O setor de serviços, que responde pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 1,2% na passagem de setembro para outubro, mostrando que a economia continua enfraquecida. Foi a segunda taxa negativa consecutiva, acumulando retração de 1,9% no período. O setor ainda está 2,1% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro do ano passado, mas 9,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No início de novembro, o IBGE divulgou dados mostrando que o PIB caiu 0,1% no terceiro trimestre (de julho a setembro), após queda de 0,4% nos três meses anteriores. Com isso, o país entrou num cenário de recessão técnica — quando há dois trimestres consecutivos de PIB negativo. Os números de outubro têm indicado que o cenário continua ruim. Além do volume dos serviços, os dados oficiais já haviam apontado recuo na produção da indústria (-0,6%), pela quinta vez consecutiva, e nas vendas do varejo (-0,1%), terceira retração seguida.
De acordo com o IBGE, quatro das cinco atividades de serviços investigadas recuaram em outubro, com destaque para informação e comunicação (-1,6%), que apresentaram a segunda taxa negativa consecutiva, acumulando retração de 2,5%. “O segmento que mostrou o principal impacto negativo foi o de telecomunicações. Essa queda é explicada pelo reajuste nas tarifas de telefonia fixa, que avançaram 7,33% no mês. Essa pressão vinda dos preços acabou impactando o indicador de volume do subsetor”, explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O único segmento positivo foi o de serviços às famílias com crescimento de 2,7% em outubro. A alta pode ser explicada pelo avanço da vacinação e o consequente abrandamento das medidas restritivas adotadas para frear a pandemia da covid-19. Com isso, segmentos como salões de beleza, bares, restaurantes e hotéis voltaram a funcionar. O ramo de atividades turísticas, por exemplo, cresceu 1% frente a setembro, sexta taxa positiva consecutiva, período em que acumulou ganho de 51,2%.
Segundo o IBGE, seis dos 12 locais pesquisados acompanharam o movimento de expansão do turismo. A contribuição positiva mais relevante ficou com São Paulo (1,1%), seguido por Minas Gerais (1,8%). Em sentido oposto, Bahia (-7,2%) e Distrito Federal (-10,1%) tiveram os resultados negativos mais importantes do mês.
Os avanços observados nos serviços prestados às famílias, porém, não foram suficientes para alavancar o setor como um todo. Segundo o economista Hugo Passos, a preocupação trazida pela variante ômicron do novo coronavírus, a inflação elevada e a queda de renda da população podem provocar novos impactos negativos no setor. “É complicado dizer o que essa preocupação vai causar. Isso não depende do setor especificamente e sim da questão macroeconômica, como o controle da inflação, a geração de emprego e renda para as famílias, e o andamento das reformas”, disse.
Correio Braziliense