SES lança documento para vigilância de síndrome

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Desde o início da mudança do padrão de ocorrência dos casos de microcefalia em Pernambuco, no final do ano de 2015, tem sido incessante a evolução do conhecimento sobre essa emergência de saúde pública, hoje caracterizada como síndrome congênita do vírus zika (SCZ). Com a finalidade de atualizar as recomendações de notificação e classificação de casos e óbitos, sugestivos de infecções congênitas pelo vírus zika, estabelecidas pelo Estado de Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) lançou, nesta segunda-feira (14.08), as Diretrizes de Vigilância Epidemiológica da Síndrome Congênita relacionada à Infecção pelo Vírus Zika (SCZ). Esse documento foi elaborado com base nas discussões com especialistas e profissionais de serviços de saúde locais, nas evidências científicas mais recentes e nas inovações das diretrizes nacionais e internacionais.

A apresentação do documento foi feita aos profissionais de saúde de Pernambuco, no auditório da SES, no bairro do Bongi. A oficina de atualização também foi transmitida em tempo real para as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres), unidades administrativas da SES, por meio de videoconferência. Foram convidados a participar profissionais de todos os municípios pernambucanos ligados à Atenção à Saúde e Vigilância à Saúde, além de representantes de cada maternidade e o responsável médico pela sala de parto das unidades.

“Nessas diretrizes, são descritos os critérios atuais para notificação e classificação dos casos e dos óbitos que apresentem quadros sugestivos de infecção congênita pelo vírus zika. As recomendações contidas neste documento visam contribuir para qualificar e fortalecer as ações detecção, registro, investigação e encerramento dos casos e dos óbitos sugestivos de infecções congênitas pelo vírus zika, com foco no fluxo da informação e no diagnóstico laboratorial, observando, inclusive, o diagnóstico diferencial para outras causas infecciosas”, comenta o diretor geral de Controle de Doenças e Agravos da SES, George Dimech.

Neste novo documento, a SES reforça a importância do registro correto dos casos também nos sistemas de informações de nascidos vivos e de óbitos, para auxiliar nas posteriores investigações sobre os casos, qualificando os dados. Também foram inclusos mais elementos que podem auxiliar na classificação da síndrome, que, além dos exames de imagem com alterações neurológicas, tem sido caracterizada por outros sinais clínicos acompanhados geralmente de alterações cognitivas, motoras, visuais ou auditivas. Ainda foi reforçada a notificação, classificação e investigação laboratorial de casos em crianças com 28 dias ou mais.

Pernambuco foi o primeiro Estado do País a identificar alteração no padrão da microcefalia, em outubro de 2015, a estruturar um sistema de vigilância para este evento inusitado em saúde pública e fazer as notificações obrigatórias dos casos. Foi pioneiro também na publicação dos primeiros protocolos clínico e epidemiológico para orientação dos profissionais das maternidades e unidades de referência para o atendimento dos bebês e das mães, sendo modelo para produção de outros protocolos no país e no mundo.

REDE DE ASSISTÊNCIA – Pernambuco também tem se destacado, no cenário nacional, pela organização de uma rede robusta e descentralizada de atenção e acompanhamento das gestantes e crianças com SCZ/microcefalia, ofertando toda a linha de cuidado. Em 2015, o Estado possuía duas instituições que atendiam as crianças com síndrome congênita do zika/microcefalia – o Imip e a AACD. Atualmente, 32 unidades ligadas à rede estadual de saúde, espalhadas por todo o Estado, já prestam algum tipo de atendimento relacionado à microcefalia, sendo 25 com serviços de reabilitação. Os dois últimos centros de reabilitação inaugurados foram no Hospital Belarmino Correia, em Goiana, no final de julho; e o Hospital Regional Sílvio Magalhães, em Palmares, no começo deste mês. Com isso, todas as 12 Regionais de Saúde (Geres) do Estado têm, no mínimo, 1 serviço estadual de referência para reabilitação.

Além disso, Pernambuco foi o primeiro Estado do Brasil a disponibilizar, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Levetiracetam (Keppra), medicamento utilizado para evitar crises convulsivas nas crianças com a síndrome. Mesmo sendo uma prerrogativa do Ministério da Saúde a incorporação de novas drogas ao SUS, o Governo de Pernambuco não esperou uma decisão do órgão federal para garantir a assistência integral a estas crianças. Ao todo, foram investidos R$ 273.485 mil na compra de mais de 4,2 mil frascos do remédio, indicado para pacientes com quadros de saúde mais graves.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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