A polêmica sobre o vídeo gravado para a TV Al Jazeera pela presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que já chegou à Procuradoria-Geral da República (PGR) , pode tomar novos rumos. O senador José Medeiros (Podemos-MT) acionará o Conselho de Ética contra a parlamentar. Segundo ele, a fala da petista poderia configurar incitação ao crime e infrações à Lei de Segurança Nacional e à Lei de Enfrentamento ao Terrorismo . “Nós, como parlamentares, temos limites. O limite é o da lei e a senadora extrapolou”, diz Medeiros.
Na gravação, tornada pública na última quarta-feira (18), Gleisi Hoffmann afirma que o ex-presidente Lula é um preso político. “Lula foi condenado por juízes parciais num processo ilegal. Não há nenhuma prova de culpa, apenas acusações falsas”, afirma. Em seguida, ela convoca “todos e todas [do mundo árabe] a se juntarem na luta” para libertar Lula.
O assunto provocou caloroso debate na sessão de ontem do Senado. Medeiros questionou o fato de a senadora passar um “recado muito estranho” à emissora, que é mantida pelo governo do Catar e é reconhecida como veículo jornalístico de credibilidade. “Nós temos respeito por todas as religiões. Agora, nós também somos um país que não tem contato com nenhum radicalismo, com nenhum fundamentalismo”, criticou. O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), lamentou. “Perdoe a ignorância desse… É muita ignorância”, condenou Lindbergh, dirigindo-se ao senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que presidiu parte da sessão plenária.
A assessoria do senador José Medeiros admite que houve confusão entre a Al Jazeera, TV do Catar, e a Al Qaeda, grupo terrorista islâmico que ficou famoso principalmente depois dos ataques de 11 de setembro em Nova York. Mas argumenta que o objeto da reclamação no Conselho de Ética será o conteúdo da fala de Gleisi.
“Claro que agrava ser na Al Jazeera, porque demonstra a intenção da senadora de que a incitação que ela está fazendo chegue a grupos que historicamente têm essa atuação, por ser um canal de lá. O fato de ela ter feito em um canal do Oriente é um agravante, mas não é determinante”, ressaltou a assessoria.
A assessoria jurídica do parlamentar ainda está preparando o documento que será apresentado. Na Casa, qualquer senador pode apresentar uma representação contra outro congressista. A situação é instruída pelo Conselho, mas só se torna denúncia se for aceita pelo colegiado.