputa pelo MDB, União Brasil, PT e Republicanos também. André não briga pela permanência do aliado porque o seu partido, o mesmo de Bolsonaro, faz parte do bloco de oposição ao Governo Lula.

Outra fatia de poder igualmente importante é a Hemobrás – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia. O que se diz é que Humberto também quer ter preponderância na indicação do seu diretor-presidente. Trata-se de uma estatal com 100% do Capital Social pertencente ao Governo Federal.

Empresa pública da administração indireta, vinculada ao Ministério da Saúde (MS), que tem como função social garantir aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) o fornecimento de medicamentos derivados do sangue ou obtidos por meio de engenharia genética, com produção nacional.

Seu trabalho é voltado para reduzir a dependência externa do Brasil no setor de derivados do sangue e biofármacos, ampliando o acesso da população a medicamentos essenciais à vida de milhares de pessoas com hemofilia, além de pacientes de imunodeficiências primárias ou erros inatos do sistema imune, queimaduras graves, Aids, câncer, entre outras doenças.

A fábrica em Goiana, quando estiver totalmente concluída, terá capacidade para processar até 500 mil litros de plasma ao ano. O investimento é da ordem de R$ 1,4 bilhão, com 17 prédios, distribuídos em 48 mil metros quadrados de área construída, em um terreno de 25 hectares. Em paralelo à construção da fábrica existe a implantação de uma fábrica de fator VIII recombinante, medicamento destinado ao tratamento da hemofilia A no Brasil.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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