Acusada de arquitetar o homicídio do próprio marido, a deputada federal Flordelis justificou a decisão de matar o pastor Anderson do Carmo como a única saída para evitar um divórcio. O promotor Sergio Lopes Pereira, do Ministério Público do Rio de Janeiro, revelou diálogo da parlamentar com um filho do casal afirmando que uma separação iria “escandalizar o nome de Deus”.
“Quando ela convence e fala com um outro filho que está aqui denunciado, o André, sobre esse plano de matar Anderson, ela fala da seguinte maneira: ‘Fazer o quê? Separar dele não posso, porque senão ia escandalizar o nome de Deus’, e então resolve matar. Ou seja, nessa lógica torta, o assassinato escandalizaria menos”, conta o promotor em entrevista na manhã desta segunda-feir (24).
Segundo as investigações, Flordelis estaria insatisfeita com a forma que o marido geria o patrimônio da família. A deputada, com o apoio de cinco filhos e uma neta do casal, já vinha tramando o assassinato de Anderson desde 2018.
“O grupo que se formou vendeu a imagem de um casal perfeito, de uma família caridosa, que criou 55 filhos, quando na verdade os autos mostram que isso foi um golpe, um meio de se conseguir proteção”, afirmou o promotor. “Começou em maio de 2018 com tentativa de envenenamento do pastor Anderson. Era feito de forma sucessiva, gradual, cumulativa, para conduzir a morte do pastor. (Era usado) veneno, mais notadamente o arsênico, que era posto na comida e na bebida do pastor de forma dissimulada”.
Responsável pelo inquérito, o delegado Allan Duarte disse que a imagem de família unida era apenas uma fachada. “Não se tratava de uma simples família, mas de uma organização criminosa intrafamiliar”, afirmou. “O inquérito traz a desconstrução dessa imagem de decência (da deputada), de pessoa caridosa. Ela vendia esse enredo para conseguir chegar à Camara dos Deputados, e depois tratar essa pessoa (Anderson) como objeto descartável”.
“Ela, além de arquitetar todo esse plano criminoso, financiou a compra da arma, convenceu pessoas a praticar esse crime, ela avisou sobre a chegada da vítima ao local, e ela ocultou provas”, destacou Allan Duarte. “Pra gente fica muito claro, não resta a menor dúvida, de que ela foi a autora intelectual, a grande cabeça desse crime”.
Diario de Pernambuco