As tradições culturais da pisada dos cocos é o tema do projeto nacional Sonora Brasil do Sesc que vem percorrendo as regiões Norte e Nordeste do país. O ritmo tão comum em muitas localidades, principalmente na zona rural, nas comunidades indígenas e quilombolas, está percorrendo o Estado. Nesta etapa do circuito, o Grupo Coco de Zambê, do Rio Grande do Norte, é a atração da iniciativa. Em Buíque, a apresentação acontece nesta terça-feira (29/08) no Sesc Ler, a partir das 20h. O acesso é gratuito ao público.
A música do Coco de Zambê se caracteriza por ser uma espécie de canto responsorial, ou seja, os versos são puxados pelo mestre e respondidos pelo coro de vozes. Dois tambores estão presentes na maioria dos grupos que praticam o Coco de Zambê: o próprio Zambê, também conhecido como pau furado ou oco de pau, que é maior e mais grave, e o Chama, ambos construídos artesanalmente com troncos de árvores nativas do Nordeste.
A dança se desenvolve numa roda que tem em seu centro os tocadores. Os brincantes se revezam com reverência ao tambor e realizam passos livres de grande energia que lembram movimentos da capoeira e do frevo. Curiosamente, uma das principais características do Coco de Zambê é o fato de ser praticado apenas por homens. O grupo potiguar é composto por Didi (Djalma Cosme da Silva), Uzinho (Severino de Barros), Tonho (Antonio Cosme de Barros), Mestre Mião (Damião Cosme de Barros), Zé Cosme (José Cosme Neto), Kéké (Clebesson da Silva), Pepé (Ederlan da Silva) e Beto (José Humberto Filho de Oliveira).
O Coco de Zambê é uma expressão cultural que, segundo pesquisadores, chegou aos engenhos de cana-de-açúcar e colônias pesqueiras do Nordeste pelos africanos escravizados. As primeiras apresentações do grupo datam do início do século XX.
Sonora Brasil– é um projeto temático que tem como objetivo levar ao público expressões musicais pouco difundidas que integram o amplo cenário da cultura musical brasileira.Busca despertar um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão da música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a autenticidade sonora das obras e de seus intérpretes.
Esta é a 20ª edição do projeto que apresenta os temas “Na pisada dos cocos” e “Bandas musicais”. O primeiro tema está circulando pelos estados das regiões Norte e Nordeste; o segundo segue pelos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No próximo ano, haverá uma inversão para que os grupos concluam o circuito nacional.
Por causa da sua missão de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à construção de uma obra de fundamentação artística não comercial, o Sonora Brasil é considerado hoje o maior projeto de circulação musical do país. São realizados cerca de 450 concertos por ano, com apresentações em mais de 100 cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. A ação possibilita às populações o contato com a qualidade e a diversidade da música brasileira e contribui para o conjunto de ações desenvolvidas pelo Sesc, visando a formação de plateia. Para os músicos, propicia uma experiência ímpar, colocando-os em condição privilegiada para a difusão de seus trabalhos e, consequentemente, estimulando suas carreiras.